“Ethan Hayes”
Permaneço sentado no sofá da sala, encarando o teto. James praticamente correu para o banho assim que chegou, murmurando algo sobre precisar tirar o cheiro da delegacia de si.
Mas eu o conheço bem demais para não perceber que ele só precisava de um momento sozinho.
Fecho os olhos por um instante, deixando a exaustão do dia me atingir. A imagem de Mia tremendo em meus braços não sai da minha cabeça. Nem o modo como seus olhos ainda refletiam medo, mesmo depois de tudo ter acabado.
Alguns minutos depois, ouço seus passos no corredor. Ele deve ter ido ver Mia, como prometeu que faria.
Eu deveria ir embora. É o certo a fazer. Mia já está segura, James já está aqui… não há motivo para continuar aqui.
Mas, ainda assim, continuo sentado. Como se uma grande parte de mim precisasse se certificar de que ela está bem, que já está dormindo.
Os passos de James na escada me trazem de volta à realidade. Quando levanto o olhar, encontro meu melhor amigo parado no último degrau, parecendo anos mais velho do que realmente é.
— Ela dormiu — murmura, descendo o restante dos degraus. — Finalmente.
Assinto, ignorando a vontade absurda de subir e verificar por mim mesmo.
— Como você está? — pergunto quando ele se j**a no sofá ao meu lado. James solta uma risada sem humor.
— Como eu estou? — Passa a mão pelo rosto. — Minha filha passou semanas sendo torturada, quase morreu por causa daquele filho da puta. Não o quero preso, Ethan. O quero morto.
— E foder a sua vida e a dela no processo? — murmuro, realista. — Mia já tem problemas suficientes.
— Você tem razão — admite. — Mas cada vez que penso em tudo o que ela passou… Que tipo de monstro faz isso com alguém?
A mesma raiva que vejo em seus olhos, queima dentro de mim. Se pudesse, eu mesmo mataria aquele desgraçado com minhas próprias mãos.
Na verdade, esse pensamento não saiu da minha cabeça enquanto Mia estava naquele estacionamento sozinha, enfrentando seus próprios demônios enquanto eu só podia observar de longe.
Impotente.
Mas, por ela, tive que me esforçar para manter o controle todas as vezes que pensei em sair daquele carro e fazer uma besteira.
— O tipo que vai pagar pelo que fez — digo por fim. — Dentro da lei.
James assente, mas sei que isso não é o suficiente para ele. Não enquanto o ódio ainda ferver dentro dele.
Permanecemos em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos, digerindo as últimas horas.
— Conseguimos uma ordem de restrição provisória — ele diz, após alguns minutos. — E aquele idiota deu todos os motivos que precisávamos para um processo criminal pesado.
— Tentativa de homicídio?
— Entre outras coisas. — Seu maxilar se contrai visivelmente. — A chantagem, agressões… Vou me certificar pessoalmente de que ele nunca mais chegue perto da minha filha. E pode acreditar, vou usar cada centavo que tenho para garantir que ele apodreça na cadeia.
Há uma determinação em sua voz que nunca ouvi antes. O James que conheço sempre foi calmo, controlado. Esse à minha frente é diferente. É um pai disposto a qualquer coisa para proteger a filha.
— Na verdade, sim — minto. — Pensei em comprar como investimento.
É claro que não estava. Só sei da existência do apartamento porque a antiga moradora flagrou o marido transando com o motorista na cozinha e fez questão de gritar para todos os vizinhos às quatro da manhã. No dia seguinte, colocou o imóvel à venda. Mas James não precisa saber disso.
— Será que continua disponível? — ele pergunta, mais para si do que para mim.
— Posso verificar com o corretor — ofereço rápido demais. — Quer dizer, já que estava interessado mesmo…
— Seria perfeito — diz, parecendo mais animado do que há alguns minutos. — Perto do trabalho, segurança de primeira… Mas será que ela vai aceitar?
— Por que não aceitaria?
— Você conhece a Mia — resmunga. — Toda essa teimosia de ser independente…
“Conheço até bem demais,” penso.
— É só apresentar como uma decisão prática — sugiro. — O local é seguro, perto do trabalho…
— E com você como vizinho para ficar de olho nela — James completa, sorrindo.
Ignoro o modo como meu estômago se contorce com a ironia da situação.
Se ele soubesse que tipo de “olho” quero manter nela…

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