“Mia Bennett”
Acordo assustada, sentindo meu coração acelerado. Pisco algumas vezes, ainda perdida por mais um pesadelo. Então, reconheço o papel de parede claro, a escrivaninha organizada, a porta do closet entreaberta…
Meu quarto. Estou em casa.
As lembranças da noite anterior voltam rapidamente, me dando a certeza de que, dessa vez, não foi um pesadelo. David está preso.
Olho o relógio digital ao meu lado. 7:34. Atrasada novamente.
Mas antes que eu possa reclamar, uma batida suave na porta me faz sentar na cama.
— Pode entrar.
James abre a porta devagar, espiando primeiro antes de entrar. Ele já está vestido para o trabalho, mas as olheiras denunciam a noite mal dormida.
— Bom dia, filha — sorri, hesitante. — Como está se sentindo?
— Estou bem — minto, forçando um sorriso. — Só preciso me arrumar e...
— Nem pensar — ele me interrompe, aproximando-se. — Você vai ficar em casa hoje.
— Pai, não preciso de folga — insisto, tentando afastar as memórias. — Acho que seria melhor me manter ocupada do que ficar aqui sozinha, pensando no que aconteceu.
— Tudo bem! — exclama, contrariado. — Mas não precisa fazer nada às pressas. Tome seu banho, café da manhã, se arrume devagar… O Ethan vai entender.
— Ou ele me vai demitir — completo, sorrindo, e James solta uma risada.
— Vou descer e pedir para Carmen preparar algo especial para você. Ivan estará te esperando.
— Mas… e você? — pergunto, confusa. — Você sempre diz que não tem paciência para dirigir em Chicago.
— Há sempre uma exceção. Vou com outro carro e Ivan vai te esperar. Depois conversaremos sobre isso.
Há algo em seu tom que me faz franzir a testa, mas antes que eu possa questionar, ele se inclina, beijando o topo da minha cabeça antes de sair.
Demoro alguns minutos para criar coragem de levantar. Ao olhar para a penteadeira, o reflexo no espelho me faz fazer uma careta. Estou com uma cara péssima. Olheiras profundas, rosto inchado…
— Ótimo. Era só o que faltava — resmungo, bufando. — Chegar na empresa parecendo um urso panda.
Vou para o banheiro, decidida a tentar parecer pelo menos apresentável. Após um banho demorado e uma maquiagem caprichada para disfarçar as olheiras, me sinto um pouco mais humana.
Termino de me vestir, pego minhas coisas e finalmente desço para tomar café. Quando chego à cozinha, o cheiro de waffles faz meu estômago roncar.
— Bom dia, menina — Carmen me cumprimenta, sorridente como sempre. — O Sr. Bennett pediu para caprichar no seu café.
— Não precisava se incomodar, Carmen. Meu pai é meio exagerado — respondo, sem jeito, quando me sento.
— Não incomoda — ela resmunga enquanto coloca um prato com waffles e frutas na minha frente. — Já disse, você está muito magrinha.
Sorrio, grata pela normalidade da cena. Carmen reclamando do meu peso, o cheiro de café pela casa, o som dos funcionários começando suas tarefas do dia…
É quase possível fingir que ontem não aconteceu.
— Entre — ele diz, assim que bato à porta.
Quando abro a porta, nossos olhares se encontram rapidamente. Ethan está sentado em sua cadeira, parecendo ainda mais lindo que o normal em seu terno azul-marinho.
— Bom dia — murmuro, fechando a porta atrás de mim.
Ele se levanta e, em dois passos, está na minha frente.
— Bom dia — sussurra, segurando minha cintura.
Sorrio e ele aproxima sua boca da minha, me dando um beijo calmo, mas o suficiente para fazer meu coração acelerar.
— Como você está? — pergunta, acariciando meu rosto.
— Bem — minto, e ele levanta uma sobrancelha. — Ok, talvez não tão bem. Mas vai ficar tudo bem, certo?
— Certo — ele promete, me beijando mais uma vez. — Agora vá trabalhar antes que eu perca o controle e te impeça de sair daqui.
Reviro os olhos, mas não consigo evitar o sorriso enquanto saio da sala. Volto para a minha mesa e me esforço para me concentrar no que preciso fazer, tentando não pensar no que aconteceu há algumas horas.
Pouco depois, quando finalmente consigo ler o que está escrito na minha frente, o som do elevador me chama a atenção. As portas se abrem e Miranda sai de lá. Ótimo.
Enquanto caminha, seu olhar se fixa em mim e um sorriso surge em seus lábios. Pela primeira vez desde que a conheço, seu sorriso não parece apenas maldoso.
Parece perigoso.

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