O estalo do tapa ecoou na sala, seguido por um silêncio chocante. A bochecha de Clara ardia, uma dor aguda que se espalhava por todo o seu rosto. Mas a dor física não era nada comparada à ferida em sua alma.
Lágrimas brotaram em seus olhos, quentes e amargas.
—Como você pôde? — ela sussurrou, a mão no rosto.
—Eu te dou outro se você não tomar juízo! — gritou Geraldo. — Depois de tudo que fizemos por você!
—O que vocês fizeram por mim?! — Clara explodiu, a voz embargada pelo choro e pela raiva acumulada de uma vida inteira. — A vida inteira foi sobre o Thiago! As melhores roupas para o Thiago, a melhor comida para o Thiago, todo o dinheiro para o Thiago! E para mim? Para mim, a única coisa que vocês queriam era um casamento que trouxesse dinheiro para o Thiago!
—Você não entende! — sua mãe, Lúcia, interveio, os olhos também cheios de lágrimas. — Não seja injusta!
—Injusta? Vocês nunca me perguntaram se eu era feliz! Se meu marido me amava!
—Chega! — Lúcia soluçou, finalmente quebrando. — É pelo Thiago! Ele... ele foi detido, Clara! A polícia o pegou.
A revelação atingiu Clara como um soco no estômago. Todo o ar saiu de seus pulmões.
—O quê?
—Ele se meteu em uma briga feia. Estão falando em lesão corporal grave. Nós precisamos do Arthur. Precisamos dos advogados dele!
Então era isso. Não era sobre o aniversário do pai. Era, como sempre, sobre salvar Thiago.
Uma risada histérica, quase louca, escapou dos lábios de Clara.
—Vocês querem a ajuda do Arthur? Do meu marido maravilhoso?
Ela olhou para os rostos chocados de seus pais, o rosto vermelho e inchado de tanto chorar.
—O homem que me humilhou por seis anos? O homem que acabou de instalar a amante e o filho bastardo deles no nosso prédio?! É a ajuda desse homem que vocês querem?!


VERIFYCAPTCHA_LABEL
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Seis Anos em Vão