Rio de Janeiro, Brasil.
Agosto de 2015.
Da janela do apartamento, Nicole contemplava imensidão no azul do mar, o alvorecer iluminava as águas e as poucas pessoas que caminhavam e se exercitavam na areia da praia. Tomou um gole de suco de abacaxi com hortelã e respirou o ar puro.
Após explicar sobre algumas mudanças ao filho, no café da manhã, Nicole pegou um táxi e seguiu para São Conrado, assim que uma das empregadas avisou que Alexander não estava em casa.
Logo que chegou à mansão, ela cumprimentou Rosa e subiu as escadas. A governanta seguiu para a biblioteca com o celular na mão. Sem perder tempo, foi direto para o segundo andar e mandou o filho arrumar a mochila com os brinquedos e os livros que mais gostava.
Entrou no quarto e se deparou com alguns utensílios espalhados no chão e o espelho quebrado com um pouco de sangue, as peças de roupas molhadas de Alexander ainda estavam espalhadas pelo chão do banheiro.
Pegou as malas e retirou os documentos da gaveta da pequena escrivaninha e os organizou em um envelope. Levou quase duas horas para organizar todos os pertences.
― O que você faz aqui? ― Louise a surpreendeu após abrir a porta. ― Eu falei para você deixar o meu filho em paz!
― Eu vim pegar as minhas coisas! ― Tirou a outra mala do closet e pegou a bolsa. ― Meu advogado entrou em contato com Alexander para tratar tudo sobre o divórcio.
Alex entrou no quarto com as mochilas e se assustou com a forma brusca que Louise tratava Nicole, abraçou a barriga da mãe.
― O que esse menino leva nas mochilas?
― São apenas alguns brinquedos e livros. ― Nicole pegou na mão do filho. ― Nós já vamos!
― Espere!
Louise saiu do quarto e chamou uma das funcionárias.
― Verifique essas bagagens para ver se não estão levando algo de valor.
― Só estamos levando o que nos pertence!
A empregada abriu uma das malas, tirou todas as roupas e em seguida abriu a outra, mas não encontrou nenhum objeto que pertencesse à casa.
― Faça um favor à minha família, desapareça de nossas vidas! Olhe o estado deste quarto! ― Louise andou pelo cômodo e fez um gesto com a mão. ― Por causa de você, meu filho não quer saber do aniversário dele. Eu organizei um jantar e Alexander não vai participar.
Nicole abaixou os olhos e continuou a organizar a roupa na mala. A funcionária, que a auxiliava, deu um passo para trás assim que viu o olhar tétrico do homem parado à porta. Nicole levantou a mala e segurou a alça.
― Alexander, meu filho! ― Com a voz calma, Louise tentava disfarçar. ― Nicole só veio pegar os pertences dela.
― Sai do meu quarto! ― O olhar gélido se comprimiu. Ele caminhou até a porta do closet e ajeitou os óculos. ― Agora! ― O tom abrupto ordenou.
― Nós já vamos! ― Nicole pegou a alça de uma das malas e a empregada a ajudou com a outra bagagem.
― Vocês dois ficam! ― Segurou-a de leve pelo braço.
― Eu não estou entendendo! ― Louise interferiu. ― Ela sabe que você não precisa mais dela. Não é mesmo, Nicole?
― Sei! ― Evitou olhar para ele. ― Já estamos indo!
― Não, você fica! ― Parou na porta do quarto. ― Louise, sai do meu quarto! ― O tom frio insistiu.
Os dedos finos de Nicole moviam o pingente do relicário de um lado ao outro. Abraçou o filho e permaneceu em silêncio ao notar a estranha expressão que assombrava o rosto de Alexander.
― Que gritaria é essa? ― Ricardo entrou no quarto. ― Dá para ouvir dos corredores.
― O Alexander está me expulsando por causa dessa garota! ― Apontou para Nicole. ― Ela sempre arruma confusão.
― Louise, deixe-os em paz! ― Ricardo alterou a voz.
Alexander chegou mais perto e agachou na altura do filho, o coração da criança estava acelerado.
― Hey, está tudo bem! ― Alexander abraçou o menino.
― Feliz aniversário, pai! Eu coloquei o seu presente na cama da minha caverna. Minha mochila só tem brinquedo e livro. ― Abriu a mochila que estava na mão e mostrou ao pai. ― Olha!
― Eu sei! ― Segurou o filho no abraço.
Enojada com a cena, Louise dispensou a funcionária e saiu sem dizer uma palavra.
― Alex, vamos para o shopping. ― Ricardo tentou aliviar a tensão. ― Eu preciso que você me ajude a escolher um presente para o seu pai.
― Podemos ir naquela loja de quadrinhos, vovô?
― Claro! Depois tomamos um milk-shake de ovomaltine.
― Vai lá passear com seu avô, campeão! ― Alexander se antecipou antes que Nicole respondesse. ― Aproveite para comprar uma roupa bonita para comemorarmos o meu aniversário mais tarde.
Alexander retirou o cartão de crédito da carteira de couro preta e entregou na mão de Ricardo
― Alex, vamos colocar as coisas no seu quarto. ― Ricardo deu a mão ao neto, atravessaram a porta.
Nicole ficou em pé perto da mala, ver o quarto destruído colocou-a na defensiva, não sabia mais o que esperar daquela família.
― Onde você estava? ― Parou na frente dela logo depois que trancou a porta ― Te procurei no meu escritório e fui naquela casa onde você morava.
Tentou acariciar o rosto dela, mas Nicole desviou. O coração ainda estava ressentido com os acontecimentos do dia anterior. Ela ficou quieta e não deu nenhum detalhe sobre onde pernoitou.
― Nicky, lembra que eu te pedi para me esperar?
As mãos compridas de Alexander a puxaram pelo braço e conduziu com delicadeza até a cama.
― Eu ia conversar com você e te explicar tudo.
― Você mentiu, Alexander! ― A voz trêmula quebrou o silêncio. ― Você não falou nada sobre a sua filha e nunca comentou sobre o seu casamento na França.
Lágrimas fluíam pelos cantos dos olhos enquanto desabafava e se libertava de toda a dor.
― Eu não menti, eu omiti! E, além disso, eu nunca me casei com Josephiné.
― Sua mãe tem razão, nós não ficamos bem juntos.
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