O desejo egoísta e o sentimento de posse o impediam de aceitar a amizade de sua esposa com aquele homem. Ele chegou mais perto de Nicole e a virou. Os olhos ardiam como brasas.
― Elas nunca significaram nada pra mim.
Encostou o quadril estreito próximo ao dela e pressionou o corpo dela contra a mesa. Os ombros largos a pegaram com uma certa delicadeza e a sentou na escrivaninha próxima da janela. A palma da mão tocou o rosto macio de Nicole e a encostou contra a camisa de linho azul-escuro.
― Me perdoe! ― Respirou fundo ao envolvê-la nos braços. ― Ele tem que entender que você é minha!
A proximidade com Nicole era quase como uma terapia, gradualmente ele alcançava níveis altos de concentração mental. Os dedos se enrolaram por seus cabelos, puxou a cabeça para trás. A língua traçava a curva dos lábios.
― Eu quero você!
O corpo saboreava o calor da língua deslizando do pescoço até o colo. Os mamilos enrijeceram ao toque ardente dos lábios. A malícia nos olhos amendoados o atiçava, puxou o vestido até a barriga e inclinou-a para trás. Escorregou a mão para dentro da calcinha de renda preta, colocou a parte fina do tecido para o lado.
― Preciso de você! ― Arfou ao senti-la tão quente
A liberdade de manifestar a paixão, o consumia, revelou-lhe um desejo intenso ao abrir a calça. Curvou-a para trás e abriu-lhe as pernas.
― Você é minha? ― Arrancou-lhe gemidos ao roçar o corpo à entrada molhada. ― Responda!
― Sou!
O suor escorria pelo rosto másculo enquanto a preenchia com ardor. Os lábios carnudos a atiçaram com beijos ardentes. Ele a encarava com evidente desejo. Os lábios percorriam lentamente por seu pescoço até chegar aos seios. O coração batia loucamente e sua respiração alterou.
― Vem cá! ― Ele sentou na cadeira e encaixou no colo.
― Quer me fazer cavalgar garanhão? ― Subiu e desceu bem devagar. ― É assim? ― O salto fino do scarpin arrastava pelo piso de madeira.
― Por favor, não pare!
Os olhos contemplavam a expressão do prazer no calor do fogo lento que os apertava. Os movimentos dos corpos molhados incendiaram de prazer.
― Você pertence a mim!
A fisionomia se alterava à medida que o ritmo acelerava, um calor delicioso tomava conta de seus corpos a cada movimento. Estremecia em meio ao frenesim, jogou o corpo para trás enquanto regozijava em volta dele e arrancava-lhe uivos roucos da garganta.
― Eu amo você! ― Ele arquejou. ― Só você!
―Também amo você, garanhão!
Apoiou a cabeça sobre os ombros dele em meio ao gesto de carinho alternados por beijos. O tempo parecia ter parado enquanto eles se amavam.
― Alexander, você está aí? ― A voz anasalada de Isabella surgiu depois das batidas. ― Os convidados estão esperando.
― Essa mulher não desiste! ― Nicole sussurrou. ― Será que ela ouviu tudo?
― Dane-se! Você é mais importante! Os convidados que esperem.
A sala de jantar tinha uma composição equilibrada entre a qualidade dos materiais utilizados e o acabamento. Os talheres de prata brilhavam no ambiente iluminado pelo lustre de cristal.
Nicole se ajeitou depois que Alexander puxou a cadeira, ainda suspirava e esboçava um largo sorriso. Vez ou outra sentia o calor do beijo de Alexander aquecer o dorso da mão. Os olhos claros cintilavam, tinha orgulho de exibi-la aos convidados.
― Eu não posso comer essa sopa. ― Apontou para o prato com camarão, salmão e tamboril.
Os olhos de Alexander cruzaram com os de Louise que se ateve a uma conversa amigável com Heloísa. Ele arrumou a haste dos óculos sobre a narina dilatada.
― Não tem problema! ― Alisou a mão dele. ― Comi bastante crostinis e canapés, estou sem fome.
― Tem certeza? ― Lançou um olhar afetuoso. ― Eu posso pedir ao chef para preparar algo pra você.
― Tenho! ― Os olhos quase se fechavam em meio ao sorriso largo. ― Fica tranquilo! Estou guardando espaço para o prato principal e a sobremesa.
Durante o jantar, ele evitou qualquer contato visual com Josephiné e até mesmo com Isabella que estava de frente para eles. Não se deu conta de que a jovem francesa abusava da bebida. Ele se limitou a conversar com alguns dos convidados que estavam próximos e sempre acariciava a pele macia das mãos de Nicole embaixo da mesa.
Alexander pegou uma taça de chardonnay e ficou em pé ao lado da esposa. Pediu a atenção de todos em volta da mesa e aguardou até que o murmúrio cessasse.
― Quero agradecer a presença de todos nesta maravilhosa data. ― Aumentou o sorriso. ― Obrigado por tirarem algumas horas da sua noite para estarem conosco.
A doçura nos olhos amendoados de Nicole o inspirava, não continha o entusiasmo, queria compartilhar sua alegria com todos à volta.
― Há alguns anos eu não sabia quão abençoado eu era por ter pessoas tão especiais esperando por mim.
Louise se endireitou na cadeira enquanto o discurso de agradecimento se estendia. Ela olhou para Ricardo e tomou um gole do prosecco. No entanto, o sorriso desapareceu assim que Alexander pegou a mão de Nicole e a ajudou a se levantar.
― Só tenho a agradecer pela mulher mais linda e sábia, que tem dentro de si uma magia... ― Algumas rugas apareciam nos olhos de Alexander quando sorriu ―, uma doce e intensa magia que me levanta, me traz paz e tranquilidade, preciso admitir que, nela, eu encontrei o meu porto seguro.
O rosto de Nicole estava avermelhado com a homenagem, era a primeira vez que ouvia aquela voz cálida declarar o amor que sentia por ela em público. Sentia como se pisasse por entre as nuvens.
― Não dá pra conter a alegria de saber que serei pai mais uma vez. ― Se voltou para os convidados. ― Quero fazer um brinde ao melhor presente que recebi hoje! ― Ergueu a taça.
― Eu também quero fazer um brinde, chéri!
O sotaque na voz arrastada pelo vinho interveio. Josephiné ficou em pé com certa dificuldade.
― Quero brindar a esse homem especial que completa mais um ano de vida. O carismático Dr. Bittencourt foi um maravilhoso companheiro e um ótimo pai para minha filha. ― Soluçou.
Aos poucos o brilho no rosto de Nicole apagava, se pudesse sair correndo e esconder a cabeça embaixo da terra como avestruz, ela faria. Os olhos amendoados tentavam encontrar uma fuga. Estava pronta para se mover, mas a mão de Alexander a enlaçou pela cintura.
― Sente-se, Josephiné! ― Alexander alterou a voz. ― Você já bebeu demais!
― Ainda não terminei, chéri! Eu também quero parabenizar a essa mulher. ― O olhar azul-cobalto mirou Nicole. ― Por mais uma vez ter tirado algo tão precioso de mim. ― Resmungou o sotaque na voz sem fluidez. ― Como se não bastasse ter roubado o amor do meu saudoso noivo Marcello Bordeaux Albuquerque. Ela fez questão de seduzir o Alexander e destruir a nossa família.
― Já chega! Retire-se, você não é mais bem-vinda nesta casa! ― confessou a voz barítona. Com uma feição sombria, Alexander encarou Josephiné. ― Por três anos você fez da minha vida um inferno. Não era amor que me mantinha preso a você, nunca foi, era a Marcelly.
Havia um certo alvoroço em volta da enorme mesa com toalha de linho branca. Os murmúrios e olhares condenatórios visavam Nicole e Alexander.
O jantar comemorativo, agora era um tribunal. Louise continha o riso e piscou para Isabella.
― Conte à sua preciosa esposa o que fizemos ainda pouco no escritório, mon coeur! ― Mordeu os lábios vermelhos ao sorrir.
― Você é louca! Casse-toi! ― Apontou em direção a saída.
Nicole puxou o braço, mas ele a manteve presa ao seu lado. As mãos estavam úmidas quando Alexander apertou-lhe a palma.
― Rosa, chame o segurança! ― A voz grossa de Alexander solicitou a governanta.
― Sim, doutor! ― Rosa correu.
As discussões entre Josephiné e Alexander sempre foram difíceis e acaloradas, há mais de dois anos que as duas partes já não se tratavam com respeito mútuo.
― Lembra quando você ia para França com sua amiga chinesa, Nicole? ― Josephiné inclinou a cabeça para o lado.
― Eu sou coreana! ― Jenny retificou. ― Sua bêbada!
― Désolé! Não quis ser desagradável. ― Soluçou e riu.
Uma sombra de medo atravessou o rosto de Nicole, ela não compreendia como Josephiné sabia de tudo aquilo.
― Eu contei tudo à matriarca desta digníssima família. Eu sabia de tudo. ― Afrontou Alexander. ― A Isabella também fazia parte desse joguinho. Sua avó a mandou pra distrair você.
― Não me meta nisso, Josephiné! ― O rosto com algumas sardas franziu. Isabella se remexeu na cadeira. ― Não tenho nada com isso.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Só Minha! Volume 1 da Trilogia Doce Desejo