As cores delicadas nos tons de verdes traziam uma sensação de tranquilidade e aconchego no ambiente com móveis de madeira no consultório de ginecologia e obstetrícia. Jenny olhou para uma das paredes no canto onde a luz ampliava a sensação de segurança e valorizava a decoração.
Ela ajeitou um dos quadros com aquarela em cores quentes de algumas borboletas que voavam em volta de uma gestante e se afastou para avaliar. As batidas na porta tiraram sua concentração.
― Entre! ― Ajeitou o jaleco branco.
― Com licença! ― Franziu o cenho ao mirar os olhos de Jenny. ― Precisamos conversar.
O homem com a postura intimidadora se empertigou ao atravessar a porta.
― Tenho alguns minutos antes da Nicky chegar para consulta.
A obstetra seguiu até o outro lado e acomodou-se em uma cadeira confortável de madeira com couro sintético bege.
― Sente-se! ― Jenny indicou a cadeira com a mão direita.
Alexander tirou o bilhete do bolso, abriu os dois botões do blazer azul-escuro e sentou-se. A feição se manteve sisuda enquanto refletia sobre como confrontaria a amiga.
― Se você veio perguntar alguma coisa sobre a Nicky, não vou me envolver nisso. Da última vez que eu te ajudei, a Lana me expulsou do quarto e eu dormi no sofá por uma semana. ― Jenny olhou para a tela plana do notebook e em seguida, o encarou. ― Espero que você me entenda.
Os dedos de Alexander tamborilavam sobre a mesa quadrada de madeira. Uma miríade de emoções furtou-lhe a clareza dos pensamentos. Sem dizer nada, ele esticou o braço e entregou o papel dobrado em duas partes para Jenny.
Enquanto perscrutava o rosto da médica, ele permaneceu quieto. Encostou o cotovelo no braço da cadeira e pousou o queixo ao dorso da mão direita. Alexander limitou-se a observar Jenny até que ela terminasse de ler o bilhete.
― Você sabe alguma coisa sobre isso? ― indagou quando Jenny levantou o rosto esmaecido. ― Recebi um envelope com esse bilhete há poucos minutos.
― Não, Claro que não! ― Olhou nos olhos dele. ― Estou tão surpresa quanto você.
― Quem é esse tal de Doutor Garcia?
― Ele chefiava a ala pediátrica aqui do hospital pouco antes do meu primo chegar.
― E o que ele tem a ver com os meus filhos?
― Não sei, Alexander! ― bufou. ― Eu sei que ele pediu demissão alguns dias depois que o Rodolpho... ― silenciou ao vislumbrar o olhar contrito de Alexander.
À medida que Jenny falava, Alexander tentava se livrar dos pensamentos de que o filho estaria vivo em algum lugar; entretanto, precisava descartar todas as possibilidades antes de aceitar tal ideia.
― Vou encontrar o doutor Garcia e pedi a exumação. ― respirou fundo. ― Por favor, não conte nada sobre isso a Nicole.
― Você sabe, melhor que ninguém, o que acontece quando omiti algo tão importante.
Alexander se remexeu na cadeira, ele ainda sofria as consequências avassaladoras por não ter mencionado coisas tão importantes para a esposa.
― Preciso ter certeza antes de falar com a Nicky sobre isso.
O toque fraco de algumas batidas se repetiram por três vezes seguidas, Jenny conhecia bem aquele som.
― A Nicole chegou, preciso atendê-la. ― Ficou em pé e esticou a mão para se despedir de Alexander. ― Até breve, Alexander!
Ele permaneceu sentado enquanto olhos claros estavam fitos em Jenny. As batidas se repetiram.
― Vou acompanhar a consulta, quero saber como está o bebê e ver meu filho.
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