Apesar de manter uma decoração retrô mais parecida com a dos quadrinhos, antes que o filho chegasse, Alexander providenciou algumas alterações e pediu ao decorador que deixasse o quarto com um ar mais infantil.
Alex arregalou os olhos assim que viu o papel de parede. Tinha alguns prédios que remetiam à cidade de Gotham City e formavam uma paisagem.
— Olha, tia Rosa, essa é minha caverna. — Apontou para o letreiro com os dizeres Alex's cave.
Os toques lúdicos na decoração traziam as cores principais do personagem no papel de parede.
— Isso é fantástico! — Ela piscou enquanto abria as cortinas da porta de correr que dava para varanda. — Seu pai sempre gostou do Batman.
Alexander encostou-se no vão da porta aberta, o sorriso elegante aumentava ao ver a animação da criança. A vontade de oferecer conforto ao filho e proporcionar o bem-estar da criança era uma forma de compensar sua ausência nos últimos anos. Alex revirava alguns livros e revistas no nicho em forma de morcego, quando notou a presença do pai e correu para abraçá-lo.
— Isso tudo aqui é meu? — Pulou no colo de Alexander.
— Claro! Este quarto é todo seu.
— Obrigado! — Alex ajeitou a haste dos óculos assim como o pai. — E o Xbox One?
— Também é seu! — Ele colocou a criança no chão. — Eu comprei pra você!
— Obrigado! — O menino voltou a atenção para o videogame. Selecionou o jogo do Batman Arkham City. — Você quer jogar?
— Daqui a pouco, primeiro eu vou resolver algumas coisas e aproveitar para pedir uma pizza. — Ele passou a mão nos cabelos do filho.
— Como assim, pizza? — Nicole entrou no quarto com certa aflição no olhar. Observava a decoração.
Alexander notou a expressão fria nos olhos amendoados de Nicole.
— Desligue esse videogame e vá ajudar a Rosa a arrumar as suas coisas no seu armário porque eu preciso conversar com seu pai — ordenou de mansinho.
— O.k.!
A criança tirou o tênis, apertou o botão do pause no controle do Xbox e obedeceu a mãe.
Nicole encaminhou-se até a enorme porta dupla, abriu e atravessou. Na varanda do quarto, apreciava a maresia e a imensidão do mar. O vento jogava os fios dos cabelos ondulados para trás
— Você está bem? ― Aproximou-se e passou o dedo indicador nos lábios dela.
— Estou ― respondeu, evitou olhar para ele. ― Eu só não quero que você mime o Alex com coisas materiais.
— Eu quero dar o melhor para o nosso filho. Aquele quarto da sua casa era pequeno e não tinha nada além de uma cama e um gaveteiro velho.
Nicole olhou para os dedos das mãos, por mais que a casa fosse humilde e o quarto pequeno, ela nunca deixou de providenciar o sustento do filho. Chegou mais perto da sacada e vislumbrou a luz do sol que mergulhava no Oeste.
— Nicky, me perdoe! — Alexander respirou fundo. — Não vamos brigar por causa disso. — Examinou o olhar perdido dela e a beijou na testa. — Eu queria ser um telepata só para saber o que se passa nessa cabecinha.
— Tipo um mutante? — Havia um vestígio de sorriso no rosto de Nicole. — Seria como o professor Xavier.
— Hey, eu ainda tenho cabelos! — Os dedos longos de Alexander passaram pelos fios dos cabelos curtos jogados para trás.
Sentiu-se grata por conseguir desviar a tensão por alguns segundos. Encostou o corpo na sacada de madeira. O vento morno soprava os cabelos ondulados. Ele afastou algumas mechas que caiam pelo rosto. Posicionou os lábios próximo ao lóbulo da orelha e mordiscou.
— Nicky, eu quero você! — Havia certa malícia na voz cálida e provocativa. — Hoje à noite você será minha!
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