Como o trânsito estava tranquilo, não demorou muito para que o automóvel chegasse em casa. Fez uma curva e atravessou o portão automático branco logo que abriu. Virou a chave e o motor parou assim que estacionou o carro.
Nicole ficou quieta durante toda a viagem, aquele silêncio causava certa angústia em Alexander. Odiava quando ela não o respondia ou não reclamava de alguma coisa, tinha consciência que, quando uma mulher deixava de se importar, poderia ser o fim.
Ele seguiu para o outro lado, abriu a porta e tirou o cinto de segurança que prendia Nicole. O coração se compadecia ao vê-la daquela forma. Ajudou-a a descer do carro e juntos seguiram as escadas e foram direto para o quarto.
Após o banho, ele escolheu uma das blusas largas nas gavetas do guarda-roupa e vestiu-a com cuidado. Puxou a colcha da cama e deixou que Nicole afundasse no travesseiro.
― Quer ficar sozinha?
Esperou quase trinta segundos, mas não houve resposta. Ambos pareciam que pensavam sobre o mesmo assunto, não conseguiam tirar os últimos minutos da cabeça. Ele cobriu-a com um edredom bege, beijou-lhe a testa e levantou da cama.
― Fica! ― Pousou a mão ao braço dele. ― A culpa é minha!
― Não! Nada disso é culpa sua!
Se aconchegou ao lado dela. Ergueu o queixo e contemplou o olhar caído.
― Se eu não tivesse puxado o cabelo dela e dito aquelas coisas. ― Engoliu em seco. ― A Isabella não destruiria o evento.
― Claro que não, meu anjo ― respondeu com um meneio de cabeça. ― Está tudo bem!
Nicole sentou-se na cama e encarou as mãos sobre o edredom, tocou a aliança com um diamante na ponta.
― Eu não sou inocente, Alexander! ― retrucou o tom amargo. ― Logo tudo isso vai estar nas manchetes e a maioria das empresas que apoiava o projeto vai se afastar. Ninguém quer associar a marca a uma fundação envolvida em escândalos.
― Não diga besteira, Nicky! ― Ele a puxou e a aconchegou contra o peito nu, beijou-lhe os cabelos. ― Isso é um problema familiar e não afetará a fundação e nem o projeto social. Arrecadamos recursos acima do esperado com os leilões das peças e com a venda dos ingressos.
Os dedos brincavam por entre os pelos do peitoral estufado. Absorta em seus pensamentos, ela refletia sobre o que Lana disse sobre Heloísa. Um desejo brotou em seu coração, embora Nicole julgasse errado, ela almejou que Heloísa esquecesse dos momentos finais do evento.
Alexander esticou o braço até a mesinha de cabeceira, pegou o telefone e tocou na tela.
― Oi, Henry! ― Atendeu a voz grave. ― A Nicole está bem! Está descansando.
Nicole levantou a cabeça e acariciou-lhe o rosto.
― Pergunte como está a Heloísa ― sugeriu a voz mirrada.
Alexander concordou com a cabeça e esperou alguns segundos até que o homem do outro lado da linha acabasse de falar sobre a demissão de Isabella.
― Compreendo! Eu enviarei um e-mail ao gerente do RH.
Alexander se mexeu quando os dedos de Nicole puxaram um dos pelos de seu peitoral.
― Pergunta! ― cochichou entre dentes.
― A propósito, como está a tia Heloísa? ― Piscou enquanto o sogro acabava de falar. ― Fale que a Nicky mandou um abraço.
Segurou a mão dela quando tentou beliscar-lhe a pele do braço.
― Claro que pode trazê-la! Em breve marcamos um almoço.
Encostou os lábios contra as costas das mãos de Nicole conforme se despedia.
― Tenha uma boa-noite! ― Encerrou a ligação e jogou o iPhone na cômoda.
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