Um bebê para o CEO italiano romance Capítulo 33

— Você está tão leve, brilhando. Se faltasse luz no escritório, acho que você poderia dar conta de tudo. — Olhei para Lorena sentada à minha frente. Eu até tentei segurar o riso, mas, diante daquelas palavras, eu não consegui. Foi espontâneo e genuíno. Era exatamente como eu estava me sentindo e ela me descreveu. Essa aproximação de Lorenzo. Dormir com ele, daquela vez mais consciente. Não que eu não estivesse antes, mas digamos que a bebida teve uma certa influência. Mínima, mas teve. — O que aconteceu? Aliás, nem precisa perguntar. Isso tem cara de amor. — Falou quase como um suspiro.

— Digamos que você tem razão. — Eu confirmei, e quase que pude ouvi-la soltar um “Ah-há!”— Eu estou apaixonada pela vida. — Julia franziu o cenho. Ela sabia que não era nada daquilo, mas não iria lhe contar a minha vida pessoal. Inclusive porque ela envolvia o nosso chefe, o meu filho e uma história antiga que eu já estava remexendo demais. Lorena era uma boa pessoa, e eu não tinha nenhum problema com ela, mas aquilo era uma história que eu não queria tratar em aberto porque, quando o fizesse, não sobraria pedra sobre pedra.

— Eu fiquei sabendo que você dispensou o Quim. — Ela falou e mordeu o lábio. Aquilo era um claro sinal de nervosismo. Eu tinha certeza que não era por minha causa que ela estava daquele jeito, mas, se não era por mim, aquilo só poderia ser por ter tocado no nome do Quim. Não seria a primeira vez que aquilo estava acontecendo, eu já tinha percebido ela assim em várias outras ocasiões. Quer dizer, não só nervosa, mas melancólica e parecendo um pouco triste — até enciumada. Quase que eu engasguei ao me dar conta daquilo. Ela gostava de Quim, nem sei como conseguia disfarçar aquilo.

— Não foi bem assim. — Falei, e ela me olhou com curiosidade. Quase pude vê-la engolindo a seco. — A verdade é que… olha, na verdade foi isso sim. Eu não poderia sair com Quim ainda gostando do pai do meu filho. — Julia abriu a boca, e eu também estava daquele jeito. Só que, por dentro, não pensei em falar aquilo de início, só que a expressão dela me pedia. Implorava na verdade, por algum tipo de segurança, e achei que aquilo seria o suficiente. Também não iria trazer à tona o fato de ela gostar dele. Assim como eu tinha os meus motivos, sabia que ela deveria ter os dela para não falar nada — inclusive para o próprio. Quim não parecia, mas era um idiota por não perceber a garota incrível que ela é!

— Você… Uau! Como nas histórias que eu leio. — Exclamou, com os olhinhos castanhos brilhando, e eu quase revirei os olhos com aquilo. Agora eu sabia o motivo dela não falar com Quim: Preferia viver no mundo de fantasia. Não que tivesse algo errado com a fantasia, mas é que acabava acometendo tudo à sua volta, e quando você fosse perceber, havia perdido todas as oportunidades. — Vocês dois tem uma história de amor interrompida, mas tem um filho, que garante a ligação eterna. — Levantei a minha sobrancelha em sua direção.

— Tudo bem. Acho melhor você parar de viver com essas suas fantasias ficcionais. — Encerrei, e foi a vez dela revirar os olhos. Eu conhecia alguém que faria Lorena cair no mundo real em dois minutos, e aquele alguém era Julia. Ela estava na fase pé no chão total e achava que todo mundo à sua volta deveria ser assim também. Na verdade ela estava certa. Por aquele motivo eu achava que ela e Lorena iriam se dar muito bem. Antes que eu pudesse abrir a minha boca para falar aquilo para Lorena, a entrada de Quim nos chamou atenção.

Ele parou ao ver que tinha a nossa atenção e, logo depois, voltou a caminhar até parar na nossa frente. Não pude impedir que o meu olhar corresse até Lorena e, como ela ficou totalmente sem jeito ao percebê-lo, se abrisse um buraco naquele momento, bem no lugar onde ela estava, acho que ela agradeceria aos céus. Vi Quim olhá-la normalmente, como olhava para todos, e aquilo me angustiou.

— Como vão? Gabriela, Lorena? — Perguntou cordialmente a nós duas, e respondemos um “Muito bem”, quase ao mesmo tempo. — Será que podemos falar por um momento, Gabriela? — Perguntou, e eu não vi problema.

— É… Depois nós terminamos aqui, Gabi. — Lorena falou e saiu como se o lugar estivesse pegando fogo. Ela nem sequer me deu tempo de responder alguma coisa. Deixou o rastro do seu perfume floral no ar e se foi. Eu pude perceber que Quim inalou o perfume deixado por ela. Naquele momento eu desejei que ela me contasse a verdade, para que eu pudesse dividir aquilo com ela. No mais, seria estranho e constrangedor falar algo para ela de qualquer jeito.

— O que deu nela? — Perguntou, e eu dei de ombros depois de olhar bem para ele. Mas eu me esquecia de que certos homens eram lerdos em demasiado, e Quim não era uma exceção à regra. Infelizmente, para o total trabalho duro de Lorena e, talvez, uma ajudinha de minha parte. No momento em que ele se aproximou da cadeira em que Lorena estava, vi seus olhos se apertarem ao se deparararem com algo. — Isso lhe pertence? — Questionou, pra desencargo de consciência, levantando um pequeno caderno. Ou um diário.

— Não. Provavelmente é de Lorena! — Eu afirmei, e ele balançou a cabeça em concordância, enquanto estudava a peça em suas mãos. Eu ri por dentro. Aquilo era um clássico dos livros sendo reinventado com uma roupagem mais adulta. Sim, uma versão adulta da Cinderela. Eu riria se ele fosse entender aquilo, por aquele motivo eu não o fiz. — Você pode entregar a ela. — Aquilo não era uma pergunta, mesmo assim ele balançou a cabeça.

— Claro. Eu farei isso. — Falou, com uma expressão um pouco sisuda, e eu balancei a cabeça. Quim deveria estar se perguntando o que uma mulher adulta fazia com um diário. Bem, se ele não estava se fazendo aquela pergunta era uma questão dele. Pois eu estava me fazendo.

— Então. O que você está querendo falar comigo? — Questionei, trazendo ele de volta ao modo profissional. Vi-o se ajeitar e guardar o pequeno caderno.

— Bom, eu quero tirar algumas dúvidas que estavam me deixando de cabelo em pé lá na Passione. — Falou, e eu fiz um gesto para que ele fosse em frente, e assim Quim o fez. — Eu trouxe o projeto de fluxo de caixa. — Continuou a falar, e eu fiquei bem aliviada por ele estar ali por motivos profissionais somente. Com poucos minutos eu havia tirado as suas dúvidas e lhe explicado como passar aquilo aos funcionários da Passione. Aproveitei para pedir alguns relatórios de entrada e saída para colocar nos arquivos, e ele ficou de prepará-los o mais breve possível, para a minha total felicidade.

— Quim, eu quero agradecer mais uma vez por você ter entendido a minha posição. — Segurei sua mão por cima da mesa. Ele riu ao retribuir o aperto carinhoso que eu havia lhe dado. Logo eu retirei a minha mão, para evitar qualquer mal entendido também.

— Você não precisa me agradecer por nada. — Falou e começou a se levantar, checando para ver se o caderninho ainda estava com ele. Eu pude notar aquilo. — Eu entendi você e não poderia esperar nada mais do que a sua sinceridade, coisa que você o fez — Engoli a seco. Na verdade, meias verdades foram tudo o que ofereci a ele. Só que era bem melhor do que continuar lhe dando esperanças, ou mentir, o que seria bem ruim para todos. Se fosse para machucar a eles e a mim, eu preferia manter distância de ambos. Mas não precisei tomar esse tipo de atitude.

— Obrigada. Realmente. Abra o seu coração para o clichê! — Quim franziu o cenho em minha direção, quase ganhando uma gargalhada da minha parte, pois a sua cara ficou realmente engraçada. Ele nem sabia do que eu estava falando, mas eu esperava que ele ouvisse o meu conselho — do fundo do meu coração.

— E você, tome cuidado com o deputado Rodolfo Prates. Ouvi dizer que ele andou procurando saber de você. — Ele parou na porta e se virou pra mim, falando aquilo. Confesso que o meu queixo quase foi ao chão com as suas palavras. Sem esperar uma resposta, ele saiu e me deixou ali, com aquela fala rodeando a minha cabeça, e um grande questionamento. Eu só havia visto aquele homem uma única vez. O que diabos que ele poderia estar querendo comigo?

Senti a minha pele inteira se arrepiar, não de um jeito bom. Iria perguntar a Lorenzo se ele tinha algum tipo de ligação com Rodolfo Prates. Conhecimento eu pude notar que Quim tinha, pois me mandou tomar cuidado. Certamente conhecia bem a boa bisca que era, e eu me lembro bem de ver Serena o tratando muito bem lá no Veneza. De Serena eu esperava qualquer coisa; aquela mulher não me descia, nem com o vinho mais caro que havia no Veneza ou em toda a rede. Para mim, os dois eram da mesma laia.

Quando o dia terminou, a minha cabeça estava explodindo. E bem mais depois que Quim saiu da minha sala falando aquilo. Eu vi Lorenzo durante o dia, só não tive tempo de questionar a ele sobre o ilustríssimo deputado, mas o faria em breve. Por hora eu só queria a minha casa e meu filho.  

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