Um chefe irritante e irresistível romance Capítulo 192

Victor volta a entrar no quarto, com a expressão ainda mais séria do que antes. Seus passos são firmes, mas silenciosos, enquanto seus olhos recaem novamente sobre Andressa. Por mais que soubesse do histórico dela e de suas escolhas erradas, ele não consegue evitar uma pontada de pesar ao vê-la naquele estado tão decadente.

O rosto de Andressa, inchado e marcado, é apenas uma sombra do que ele conhecia. Sua aparência agora é assustadora, uma representação vívida do que Xavier era capaz de fazer quando sua fúria tomava conta. Victor continua com o seu olhar frio, enquanto analisa a situação.

Para ele, era claro que, com os exames de corpo e delito e o depoimento de Andressa, as acusações contra seu pai seriam irrefutáveis. Xavier sempre teve um talento para manipular situações e escapar das consequências de seus atos, mas desta vez, Victor sabia que ele não sairia ileso.

Além disso, Victor tinha certeza de que Xavier não havia ido muito longe. Ele sabia que o pai era astuto, mas também sabia que desta vez estava um passo à frente. Seu próprio plano de vingança contra Xavier já estava em andamento, cuidadosamente traçado para não deixar brechas. O “jeitinho” que Victor havia dado anteriormente foi pensado exatamente para encurralá-lo, restringindo suas opções e garantindo que não pudesse escapar tão facilmente.

Victor entendia como Xavier funcionava — a necessidade de controle, o orgulho ferido, e, acima de tudo, a obsessão por manter sua reputação intacta. Ele sabia que, ao ser pressionado, o pai não fugiria para muito longe; ele ficaria próximo, tentando resolver as coisas à sua maneira. Isso era exatamente o que Victor havia previsto, e o que lhe dava confiança de que o cerco estava se fechando.

“Agora é uma questão de tempo”, pensa, enquanto se aproxima da cama de Andressa.

— A polícia irá chegar a qualquer momento e é melhor você dizer toda a verdade — ele diz, com a voz fria, demonstrando que não era tão complacente quanto Marina.

Andressa ergue o olhar para ele, seus olhos refletem o medo e a incerteza de estar diante de Victor Ferraz.

— Estou com medo — ela confessa.

— Devia ter pensado nisso antes de tramar contra a loirinha — ele diz. — Achou mesmo que deixaríamos vocês dois impunes, enquanto tentavam ferrar com o que estávamos vivendo? — indaga.

— Victor, eu… — começa ela, mas Victor ergue uma mão, interrompendo-a.

— Não adianta tentar me convencer do contrário, Andressa. O que meu pai fez com você é injustificável. Mas devo admitir que você deveria ter previsto que isso não terminaria nada bem — diz ele, num tom cheio de sarcasmo e uma inteligência afiada que fazia questão de demonstrar.

Ele se inclina lentamente, aproximando-se da cama, até que sua boca esteja próxima ao ouvido de Andressa.

— Achou mesmo que eu acreditaria que a loirinha era capaz de fazer uma barbaridade como a que vocês armaram? — sussurra, com um tom que gela Andressa. — Bem que você tentou, não foi? Mas cometeu um erro fatal: esqueceu de verificar que, além de ter boa índole, a loirinha era virgem.

Victor se afasta, observando o choque absoluto nos olhos de Andressa. Ele mantém um sorriso frio no rosto, satisfeito com o impacto de suas palavras.

Antes que Andressa consiga responder, a porta do quarto se abre e Leonel entra. Ao perceber que o médico que cuidava de Andressa era o mesmo homem com quem ela estava envolvida, não perde a oportunidade de continuar seu jogo.

— Que bom que o senhor chegou, doutor — diz ele, virando-se para Leonel com um tom falso de cordialidade. — Precisamos de uma cópia do laudo detalhado sobre como esta paciente deu entrada aqui.

Leonel, visivelmente desconfiado, mas profissional, assente.