Percebendo que já havia dito tudo o que queria, Victor decide encerrar sua participação ali. Com passos firmes, ele se dirige à porta, mas antes de sair, vira-se para Marina, com um sorriso discreto, quase imperceptível.
— Vou te esperar lá fora, loirinha, mas não demore muito — diz ele, em um tom mais leve, embora ainda esteja com um misto de ironia.
Marina observa enquanto ele sai, fechando a porta atrás de si.
Agora, no quarto, restam apenas Leonel, Andressa e Marina. O silêncio que se instala é pesado, cada um, lida com a situação de forma diferente.
Claramente abalado pelas revelações de Victor, Leonel se aproxima um pouco mais de Andressa, seus olhos demonstram uma mistura de decepção e questionamento.
— Então… tudo isso é verdade? — ele pergunta, com a voz baixa, enquanto a encara diretamente.
— Leonel, eu vou te falar toda a verdade, mas me deixa conversar com a Marina, por um momento?
Ele fica em silêncio, mas decide fazer o que ela pede. Quando ele sai, Marina encara Andressa e a questiona:
— Me diz, Andressa, por que me chamou aqui?
— Mari, eu estava sendo sincera quando disse que me arrependo do que fiz. Tudo o que eu queria era o seu perdão — lamenta, com a voz sufocada de emoção. — Então você chegou com o Victor, e ele expôs tudo aquilo na frente do Leonel… E agora, ainda tem a polícia que vai aparecer a qualquer momento… — completa, o desespero é evidente em cada palavra. — Eu só queria mudar as coisas.
— Se quer mesmo mudar as coisas, comece dizendo a verdade a esse homem, depois à polícia, e assim por diante.
— Sim, eu farei — sua voz falha. — Mas agora, o que farei, se o Leonel me rejeitar?
— Seguirá em frente — responde rapidamente. — Apenas faça isso.
Andressa tenta abrir mais os olhos, para encarar Marina por completo.
— Mas… e você, Mari? Quero muito me redimir com você, me arrependo tanto em perder a sua amizade.
— Se você realmente quer se redimir, diga toda a verdade quando a polícia chegar — declara, firme. — Quanto a mim, o que eu mais desejo é libertar meu coração de mágoas e ressentimentos. Mas saiba de uma coisa: farei questão de esquecer que um dia você fez parte da minha vida.
Marina dá um passo à frente, fixando os olhos em Andressa, que a observa com um misto de culpa e desespero.
— Você está certa ao dizer que perdeu a minha amizade — continua, agora com um tom mais intenso. — Porque, diferente de você, eu fui uma amiga de verdade. Confiei em você, e você destruiu isso.
Andressa abaixa a cabeça, incapaz de sustentar o peso das palavras de Marina, enquanto o silêncio no quarto se torna quase insuportável.
— Agora vou para casa, essa noite já foi agitada o suficiente para mim. Passar bem, Andressa! — diz, se afastando e caminhando até a porta do quarto.
Assim que sai do quarto, Leonel entra para conversar com Andressa. Pela expressão em seu rosto, pode se perceber o quanto ele está tenso com toda aquela situação.
Quando Andressa o vê, ela tenta se endireitar na cama, embora esteja sem forças para isso, consegue erguer mais a sua cabeça.
— Leonel, eu sinto muito por isso — começa, sabendo que não tinha muito tempo para conversar, até que a polícia chegasse.
— Sim, mantenha-me informado. Obrigado. — Ele desliga o telefone, guarda-o no bolso do paletó e ergue o olhar para Marina.
— E aí, como foi lá? — pergunta Victor, com o tom direto e atento.
— Fiz o que precisava fazer — responde Marina, com um suspiro cansado evidente em sua voz. — E você?
— Pedi que um advogado do escritório assumisse esse caso. Não quero me envolver pessoalmente nessa sujeira toda — diz, cruzando os braços e apoiando-se no encosto da poltrona.
Marina o observa por um momento, tentando captar o que ele sente realmente por trás daquela postura prática e decidida.
— Você já contou ao Rodrigo? — pergunta, curiosa.
Victor balança a cabeça lentamente.
— Vou deixar para amanhã. Hoje já foi cheio demais… A única coisa que quero fazer agora é descansar um pouco. — Ele solta um suspiro, como se o peso do dia finalmente o alcançasse. — Vamos para casa comigo?
— Eu não posso — ela responde, quase em um sussurro. — Disse aos meus pais que voltaria para casa.
— Manda uma mensagem e explica que mudou de ideia — ele pede, quase num apelo. — Não é justo que, depois de uma noite como essa, eu não possa dormir ao seu lado.
Marina sente o peso das palavras dele e o carinho implícito em sua voz. Seus olhos se encontram e ela percebe o quanto aquela conexão significava para ele. Como poderia dizer não para ele, se ela queria o mesmo?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira)
Muito chateada comprei as moedas , desconta mas não desbloqueia os capítulos, alguém sabe me dizer se o site é sério?...