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Um chefe irritante e irresistível (Celia Oliveira) romance Capítulo 296

O tempo foi correndo sem pressa. As semanas se transformaram em meses, e antes que percebesse, um ano inteiro já havia se passado.

Todos pareciam ter seguido a sua rotina normal. Amelie e Arthur haviam terminado o ensino médio e estavam prestes a ingressar na faculdade. Arthur havia optado por Harvard, enquanto Amelie escolheu a Yale University. A decisão dela foi motivada pela abordagem flexível da Yale em seus programas de graduação, que permitiam aos alunos explorarem uma ampla gama de disciplinas antes de se comprometerem com uma área específica de estudo. Amelie fez isso porque, no fundo, se sentia confusa pelo caminho que deveria seguir.

Victor e Marina também retomaram suas rotinas no escritório, ainda que sentissem os corações apertados diante da iminente partida dos filhos para o exterior, sabendo que só os veriam novamente nas férias.

Mergulhado em seus papéis e planilhas, Victor tenta manter a mente ocupada. Porém, o toque insistente do telefone o tira do foco. Ele olha para o visor: um número desconhecido. Normalmente, ele ignoraria, mas algo em seu instinto o faz hesitar. Talvez seja apenas um trote ou uma ligação comercial, mas… e se for algo importante? Respirando fundo, ele decide atender.

— Alô? Quem fala? — pergunta.

— Senhor Victor Ferraz? — diz uma voz firme do outro lado da linha.

— Sim, sou eu. Quem está falando?

— Aqui é o diretor da penitenciária estadual. Infelizmente, precisamos lhe comunicar que o Senhor Xavier Ferraz faleceu esta manhã.

A caneta de Victor para no ar. Ele deixa os papéis de lado e fica em silêncio por um momento, antes de perguntar, com a voz mais baixa:

— Como… como isso aconteceu?

— A causa da morte foi uma infecção grave. Ele já estava sendo tratado, mas o quadro piorou rapidamente, e ele não resistiu.

Engolindo em seco, Victor tenta processar a notícia. Ele finalmente consegue dizer:

— Compreendo… e o que vocês precisam de mim?

— O corpo está no necrotério da prisão. Antes de podermos transferi-lo para um serviço funerário, precisamos da assinatura de um familiar direto. O senhor pode comparecer aqui para resolver isso?

Demorando um pouco para responder. Ele fecha os olhos, respira fundo e responde:

— Está bem. Estou indo aí. Obrigado por me avisar.

Por mais que soubesse o quanto a vida era passageira, Victor não esperava receber aquela notícia tão cedo. Antes de sair da sala, ele liga para o irmão, que estava de férias com a esposa e os filhos na Argentina, onde vivia a família de Valen.

— Victor, aconteceu alguma coisa? — Rodrigo atende, preocupado.

— Rodrigo, acabei de receber uma ligação da penitenciária. O Xavier faleceu esta manhã.

Do outro lado da linha, o silêncio se prolonga por alguns segundos.

— Qual foi a causa? — pergunta Rodrigo, finalmente.

— Disseram que foi uma infecção grave — responde Victor. — Eles precisam de uma assinatura para liberar o corpo. Estou indo lá agora.

— Certo… faça o que precisa ser feito — conclui Rodrigo.

Encerrando a ligação, Victor sai de sua sala. Ele considera avisar Marina, mas decide não a incomodar no momento, já que ela tem um julgamento importante naquele dia. Em vez disso, pega o carro no estacionamento e dirige até o aeroporto, onde entra no avião da família. O voo até a cidade onde ficava a penitenciária leva cerca de duas horas e meia. Chegando lá, Victor cuida da burocracia e autoriza que o corpo do pai seja levado ao cemitério da cidade onde ele nasceu.

Após resolver as formalidades, Victor sai do prédio e para em frente à penitenciária, aguardando um táxi. Quando vê um veículo se aproximando, ele nota que uma mulher elegante desce do carro. Apesar dos anos que se passaram, ele reconhece imediatamente quem é.

Seus olhos se encontram com os de Joana Ferraz, e ele sente um aperto no peito. Ela ergue o queixo e caminha até ele. Os passos de Joana não possuem mais a altivez de antes, e seus olhos perderam o brilho arrogante de outrora.

296: Um reencontro 1

296: Um reencontro 2

— E como está a Marina?

— Ela está bem — responde ele, sem hesitar. — Um pouco triste porque as crianças vão estudar no exterior, mas feliz por saber que eles são inteligentes o suficiente para serem aceitos em ótimas faculdades.

296: Um reencontro 3

— Sim, eles são lindos — concorda Victor, pensativo. — Quero que sejam felizes também.

A última frase escapa de seus lábios em um tom melancólico, e Joana percebe a mudança. Embora não queira invadir o espaço dele, está disposta a ouvir caso ele deseje desabafar.

— Há algo te incomodando, filho? — pergunta Joana, com a voz baixa e cuidadosa, sabendo que poderia receber a habitual resposta curta: “isso não é da sua conta”.

— Sim, há — ele diz, desviando o olhar para a grande janela de vidro ao lado. — Algo terrível aconteceu há um ano e parece que, infelizmente, isso ainda nos afeta.

Joana, surpresa com a confissão do filho, sente o peso da situação. Tomando coragem, ela decide encorajá-lo:

— Se você se sentir à vontade, pode me contar o que aconteceu.

Victor hesita por um momento, então a olha diretamente nos olhos e faz a pergunta que estava em sua mente:

— A senhora sabia que o Xavier teve um filho com a Andressa?

O choque no rosto da mãe é evidente. Ela o encara, sem palavras, por alguns instantes, enquanto tenta assimilar o que acaba de ouvir.

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