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Uma Lycan Rejeitada para o Rei Vampiro romance Capítulo 166

Laha continua me explicando o que está acontecendo. E as coisas vão se ligando ao que Ahal disse antes.

— “A magia que nos separou, a profanação que nos ceifou, liberou forças incubadas. Agora terá que deixar nosso corpo. Aero me encontrou em um abismo semelhante a esse, eu estava entre esse mundo e o nosso. Nosso companheiro está tentando nos trazer de volta”

Sinto o peso dessas palavras. Meu passado, marcado por dor e traição, converte-se em terreno fértil para uma nova linhagem de poder. Mas serei capaz de retornar e ser para eles o que precisam que eu seja?

Laha aproxima-se, seu manto branco ondulando como nuvem lunar.

— “Você lutou bravamente para permanecer viva quando tudo tentou te destruir. Vai conseguir. Agora, seu sacrifício e minha força se unem para forjar um futuro justo para o mundo sobrenatural, e o nascimento de uma nova raça.”

— “Mas e Ahal?” — pergunto, lembrando-me do jardim etéreo e da promessa que me levou a este momento fatal.

Laha hesita, e por um breve instante, vejo chamas douradas cruzarem seu olhar roxo.

— “Ele está com você e agora comigo, Ravena. Nossos filhotes irão nascer, e com seu nascimento acontecerá a quebra do terceiro selo. O que libertará Ahal através de nós. Nos seremos Ahal e o equilíbrio do nosso mundo.

Sinto um conflito interno; gratidão por Ahal, raiva por ter sido enganada, mas sobretudo curiosidade e determinação. O abismo se fecha, substituído por um espaço etéreo onde as chamas brancas de Laha iluminam ruínas de antigas promessas.

— “Então, o que devo fazer?” — pergunto, erguendo-me com o auxílio de sua presença. Meu corpo, agora parcialmente regenerado, ainda carrega cicatrizes, mas vejo nelas sinais de superação.

Laha ergue sua espada flamejante, a lâmina brilha como aurora interior.

— “Devemos retornar ao mundo dos vivos, mas não como antes. Os filhotes renascidos trazem choques de energia instável. A parte luz ancestral, parte resquício de corrupção que os forjou. Precisamos guiá-los ou purifica-los antes que algo possa tirá-los de nós .”

Me lembro de Cyrus, François, Nathaniel, Celeste. Todos envolvidos nesse jogo de poder. Sinto que o rompimento do terceiro selo não é apenas meu renascimento, mas o prenúncio de eventos que abalarão Northshore e o mundo sobrenatural.

— “E Cyrus?” — pergunto, lembrando das batalhas, do amor, do vínculo que transcende espécies, e da... rejeição.

Laha sorri levemente, mas seus olhos não perdem a gravidade.

— “Ele vai sentir nosso retorno, e vai exultar com isso. Ele quase destruiu o próprio reino por nós. – Laha aperta seu olhar lupino. - Precisamos contar a ele, mas com cautela, há olhos ocultos, forças malignas que observam o despertar dos filhotes.”

Enquanto conversamos, sinto vibrações na terra mística ao nosso redor; ecos de entidades antigas que agora despertam com o rompimento do selo. Aqueles que permaneceram dormentes, aprisionados por juramentos arcaicos, podem agora atuar no mundo de forma imprevisível.

— “Laha, o que exatamente rompeu o terceiro selo?” — questiono.

— “Foi a conjunção do sacrifício do seu corpo, a intervenção profana de Lerina, e as vidas que taremos ao mundo. Essa combinação desfez velhos pactos e libertou energias que aguardavam renovação ou destruição.”

Sinto o peso dessa resposta: meu martírio e minha salvação tornaram-se catalisadores cósmicos. Se o terceiro selo guardava o equilíbrio entre vida e morte, luz e sombra, então sua quebra sinaliza uma nova era — mas não sabemos se será redenção ou catástrofe.

Laha inclina a cabeça, estudando-me com olhos sábios.

— “Você viu?” — pergunto a Laha.

— “Sim. Não podemos descartar que a quebra do selo tenha libertado guardiões antigos, ou inimigos que aguardavam o momento certo. Precisamos manter-nos vigilantes.”

Enquanto isso, o orbe de meu espírito, entrelaçado ao de Cyrus, pulsa em sintonia com minhas emoções. Saudade, compaixão, medo, determinação. Imagino-o lutando pelo nosso reino, defendendo Northshore enquanto eu luto para definir o futuro dos nossos filhotes. Sinto o peso da responsabilidade e a chama da esperança em mim.

— “Vamos, Ravena.” — Laha diz, tocando meu ombro espiritual. — “O mundo físico nos aguarda. O renascimento começa agora.”

Sorrio, mesmo sabendo que o desafio é imenso. A dor do abismo me transformou, não sou mais a vítima frágil. Sou Ravena, vinculada ainda mais profundamente a Laha, moldada pelo fogo purificador.

Carrego em mim as feridas e a promessa de cura. E embora a incerteza permaneça, algo em mim vibra com a convicção de que posso guiar essa nova raça, ou ao menos tentar.

Quando atravessamos o limiar de volta ao plano material, sinto o peso do silêncio que se seguiu à explosão de energia e poder, eu sinto o veneno. Um veneno forte e predominante. Algo muito parecido com o que estava no poço.

Mas antes de dar o primeiro passo de retorno, vejo ao longe a silhueta de alguém. Meu coração dispara, e tudo em mim vribra em reconhecimento e felicidade.

É o meu companheiro, eu sinto Cyrus.

Ele me observa há alguns metros de distância, provavelmente sentindo meu retorno. Seu semblante é uma mistura de tensão e preocupação. Sei que nossa união se torna ainda mais crucial, nossos destinos se entrelaçam no renascimento dos filhotes e no combate à injustiça desse mundo. Quando ele avança em minha direção, eu posso sentir tudo em mim se alinhar em nosso vínculo completo.

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