LUKE
O idiota estava manipulando minha filha, fazendo ela sentir pena dele e tentando que ela deixasse para lá a merda com o garoto, porque ele não queria sujar as mãos. Porra, Nick, por que ele tinha que ir tão cedo? Eu sentia uma falta do caralho dele, moleque. Tudo aquilo tinha me dado nojo. Eu tinha visto homens assim antes, que choravam de covardia quando a coisa apertava e posavam de cordeiro para enganar mulher de bom coração.
— Pai, por favor.
Minha filha de bom coração já tinha se deixado levar. Às vezes eu sentia pena dela e, às vezes, ela me deixava tão puto que eu desejava tê-la criado eu mesmo. Ela não teria sido tão boazinha. Eu enxergava nela uma brandura que não combinava com o sangue que corria na família, e isso me atormentava.
— Eu entendo que você queira que seu marido tenha alguém do lado dele, um parente, mas nem todo mundo merece uma segunda chance. Nem todo mundo merece o benefício da dúvida.
Olivia esfregou a têmpora. Ela parecia cansada, e aquele gesto deixava claro que a cabeça dela latejava.
— Você se lembra de todas as coisas que você fez comigo no passado? O acidente de carro? As pessoas que você mandou atrás de mim?
Ela ainda não entendia por que eu tinha feito tudo aquilo, por que eu tinha sido obrigado a fazer. Eu carregava esses atos como pedras no bolso, e elas pesavam cada vez mais.
— Eu disse que eu só estava tentando alertar você sobre Nick e a mãe dele. Eu não estava tentando machucar você. Sim, pode ter parecido assim, mas não foi o caso.
Eu andei de um lado para o outro. Eu tinha pensado que já tínhamos superado isso. Eu estava errado, e a constatação me roeu por dentro.
— Eu sou seu pai e sempre vou ter os seus interesses em primeiro lugar. Sim, eu sei que eu também matei sua mãe, mas eu só estava tentando trazer ela de volta, dar a ela a vida que merecia. Mas não foi assim que aconteceu. Eu sei de tudo que eu fiz, Olivia.
Ela achava que eu tinha esquecido tudo que tinha acontecido e o que eu fizera? Longe disso. Tudo que eu tinha feito continuava me assombrando até aquele dia, como se cada lembrança mordesse a carne.
— Me diga uma coisa: você quer que eu deixe isso para lá porque eu também cometi erros no passado?
Ela chegou mais perto de mim, mas eu dei um passo para trás. Ela pareceu magoada com isso, só que eu não quis que ela se aproximasse. Eu estava irritado demais e não confiava em mim mesmo para manter a calma.
— Não é isso que eu estou dizendo, Pai. Eu só estou lembrando você de que as pessoas podem mudar. Antes, eu achava que você era a pessoa mais horrível que eu já tinha conhecido. Mas eu estava errada.
Eu dei uma risada sombria. Olivia não me conhecia nem um pouco, e aquilo me divertiu por um segundo breve.
— Olivia Black, quem você acha que eu sou?
Ela pareceu surpresa com a pergunta, como se eu tivesse puxado o tapete debaixo dos pés dela.
— Não, minha querida filha. Não se assuste. Só me diga: o que, ou quem, você acha que é o seu pai?
Ela hesitou e então sorriu de canto, tentando medir as palavras. Eu percebi que ela pisava em terreno minado.
— Você não sabe quem eu sou, meu amor. E isso é uma coisa boa. Nenhuma criança deveria saber que tipo de monstro o próprio pai é. Mas eu vou dizer isto: eu sou o tipo de monstro que nunca vai deixar você ser ferida e humilhada desse jeito e ficar de braços cruzados.


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