MARCUS
A semana terminou antes que eu pudesse sequer piscar ou decidir o que eu ia fazer sobre a maldita reunião. Eu não saberia dizer o que eu tinha feito durante a semana, além de pensar na reunião e esperar para ver o que Luke tinha feito, ou ia fazer, com Nathan.
Meu telefone tocou ao meu lado, e eu lancei um olhar. Era um número bloqueado, e eu simplesmente tive a sensação de que era George. Eu cogitei atender ou simplesmente ignorar. Eu suspirei e atendi. Não adiantaria ignorar se ele fosse me encontrar de qualquer jeito. Se quisesse.
— Cheguei a Vila Nova. Outros devem chegar ao longo do dia, e outros, à noite. Vou mandar um carro buscar você amanhã. Esteja pronto.
Ele era um homem velho, e eu sabia que eu devia respeitá-lo, mas, porra, eu não aguentei mais. O sujeito estava me dando ordens como se fosse sua nova coisa favorita.
— George?
Eu falei o nome de propósito. Eu quis ouvir como ele ia me tratar.
— Sim?
Eu dei uma risada curta. Aquilo ali significava que ele não tinha respeito nenhum por mim e, mesmo assim, estava me empurrando para uma posição para a qual ele sabia muito bem que eu não estava pronto.
— Você não disse que, se eu concordasse em assumir o cargo do meu pai, eu seria o mestre?
— Sim, você será, naturalmente.
Não era isso que eu estava procurando.
— Reformulando: se eu assumir a minha posição porque meu pai a deixou para mim, é por isso que nenhum de vocês assumiu todos esses anos, correto?
Houve silêncio do outro lado da linha.
— Sim, isso está correto. Este é um império Walker. Por gerações, aquela cadeira nunca foi ocupada por ninguém que não fosse um Walker. Todo mundo na organização sabe disso e aceita.
Isso não significava que ninguém tinha tentado. Obviamente tinham, mas nunca terminava bem para eles. Humanos eram gananciosos por natureza.
— Que bom ouvir isso, George. Então, por que a gente não começa esta relação com você me respeitando como seu mestre, para que os pequenos sigam o exemplo? Eu sei que você é mais velho, mais experiente, com vasto conhecimento da organização, e isso é ótimo, mas isso não dá a você o direito de me dar ordens, dá?
Eu não sabia de onde eu tinha tirado a porra da coragem para dizer tudo aquilo a George. O homem sabia de tudo e tinha todo o poder da Lança por trás dele. Eu ainda era inexperiente e estava bancando o durão com um homem que podia me apagar ainda ao telefone e depois continuar a tocar o negócio como vinha fazendo.
E depois fazer a mesma coisa com Samuel quando ele ficasse mais velho. Meu pobre filho. O fardo.
George deu uma risada do outro lado.
— Já era hora de você perceber o quão poderoso você é agora. Eu estava me perguntando quando a covardia ia acabar.
O quê? Eu não acreditei no que ouvi. Ele vinha me tratando como merda porque estava esperando que eu mostrasse quem eu era, que eu exigisse ser tratado como tal.
— Acho que agora eu não preciso convencer você de nada. Vejo você na reunião.
Ele encerrou a ligação.
O alívio me invadiu, mas, um minuto depois, a ansiedade voltou. Eu tive certeza de que o sangue tinha sumido do meu rosto quando eu percebi o que eu tinha feito.
— Marcus, está bem?
Era Luke. Ele agora estava parado na minha frente com uma expressão meio preocupada no rosto.

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