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Você Brilhou em Mim romance Capítulo 2

"É meu aniversário, Caroline. Você não pode abandonar sua melhor amiga no aniversário dela", Nadia argumentou comigo.

"Eu não tô te abandonando, Nadia. Você sabe como eles são, nunca vão me deixar ir", eu disse pra ela, desculpando-me.

Nadia abriu a boca para argumentar, mas parou. Não tinha o que discutir. E Nadia sabia disso melhor do que qualquer um.

Eu não podia nem sair de casa sem a permissão do meu pai. Não importa se eu quero muito estar com a minha melhor amiga no dia especial dela, eu não posso. Os guardas dele me arrastariam de volta para casa no instante em que descobrissem que eu estava festejando com a Nadia. E ela sabia disso.

Ela era a única pessoa com quem pude me abrir em todos esses anos. Nos conhecemos há três anos, no 'Mike's Coffee shop', a cafeteria na qual trabalhamos atualmente. Eu estava trabalhando lá fazia um ano quando ela entrou. Nós nos demos bem quase que de imediato.

Afastei-me dela quando um cliente apareceu no balcão para pedir um café. Passei o frappuccino, que era a última bebida pedida do dia, para ele. Quando me virei para Nadia, ela ainda estava olhando para mim com olhos cheios de esperança.

"Você quer que eu fale com eles?", ela perguntou com um sorriso bem convincente.

Lembrando que as poucas vezes em que ela falou com eles terminaram em uma discussão muito acalorada, eu balancei minha cabeça e disse: "não, Nadia, você não vai confrontá-los". Tirei meu avental quando o último cliente saiu da cafeteria. Nadia também.

"Alguém tem que fazer isso. Você não pode ficar presa com eles pra sempre", disse ela, com raiva. Sua raiva era mais 'por' mim do que 'comigo'. Falar sobre minha família sempre afetava o temperamento dela, pois ela os odiava. Talvez mais do que eu. Esse fato sempre me deixou feliz. Era bom ter pelo menos uma pessoa que realmente se importasse.

"Mas eu não posso escapar", eu disse, forçando um sorriso. Não que eu não tenha tentado.

Oito anos atrás, depois daquela noite em que vi minha mãe pela última vez, tentei fugir. Todos os dias depois daquele incidente, eu tentava perguntar ao meu pai sobre ela. Ele nunca me respondia. Quando eu ficava reclamando, ele me batia. Quando fugi de casa pela primeira vez, ele enviou seus guardas para me levar de volta. Quando fugi pela segunda vez, me pegou e me trancou no meu quarto por dois dias seguidos. A única vez em que tentei denunciá-lo a um policial, ele distorceu tudo e me rotulou de criança maluca. Foi quando percebi que realmente não tenho como fugir. Ele tinha dinheiro, o que trazia consigo muito poder e influência. Ele tinha conexões por toda parte e não existia ninguém a quem eu pudesse recorrer. Então, parei de tentar. Tentar só piorava as coisas. Não só para mim, mas também para as pessoas que me ajudavam.

Nadia deve ter visto o desespero nos meus olhos, porque ela rapidamente me envolveu em um abraço. "Me desculpe, não consigo deixar melhor", ela sussurrou, apertando-me ainda mais.

"Você já deixa tudo melhor", eu disse. O único momento em que me sentia em paz era quando eu estava trabalhando nessa cafeteria. Demorou muito para ele permitir que eu trabalhasse fora da empresa dele. Na verdade, foi Julia quem o convenceu a me deixar trabalhar na cafeteria. Ela não queria que eu ficasse no mesmo local de trabalho que ela, no escritório deles. Minha presença a irritava. E o sentimento era mútuo.

"Estou farto disso", eu disse, afastando-me do abraço. "Agora, vá embora. Você tem um aniversário pra comemorar", continuei.

Mike, o dono da cafeteria, saiu da cozinha e andou na nossa direção. Ele deu uma sacola para a Nadia e desejou feliz aniversário para ela pela segunda vez hoje. Ela espiou dentro da sacola. Seus olhos brilharam quando viram seu cheesecake de mirtilo favorito dentro. "Obrigada, Mike", ela agradeceu, sorrindo para ele.

"Agora, se as senhoritas fizerem o favor de sair, é hora de fechar", disse ele, fazendo gestos com a mão e apontando para a porta.

"Você não vai a festa?", eu perguntei para ele. Nossos amigos da cafeteria estavam dando uma festinha para a Nadia em um clube perto dali. Não ia ser lá grande coisa, apenas algumas bebidas e jogar conversa fora, mas era mais do que suficiente. Era engraçado saber que a única pessoa que não ia ficar completamente bêbada era a própria aniversariante, pois ela é alérgica a álcool.

"A escola da minha filha ligou agora há pouco, ela pegou gripe, preciso cuidar dela. Já pedi desculpas a Nadia por faltar", ele disse e Nadia assentiu com a cabeça para confirmar a explicação dele.

"Mas você não precisava se desculpar", disse ela.

"Espero que a Lily melhore logo", eu disse enquanto Nadia e eu saíamos da cafeteria.

"Você vai voltar pra família babaca?", ela perguntou e eu ri do apelido que ela criou. 'Babaca' era a palavra que ela usava para cada pessoa má na Terra.

Uma coisa que aprendi convivendo com eles é nunca os retrucar. No entanto, tinha momentos em que era difícil controlar a minha raiva e irritação.

"Ah, meu Deus, a garota tá finalmente falando. Volte pra cá e vamos ver o que podemos fazer quanto a isso", ela ameaçou.

Não era ela que eu temia, era meu pai. Normalmente, ele me ignorava. Até na mesa de jantar, os três conversavam entre si, ignorando minha presença. No começo, me incomodava, mas agora não mais. Para mim, estava tudo bem em ser ignorada. Era a atenção que me assustava. Um único erro ou uma palavra errada na frente dele poderia me colocar em apuros. Nunca entendi por que ele me odiava tanto, nem por que ele odiava a minha mãe.

A ligação acabou. Guardei o celular de volta na bolsa e pisei no acelerador. As ruas estavam quase vazias. Levei menos de quinze minutos para chegar no meu destino.

O estacionamento estava quase cheio. O único lugar que me restou para estacionar ficava entre dois carros. Estacionamento paralelo nunca foi meu forte. Porém, não tinha mais nada que eu pudesse fazer. Com movimentos lentos e cuidadosos, alinhei meu carro no espaço vazio. Com ainda mais cuidado, entrei na vaga. Só mais um pouco e...

Ouvi e senti o capô do meu carro bater no carro que estava atrás. Desliguei depressa o motor e desci correndo do carro para avaliar os danos que causei. 'Por favor, que seja apenas uma batidinha', rezei para mim mesma.

Meus olhos se arregalaram de susto quando vi o carro que estava na minha frente. Parecia ser ridiculamente caro. Aproximando-me um pouco, percebi que era um Bugatti. Um m*ldito Bugatti.

Foi apenas uma batidinha, minhas orações foram tecnicamente atendidas, mas eu sabia muito bem que isso não bastava. Até um arranhãozinho nesse carro custaria uma fortuna. E o que eu fiz não foi apenas um arranhão. Tinha arranhões, no plural, e um amassado na lateral. Sem esquecer das lanternas traseiras que estavam levemente trincadas também. Observando de perto, não parecia uma batidinha de nada.

"Mas que m*rda você fez com meu carro!", um grito de raiva surgiu.

C*ralho!

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