Elena
— Então eu sou filha do guardião de estrelas? — Ela indaga.
— A única filha dele — sussurro com olhos marejados. — A mais amada.
Solto uma respiração aliviada e penso que mentiras doces às vezes é o único escudo contra verdades que ainda não podem ser ditas.
— Senhora Stanford, o almoço será servido em alguns minutos. — A governanta avisa quando chegamos a sala de estar. A campainha toca insistente e ela pensa em ir atender.
— Ótimo, Sara. Você pode levar a Aurora para comer, eu vou ver quem está na porta.
— Tem certeza? Eu posso…
— Por favor! — insisto.
— Sim, Senhora. — Ela mira a minha garotinha. — Que tal irmos almoçar no reino mágico das fadas? — pergunta, e Aurora responde-lhe com pulinhos animados.
— Siiim!
A insistência da campainha me faz dar alguns passos largos na direção da porta e ao abri-la, congelo ao vir Alex Ricci em pé no espaldar. O seu olhar passeia ávido pelo meu rosto, se fixar temporariamente na minha boca e quando desde mais um pouco, decido perguntar:
— O que você está fazendo aqui?
Alex parece cair das nuvens… ou onde quer que ele esteja. Os seus olhos antes ávidos agora encaram os meus em fúria.
Fúria?
Eu deveria estar furiosa com essa sua imposição a sua presença indesejada e não ele!
— Precisamos conversar! — retruca seco, forçando a sua passagem.
Meu corpo todo fica em suspense. Assustada, olho para dentro do corredor que leva a sala de jantar. Aurora. Por Deus, ela pode surgir aqui a qualquer momento. Ele não pode vê-la. Não pode saber da sua existência.
Engulo a minha ansiedade e o meu nervosismo.
— Vamos conversar no escritório — resmungo e sigo imediatamente para o lado oposto. — E então, sobre o que você quer falar? — pergunto assim que adentro o cômodo com uma decoração rústica e cruzo os meus braços, encarando-o em seguida.
— Eu vi o seu acordo. — Arqueio as sobrancelhas.
— Imagino que veio aqui me dizer que aceita. — Alex franze a testa e sorri.
— Está brincando comigo? Aquilo é insano!
— Insano? Você não sabe o que é insano, Alex Ricci! — rebato furiosa.
Ele trinca o maxilar.
— Eu não sei o que aconteceu com você para se tornar uma pessoa tão amarga…
— Amarga? — Chego mais perto e olho dentro dos seus olhos. — Você largou dentro de um quarto de hotel e deixou a droga de um bilhete. Não teve coragem de me olhar nos olhos e de dizer: pronto, eu já te fodi como queria. Agora vou embora.
Percebo algumas labaredas se acenderem em suas retinas.
— Não foi bem assim — sibila baixo e entre dentes, porém, seco.
— Pois foi exatamente assim que eu me senti. Um nada. E só não digo como uma prostituta, porque você se esqueceu de deixar a porra do dinheiro da mesinha de cabeceira! — Alex fecha os olhos de modo apertado e solta uma respiração pesada pela boca, afastando-se no mesmo instante, me dando as costas em seguida. Ele fita o lado de fora pela janela em silêncio por um curto espaço de tempo.
— Eu tinha um objetivo. E não precisava de distrações.
— Devia ter dito isso antes de me levar para a cama — rebato firme. — Antes de… — Freio as palavras. Ele se vira para me encarar.
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