Elena
Eu devia desistir dessa loucura! Penso em um misto de angústia e desespero, fitando o vestido branco de um glamour incomparável, abraçando o meu corpo. A sua saia inflada se arrasta preguiçosamente pelo chão quando dou dois passos para mais perto do exuberante reflexo da noiva. A coroa exibe o brilho extremo das minúsculas pedras que a cravejam. E um véu fino se deita sobre a minha cabeça, escorrega pelas minhas cortas e encontra o piso lustroso, expandindo-se pelo cômodo.
… O meu maior erro foi soltar a sua mão quando você mais precisou de mim.
Meus olhos se enchem de lágrimas ao me lembrar das suas palavras.
— Isso é uma grande loucura! — digo para a linda noiva em pé na minha frente. — O que você vai fazer depois disso? Como vai escondê-la dele?
Agitada, largo o buquê em cima da cama, me livro dos sapatos e levo uma mão para a coroa, a fim de me livrar dela.
— Mas o que você está fazendo?
Anita adentra o quarto de repente e me impede de continuar. — Você está tão linda! E por Deus, por que essas lágrimas? Não lhe respondo. Contudo, Anita me puxa para perto da penteadeira e me faz sentar em um banco acolchoado. Ela segura um pincel felpudo e começa a retocar a minha maquiagem.
— Eu não devia seguir com isso — digo com um lamento.
— Agora você não pode mais voltar atrás. Assinaram um contrato, se lembra? E será apenas um ano, Senhora. Pela Aurora, hum?
— Pela Aurora. — Engulo o meu choro.
— Agora sim, você está perfeita.
Anita endireita a sua postura.
— O motorista irá levá-la até a catedral. Vá e arrase.
— Onde ela está?
— Brincando no quarto.
— Pode trazê-la para mim? Preciso conversar com a minha filha, porque algumas coisas vão mudar nessa casa.
— É claro.
Assim que Anita sai do cômodo, fico de pé e vou para perto de uma janela. Respiro fundo, aspirando o perfume suave das flores que vento trás para mim. Logo, tento esvaziar a minha mente e assim, manter a calma.
… Me dê a chance de transformar a minha culpa em cuidado
— Eu vou transformar a sua vida em um inferno, Senhor Ricci! — Prometo, sentindo um gosto amargo no meu paladar.
— Mamãe!!! — O grito cheio de surpresa da minha filha me faz virar imediatamente para olhá-la. Os seus olhinhos estão brilhando consideravelmente. Contudo, a surpresa é quase como um choque para ela. — Você se transformou na rainha das fadas.
Ai Deus, eu amo essa sua inocência!
— Você está linda, mamãe! — Ela solta um som exasperado e no mesmo instante ela corre para mim. Abaixo-me para recebê-la. E abraçá-la é como um bálsamo para essa agonia que me transpassa. Suas mãozinhas seguram em cada lado do meu rosto e seus olhos faíscam de fascinação.
— Querida, a mamãe precisa te contar uma coisa — digo e me levanto. Seguro na sua mão e a faço se sentar na beirada do colchão. Me sento do seu lado. — A mamãe precisa fazer uma coisa muito importante, filha.
— O que é?
— Vai vir uma pessoa morar aqui na nossa casa. O nome dele é Alex Ricci e ele…
Aurora me olha com curiosidade.
— Quando você estiver perto dele não poderá me chamar de mamãe.
Ela resfolega por antecipação e eu sei que o seu mundo imaginativo já pensou em algo extraordinário.
— Isso é um jogo?
Oh Deus, como eu odeio ter que mentir para ela!
— Sim, é um jogo, querida. Se o Alex descobrir que você é minha filha…
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