Elena
… Uma mulher do seu passado que insiste em continuar entre vocês.
Já faz quatro anos. Não é possível que Alex Ricci tenha pensado em mim por todo esse tempo. Não, tolinha. Isso é impossível. Com certeza teve outros amores. Outras mulheres em sua cama. Não eu.
— Senhora, Ricci? Por aqui por favor! — Desperto quando uma recepcionista me chama e automaticamente a sigo para dentro de um corredor com revestimento amadeirado em suas paredes. — O senhor Capelli irá recebê-la agora.
— Obrigada! — Ela abre uma porta escura e logo encontro a face sorridente do advogado da família Ricci.
— É bom vê-la, Senhora Ricci!
— Elena. Me chame apenas de Elena — peço, acomodando-me na cadeira que ele puxa para me sentar. — Por que me chamou aqui, Doutor Capelli?
— Preciso que conheça uma das empresas Ricci, onde você atuará como CEO em poucos dias.
Me engasgo no mesmo instante.
— Como é que é?
— A sua filha é herdeira cem por cento de todo o legado Ricci, Elena. Alguém precisa tomar conta dessas empresas.
— Mas, eu não entendo nada de administração. Ainda mais de uma empresa tão grande…
— Não se preocupe. Minha filha fará pessoalmente a assessoria de que precisa por alguns meses. E eu serei o seu advogado mais presente, e cuidarei da atualização a toda a contabilidade…
— Senhor Capelli…
— Eu sei que você consegue, Elena. Não foi à toa que Nora Ricci lhe escolheu.
Sem saber o que dizer, deixo os meus ombros caírem. Logo a porta do escritório volta a se abrir e uma mulher de aproximadamente trinta anos passa por ela. Alta, morena, bem-vestida e olhar perspicaz. Petrus fica de pé e pelo sorriso que acaba de abrir, sei que se trata da tal assessora.
— Ana, essa é Elena Ricci. — Fico de pé para apertar a sua mão. — Elena, essa é Ana, minha filha. Ela vai te ajudar com alguns detalhes da administração das empresas, até que você esteja pronta.
— É um prazer, Ana!
— Na verdade, prazer é todo meu, Senhora Ricci!
— É, Elena. Você pode me chamar pelo meu primeiro nome.
— É claro. Se quiser, podemos fazer um tour por uma das empresas. A maior de todas. — Troco olhares com o senhor Capelli e esse faz um gesto sutil para mim.
— Por mim, tudo bem.
— Ótimo! No vemos na hora do almoço, papai?
— Eu vou adorar almoçar com vocês.
— Você deve saber que as empresas são divididas em setores. — Ana comenta à medida que caminhamos na direção do seu carro. — Recursos humanos, departamento financeiro, jurídico. O marketing e relações públicas.
— Sim, claro.
Um universo tão extenso e cheio de responsabilidades entra no meu campo de visão minutos depois de estacionar o veículo dentro de perímetro da Ricci Holding. Ela é maior do supus. Tão imponente e parece querer me engolir inteira.
— Elena, antes de encerrarmos esse tour, preciso falar sobre a sua nova função como CEO aqui dentro da Ricci Holding. — Ana me desperta, atraindo a minha atenção para ela. O seu rosto sério faz o meu coração se apertar dentro do meu peito.
CEO. Três letras que carregam o peso de um império. Penso.
— Eu não vou mentir para você — digo com um pouco de dificuldade. — Esse título ainda soa estranho nos meus ouvidos.
Ana sorri com calma, como quem já esperava essa reação.
— É natural. Mas entenda, como Chefe Executiva Officer, você será a principal responsável por definir a visão estratégica dessa empresa. O conselho e eu estaremos do seu lado. Mas a direção sempre virá de você.
— A direção — repito, como se testasse a palavra nos lábios. — Não é apenas assinar documentos, certo?
— Não. — Ana balança a cabeça. — Você decidirá o rumo dos investimentos, aprovará as grandes parcerias, mediará negociações com sócios internacionais e o mais importante: representará a Ricci Holding perante o mercado e a sociedade.
Ela abre uma porta larga de madeira envernizada, com detalhes em vidro polido e é como se eu entrasse em outro mundo. Mais frio, sério e poderoso. Passo as pontas dos meus dedos pela borda de uma mesa retangular, sentindo a textura da madeira fria.
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