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Segurei o cabo de madeira firmemente com às duas mãos, o homem que se recusou a desbloquear o portão ergueu as mãos na altura do ombro e começou a recuar. Talvez, ele pensasse que eu iria feri-lo com a ferramenta. Não estava preocupada com o que ele pensava de mim, eu queria mesmo era sair um pouco e conversar com Charlotte.
— Oh, não se preocupe. Isso não é para você!
Ironizei a situação e, como se não bastasse, seu companheiro que estava logo atrás fez menção de vir ao meu encontro. No entanto, o encarei com um olhar feroz, ele, ao perceber que eu não estava com paciência, logo se deteve em seu devido lugar.
— É bom que não se aproxime!
O ameacei com a marreta apontada em sua direção, o homem engoliu em seco, encarando o parceiro com uma expressão confusa.
— Senhora Duarte, não!
Apenas fechei os olhos com força e destruí a caixinha. No instante que a violação ocorreu, os alarmes de entrada da propriedade dispararam, os sons de ‘bips’ começaram a ecoar causando um zumbido ensurdecedor.
— Falei para abrir o portão!
Os avisei num tom agressivo.
— Não saia, senhora Duarte. Seu marido não vai gostar nada de saber disso.
Ele argumentou com a voz baixa, me fazendo rir de suas palavras obedientes.
— Não ouse chegar perto de mim!
Larguei a ferramenta para o lado, massageei as têmporas sentindo uma dor latejante. O portão eletrônico finalmente abriu e eu me direcionei ao carro. Meu corpo ainda estava fraco, parecia que não dormia há dias.
Os seguranças ficaram surpresos com minha ação, seus olhos refletindo espanto enquanto me viam sair da propriedade, ignorando as ordens do chefe. Certamente, pensavam que madame Lauren jamais tomaria uma decisão tão ousada como aquela.
Durante o trajeto, ouvia o som incessante do meu celular tocando na bolsa, no entanto, não tive nenhuma vontade de atendê-lo, pois sabia muito bem que era meu marido a minha procura.
Charlotte residia em um dos prédios mais luxuosos da cidade, além de possuir uma localização privilegiada, era habitado exclusivamente por membros da alta sociedade. Estacionei o carro e segui para o seu apartamento, uma deslumbrante cobertura.
Enquanto atravessava o corredor, deparei-me com uma figura que definitivamente não desejava ver naquela hora, ou em qualquer outro momento. Na verdade, eu nunca mais queria ter que ver aquela mulher que dizia ser minha amiga com um único intuito, o qual era transar com meu marido!
Depois de tudo o que aconteceu ontem, comecei a me questionar mentalmente o porquê ela estava no apartamento de Charlotte.
Pensei em retornar para não ter que passar perto dela. No entanto, quem deveria evitar qualquer contato era ela, não eu! Por isso ergui os ombros e o queixo, apertei os passos e fingi não vê-la ali.
— Lauren, precisamos conversar.
A mulher decididamente veio em minha direção. Ela só poderia ter enlouquecido se pensou que eu iria perdoá-la após ter me traído.
— Não temos nada para conversar. Além disso, não posso ser vista com uma mulher como você!
A recriminei mal conseguindo conter a vontade de pular no pescoço dela. Ao notar estar sendo tratada com tamanha indiferença, ela começou pestanejar claramente nervosa.
— Não acredito que você pensou em continuarmos sendo amigas!
Ri com desgosto, olhei para o lado e respirei fundo acalmando a tensão nos punhos.
— Deixe-me explicar, Lauren.
Lágrimas falsas escorriam de seus olhos escuros. Ela abaixou a cabeça com o rosto pálido revelando uma expressão de falsa tristeza.
— Peço ao menos que não fale nada para Charlotte, eu imploro.
Pediu-me, limpando o rosto. Não disse nada mais, apenas segui o caminho, o qual era ir para o apartamento da minha amiga.
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