Atílio
Chegou a hora de dizer sim para Celina, mesmo sabendo que meu coração dizia o mesmo. Infelizmente Leandro não poderá vir participar da celebração, a casa estava cheia pois Celina fez questão de convidar quase a vila inteira. Me arrumei e olhando minha imagem no espelho me veio a mente o dia do meu casamento com ela, quantas expectativas eu tinha e acho que mesmo dizendo que não eu almejava passar a vida ao lado dela. Mas já chega, vou seguir os conselhos de Amélia e seguir em frente.
O padre nos deu a benção, Raul quase não permitiu o casamento ao saber que não seria uma cerimônia como as outras. Fizemos uma recepção na minha fazenda, todos estavam felizes comiam e bebiam.
– Vamos dançar? – Celina o convidou.
Dançamos abraçados, eu fazia o máximo que podia para não parecer estar fazendo algo que no fundo não era meu desejo. A festa durou o dia todo, Luíza, Jamile e até Sebastião, nenhum deles concordava.
Depois que todos foram embora, Celina e eu fomos para o quarto. Tocar seu corpo, beijar sua boca era impossível não comparar, ainda mais depois de ter feito tudo com amor. Enquanto estávamos em pleno ato eu disse o nome dela, Celina chorou a noite inteira e não quis mais nada comigo naquela noite.
Celina
Enquanto ela existir, será sempre uma sombra no meu caminho. Eu só vou conseguir ter o amor dele se ela desaparecer para sempre!
Luíza
Agora que a minha barriga já está bem grande, confesso que o medo do parto começa a ficar mais forte dentro de mim. Acho que a triste experiência de Guadalupe me trouxe esse pavor.
– Dobrando as roupas de novo Luíza? – Sebastião perguntou.
– É que eu gosto de ficar olhando tudo, me dá coragem.
– Você terá um bom parto, tenho rezado por isso todos os dias. – Sebastião a abraçou e Luíza sorriu, mesmo que por dentro estivesse preocupada.
– Atílio e Celina a essa hora já são marido e mulher.
– Não compre sofrimentos alheios meu amor. – Sebastião aconselhou Luíza.
Ele passou a mão em meu rosto.
– É que Guadalupe e eu somos irmãs, quem magoa o coração dela magoa o meu também.
– Me perdoe dizer, mas Guadalupe causou tudo isso com a sua decisão.
– Eu sei Sebastião, eu sei!
Casa de Gabriel e Jamile
– Atílio estava com uma expressão triste. – Gabriel fala para Jamile, os dois perceberam a tristeza no olhar de Atílio.
– Meu pai nunca vai ser feliz com Celina.
– Não podemos ter certeza disso Jamile.
– Amélia me disse que ainda quando ela era bem novinha os dois...você sabe! – Jamile ficou constrangida em dizer para Gabriel, mas ele entendeu.
– Entendi, mas quem sabe juntos de novo...
– Você sabe que não Gabriel, Guadalupe e meu pai são almas gêmeas.
– Como nós dois. – Gabriel diz se aproximando de Jamile e os dois se beijam.
– Exatamente.
Alguns meses mais tarde...
– Deus eu vou morrer de tanta dor! – Luíza gritava e fazia força, Jamile a encorajava a dar à luz.
– Você tem que aguentar firme, vamos força.
– E a parteira? Onde Matilde está? – Sebastião perguntou e Jamile logo respondeu, enquanto secava o suor da testa de Luíza.
– Ela saiu da casa do meu pai a muitos meses atrás, não vive mais aqui. Vou pedir a Gabriel que traga o médico!
– Deus, isso vai demorar demais. – Sebastião estava desesperado e caminhava de um lado para o outro.
– Sua mulher precisa da sua força. – Jamile tentou acalmá-lo, sem sucesso.
Sebastião
Vê-la sofrer assim me fazia sofrer também, eu até saí de dentro do quarto algumas vezes. Atílio foi nos visitar, estava com Celina.
– Como Luíza está? – Atílio perguntou e Sebastião respondeu.
– Com muitas dores, Gabriel foi buscar o médico.
– A cavalo isso vai levar tempo demais, eu vou buscar ele de carro.
– Eu agradeço, Atílio!
Amélia limpava o suor do rosto de Luíza, nunca havia feito um parto, mas tinha visto muitos e Jamile a estava ajudando.
– Eu vou morrer Amélia, vou morrer como Lucília. – Luíza gritava e se encolhia e esticava na cama.
– Não diga isso, continue fazendo força Luíza. Vamos!
– Não desista, está perto de ver o rosto do seu bebê. – Jamile dava força e incentivava a cunhada a não desistir.
Ela gritava e fazia força, se contorcia na cama buscando uma posição que lhe desse um pouco de alívio e o filho de Jamile a olhava meio curioso dentro do quarto. Na sala, Celina ouvia os gritos dela...
– Eu não quero ter filhos, jamais! – Celina disse apavorada com os gritos de Luíza.
Algumas horas depois, Luíza conseguiu dar à luz a uma bela menina. Sebastião e Celina ouviram o choro, ele ficou aliviado e logo correu para o quarto.
– Ela é linda e saudável. – Amélia anunciou.
Sebastião a pegou no colo, ainda suja pelas secreções do parto. Ele sorria e chorava de emoção, Luíza estava vivendo o momento lindo da sua vida.
– Ela se parece com você! – Sebastião disse emocionado.
Ele se sentou ao lado dela e mostrou o rosto para a mãe.
– Eu consegui, graças a Deus eu consegui. – Luíza respirava aliviada depois de tanta dor.
Atílio chegou com o médico, mas a presença dele era quase desnecessária. Todos comemoraram aquele nascimento.
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