NARRADORA
— Ei, esse vestido vermelho fica melhor em mim…
— Muda de cor, mulher! Você vive de vermelho! Ser uma Centúria não significa que só pode usar vermelho!...
— Me passa o bálsamo labial.
— Meninas, como se usa esse espartilho? Sério que tem que vestir isso? Já tô sufocando só de olhar…
A casinha de Clárens estava um caos.
Ela apenas observava de canto, divertida, aquelas Centúrias duronas.
Todas mulheres altas, poderosas, nascidas para serem guerreiras — e se podia dizer até pouco femininas.
Mas essa era apenas a impressão passada pelas armaduras pesadas.
Quando aqueles corpos sensuais entravam no vestido certo, com maquiagem sutil e cabelo arrumado, eram capazes de flechar o coração de qualquer lobo.
Aqueles Homens do Inverno nem imaginavam o que os aguardava.
Assim, dividiram-se em grupos, e as lobas do pântano emprestaram vestidos e acessórios para ajudá-las a se arrumarem para o encontro.
Nem todas eram antipáticas, e se havia algo que as fêmeas daquela matilha sabiam bem, era como dar conselhos para conquistar um macho.
As Centúrias não tinham tempo de ir ao palácio, se arrumar e voltar para o encontro noturno.
— Está ficando ótimo.
Dalila assentia, satisfeita, algumas horas depois, com todas em fila na praça, rígidas como se fossem para a guerra — em vez de um encontro às cegas.
A matilha do pântano as observava curiosa das casas elevadas.
Não estavam acostumados com visitas, muito menos com uma revolução como aquela. Apesar de alguns velhos ranzinzas, a maioria achava a novidade divertida.
— Rainha, acho que estamos prontas — a Sacerdotisa virou-se para Raven, que também organizava tudo por ali.
— Elas estão prontas, mas e você?
Raven sussurrou, piscando para Anastasia, que estava por perto.
Elas precisavam se vingar. Esse era o momento.
— E por que eu deveria estar pronta? — Dalila fingiu ignorar, bufando.
— Não era pra aumentar o número das Centúrias? Além disso, precisamos de mais poder de combate, Sacerdotisa. Acho que devia se sacrificar pelo reino e pelo clã... e seduzir o poderoso Druida do Inverno.
— Humpf, quanta insolência! Essa juventude já não respeita ninguém — Dalila revirou os olhos e desviou o olhar.
Raven cutucou a nervosa Anastasia.
— Pode usar minha cabana se quiser. A… acho que deveria… se lavar… lá embaixo… — ela se inclinou e sussurrou de repente.
Anastasia estava extremamente nervosa, mais vermelha que um tomate e suando em bicas.
A Rainha estava pressionando, mas ela temia o cajado da Sacerdotisa!
— O quê?! — Dalila se virou com fogo nos olhos.
— Eu… — Ana deu um passo pra trás, em pânico, e olhou para Raven em busca de socorro, mas a Rainha já tinha sumido, rindo às gargalhadas!
— Vejo que criou coragem desde que se acha a Luna do Pântano e arranjou um macho! Não importa a idade que tenha, você ainda me deve respeito, filhote! Vem cá, agora não adianta fugir!
Ela a perseguiu com o cajado mortal erguido, e Anastasia, sem um pingo de vergonha, correu por todo o pântano tentando escapar da surra.
*****
Naquela noite, sob uma leve nevasca, as valentes Centúrias saíram da caverna e caminharam pela neve, esperando sob a luz da lua.

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