NARRADORA
Patas velozes corriam pela floresta nevada.
Na grossa camada de neve, ficavam as pegadas de almofadas felinas, enquanto uma enorme leoa, jovem e ágil, avançava em direção à meta.
Na boca, carregava uma presa recém-caçada.
De repente, parou numa clareira, alerta ao perigo.
Debaixo dos galhos cobertos de neve dos pinheiros, um lobo branco gigantesco a emboscava. Seu pelo lindo se confundia com a brancura da paisagem e só seus olhos rubis o denunciavam.
Os dois se encararam, se avaliavam, dando voltas em círculo, rosnando ameaças baixas.
De um momento para o outro, a leoa tentou escapar por um espaço entre os arbustos, mas o enorme lobo saltou sobre ela.
Ela desviava como podia, mas os caninos ferozes iam atrás da presa, querendo arrancar sua comida preciosa.
A leoa dourada era ágil, conseguiu despistá-lo várias vezes e, num descuido, escapou por entre as árvores da floresta.
Ela sabia muito bem que o lobo não a levava a sério.
Aumentou a velocidade, correndo ofegante, todos os músculos poderosos do seu corpo em tensão.
Olhou pros dois lados e estava cercada por dois lobos intimidantes que corriam a poucos metros de distância.
O mesmo branco de antes e outro que se camuflava muito mais com a paisagem de gelo, parte da própria neve, mas igualmente com as presas abertas e mortais.
Zeraphina via a meta nos olhos, só mais um passo, bastava passar pelo guardião e, pra isso, carregava a presa.
Escamas negras surgiram em seu caminho, guardando uma ponte suspensa na passagem das montanhas.
Ela se aproximou com cautela do aterrorizante Drakmor, que a olhava com olhos vermelhos frios. Um movimento brusco e ela estaria perdida.
Soltou a presa da boca e a colocou como oferenda, bem perto de suas garras afiadas.
O Drakmor a arrastou pra si, baixou o focinho e a cheirou.
Estava suculenta e recém-caçada, do jeitinho que ele gostava, mas por alguma razão, não a comeu.
Ergueu de novo sua cabeçona e soltou um chiado baixo pra alguém que vinha atrás de Zaraphina, que já estava revirando os olhos.
Passou por ela um homem de cabelo platinado e olhos azuis intensos.
O corpo enorme do Alfa era forte e poderoso, com tatuagens tribais no peito e nos braços, uma saia de couro nos quadris e um andar firme.
Ele se aproximou do Drakmor e levantou a mão pra acariciar as escamas frias.
O Drakmor parecia gigante ao lado dele, seu braço inteiro poderia ser devorado num só bote, mas naquele momento, parecia só um bom menino de olhos fechados, curtindo os carinhos suaves no focinho.
— Guardião da ponte, me deixa passar até o covil do tesouro?
A voz grossa do Alfa do Inverno perguntou, e o dragão não hesitou nem um segundo em se afastar e dar passagem.
— Ei, Ignacio, isso é favoritismo descarado! Você nunca me deixa ganhar! E o Aidan nem trouxe uma oferenda!! Vai me dizer que se contenta só com esse cafunézinho?
A voz de Zera, irritada, começou a gritar já transformada em humana, enquanto procurava sua roupa deixada ali e Aidan e Ignacio olhavam pro lado como verdadeiros cavalheiros.

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