Amanhã será o meu casamento e eu ainda não consigo compreender direito porque Hector Guzmán pretende me forçar a casar com ele, pois toda a história que ele me contou a respeito de eu fazer parte do Cartel de Sinaloa é surreal demais para mim. Meu pai jamais sequer mencionou nada a esse respeito comigo, se bem que eu era muito nova quando ele morreu para entender qualquer coisa.
Hoje faz uma semana que estou presa neste quarto, que é bem bonito, porém as circunstâncias em que me encontro agora não me deixa apreciar a beleza do cômodo, porque é muito difícil para quem está encarcerada, com seu direito de ir e vir cerceado, achar bonito a prisão em que foi obrigada a ficar.
Nos dias que se seguiram, depois que fui trancafiada, um homem vem até meu quarto para trazer as refeições, ele não diz nada, apenas deixa a bandeja com comida e sai. Já procurei várias maneiras de escapar, inclusive quando o homem vem deixar minha refeição, mas sem sucesso. Além do mais, toda a propriedade é bem vigiada vinte e quatro horas por dia, ficando assim quase impossível de se escapar.
Suspiro e sento-me na cama, encolhida contra espaldar, abraço os joelhos e penso mais uma vez em Ethan e em como ele me enganou todo o tempo em que estávamos juntos, ele escondeu de mim algo muito importante e que mudou completamente a minha vida, o que só me faz pensar que ele só quis brincar comigo e me usar. Ele foi cruel por me abandonar naquele lugar sem ninguém por mim, sei que ele não tinha nenhum tipo de obrigação comigo, já que não éramos parentes, mas poderia, pelo menos, tentar saber como estava e assim evitar todos os maus tratos que sofri pelos anos que passei naquele convento maldito.
─ Como você pôde fazer isso comigo, Ethan. Como?! Eu te amo tanto, mas mesmo assim você brincou comigo, fingiu, dissimulou e mentiu descaradamente, principalmente, quando disse que me amava. Era tudo mentira! Tudo mentira! ─ Sem perceber as lágrimas descem por minhas bochechas.
De repente, a porta é aberta em um solavanco me fazendo dar um sobressalto. Encolho-me mais ainda na cama ao ver Hector entrar pela porta me olhando com um olhar enigmático. Ele senta-se em uma poltrona de frente para a cama sem dizer uma palavra.
─ Melanie, precisamos conversar. ─ Anuncia antes de cruzar as pernas e continuar. ─ Amanhã será nosso casamento e tudo o que é seu por direito me pertencerá.
─ Pode ficar com tudo. Eu não quero nada que tenha a ver com o Cartel. Você faz um documento e eu assino, não precisamos casar para isso, por favor. ─ As lágrimas rolam soltas pelo meu rosto.
─ Não é assim que as coisas acontecem, menina. Nosso avô jamais permitiria que tal coisa acontecesse, pelo simples fato de que ele ficou responsável por comandar a parte que lhe cabe, e como tal, só o passará para suas mãos.
─ Nosso avô? ─ Pergunto incrédula por ter um avô.
─ Sim. Pai da sua mãe e do meu pai, o patriarca da família e que, apesar da idade avançada, comanda todos os negócios e os netos com linha dura. Por este motivo, tenho que me casar com você para obter o poder que me é de direito. Eu sou o mais apropriado para assumir os negócios da família! Já possuo metade a que tenho direito por meu pai estar morto e você me dará a outra metade quando nos casarmos. Só deste modo eu terei tudo o que é meu por direito.
─ Vocês sabiam o tempo todo sobre mim e jamais tentaram me tirar daquele convento? Por que meu avô não foi me tirar daquele inferno?
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