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Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu romance Capítulo 132

O céu alaranjado da tarde dava lugar ao azul profundo da noite enquanto Helen caminhava para o estacionamento da empresa, as mãos segurando a bolsa com força, os saltos marcando presença pelo corredor polido. Ela havia sobrevivido a mais um dia no escritório. Sobrevivido… com muito custo.

Cada vez que fechava os olhos, a lembrança do corpo de Ethan surgia diante dela. Aqueles ombros largos, o olhar rouco de manhã, a voz ainda embriagada de sono chamando por ela com aquele maldito apelido carinhoso que agora causava arrepios de baixo para cima: “Chatinha.”

Mas não era só o corpo que a desestabilizava. Era a forma como ele a tocava com os olhos, a delicadeza com que a respeitava, mesmo com o desejo pulsando nos músculos. E, claro, o conselho de Tânia ainda ecoava na cabeça dela como uma trilha sonora indecente:

“Se entrega e depois diz que foi culpa dos hormônios. Usa o bebê como álibi. É libertador, é terapêutico e, no seu caso, é urgente.”

Helen riu sozinha, entrando no carro. Sim, os hormônios estavam em festa. O desejo era real, mas não era só isso. Era o amor que explodia dentro dela. A forma como o coração dela batia diferente toda vez que via Ethan sorrindo. E agora… agora havia três corações envolvidos nessa história.

Ela ligou o carro e seguiu o caminho de sempre, mas com um pensamento diferente. Havia uma decisão amadurecendo ali, entre o batom e os batimentos acelerados. E não era racional. Era visceral.

Quando chegou ao apartamento de Ethan, o silêncio foi a primeira coisa que a fez estranhar. A luz da sala estava acesa, mas nenhum som, nenhum riso, nenhuma reclamação, nem mesmo a televisão ligada com um documentário chato sobre tubarões, o novo vício de Ethan.

Ela entrou devagar, colocando as chaves sobre a mesa lateral, e caminhou até o corredor.

O quarto dele estava entreaberto.

Helen empurrou a porta com delicadeza e não conteve o sorriso que nasceu quando viu a cena.

Ethan dormia.

O rosto calmo, a respiração profunda, os cabelos desalinhados. A perna engessada esticada sobre o edredom e uma das mãos descansando sobre o peito. A televisão estava ligada num volume baixo, passando um filme antigo qualquer.

Ela sentiu o coração acelerar com aquela imagem. Suspirou fundo e sua mente fez uma retrospectiva de tudo o que eles viveram nos últimos meses. A entrega dos dois, a farsa de Miranda, o acidente… levou a mão ao coração sentindo o peito acelerar só de imaginar se ele não tivesse sobrevivido. Olhar Ethan ali, vivo e bem era o que ela mais desejou nesses últimos quinze dias. Levou a mão até o ventre e fez um pequeno carinho sussurrando:

— Não se preocupe bebê, tudo agora vai ficar bem, mamãe é papai prometem.

Helen cada dia mais tinha a certeza de uma coisa, valia a pena reconstruir tudo, mesmo depois da dor.

Se aproximou com passos suaves, desligou a televisão e já ia sair do quarto quando ouviu, rouco e arrastado:

— Chatinha?

Ela virou, sorrindo.

— Oi.

Ethan piscou devagar e então sorriu ao vê-la ali, tão linda e iluminada pela luz suave do quarto.

— Demorou.

— Exagerado… — Ethan fez um bico fofo e Helen sorriu. — Ainda é cedo. — respondeu ela, largando a bolsa no chão. — Fui buscar umas coisas na casa da sua mãe… Ela fez comida pra nós três.

O sorriso dele aumentou.

Três. Ela, ele e o bebê.

— Soa bonito quando você fala assim. — disse ele, com ternura. — Nós três.

Helen apenas sorriu e se aproximou, acariciando os cabelos dele com os dedos.

— Vou tomar um banho. Depois podemos jantar e ver um filme. Quer ver aqui?

Ethan esticou o corpo com cuidado, espreguiçando os ombros.

— Não. Prefiro a sala. Passei o dia inteiro aqui trancado.

— Então tudo bem.

Ela se curvou e depositou um beijo rápido na testa dele antes de sair do quarto. Caminhou até o dela e fechou a porta, sentia o coração batendo mais rápido do que gostaria de admitir.

— O quê?

— Isso. Essa camiseta que não esconde nada… Essa cara de santa que vai me levar direto pro inferno.

Helen riu e caminhou até o sofá.

— Não tenho culpa se os hormônios escolheram esse look.

— Os hormônios querem me matar.

Ela se sentou ao lado dele, dobrando uma perna sobre o sofá e ficando de frente para ele. O tecido da camiseta subiu, revelando mais da coxa.

— Como foi seu dia?

— Uma tortura. — respondeu ele, com os olhos presos nos lábios dela. — Pensei em você o tempo todo. E em como eu não posso te tocar do jeito que quero ainda.

Helen se aproximou mais, apoiando o cotovelo no encosto do sofá.

— Talvez você possa. Um pouco.

— Helen…

— Você quer?

Ele passou a mão pelos cabelos, a tensão vibrando em cada músculo.

— Você não tem ideia.

— Então me mostra.

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