O jantar na casa dos Carter sempre foi um evento cheio de conversas, risadas e, claro, pequenas tensões familiares. Ethan sabia que, de certa forma, todos estavam observando sua relação com Helen. O casamento deles ainda era um enigma para a maioria. Mas se havia algo que Ethan aprendeu ao longo dos anos, era como evitar certos olhares e mudar de assunto com facilidade.
Até que sua mãe decidiu quase estrangulá-lo de carinho.
— Ahh, o que temos aqui? — Amélia pensou alto, com um sorriso enorme iluminando seu rosto no lugar da feição zangada que ela estava preparando para Ethan. E sem aviso, agarrou o filho pelo pescoço e o puxou contra si como se ele ainda tivesse cinco anos.
— Meu filho… — Ela suspirou de maneira dramática, apertando Ethan contra o peito.
— Mãe! Pelo amor de Deus! — Ethan resmungou, tentando se soltar.
Mas Amélia apenas apertou mais.
— O que você está insinuando, Ethan Carter? — rosnou, afundando os dedos no pescoço do filho como um castigo afetuoso.
Helen gargalhou.
— Mãe, pare com isso! — Ele tentou escapar, mas sua mãe era mais forte do que parecia quando queria demonstrar afeto à força.
Foi só quando a voz calma e firme de Richard Carter se fez presente que Amélia, finalmente, soltou o filho.
— Meu amor, larga ele. Ethan não é mais criança.
Ethan imediatamente se escondeu atrás de Helen, como se ela fosse capaz de protegê-lo.
— Obrigado, pai. Achei que fosse morrer! — disse, dramatizando ao esfregar o pescoço.
Amélia revirou os olhos, mas sorriu, divertida.
Enquanto isso, Maria, a governanta da família, apareceu com um sorriso gentil, pegando o sobretudo de Helen para guardar.
— Helen, minha querida, como Ethan está se comportando? — Richard perguntou de repente, olhando para a nora com interesse.
Ethan arregalou os olhos, sem acreditar no rumo da conversa.
Helen sorriu de canto, sabendo que tinha poder absoluto naquele momento.
— Ele está indo bem, meu sogro.
Richard assentiu satisfeito, enquanto Ethan soltava um suspiro aliviado.
— Pai, Mel, Michael… — cumprimentou o restante da família.
Donald, pai de Helen, se aproximou e abraçou a filha com carinho, antes de estender a mão a Ethan.
— Ola meu genro, espero que tenha escutado.
Ethan engoliu em seco, apenas assentindo. Claro que escutou. Mas será que estava pronto para enfrentar o significado dessas palavras? Quando cumprimentou Ethan, Donald percebeu que suas mãos ainda estavam entrelaçadas às de sua filha.
Ele não sabia quando aquilo tinha acontecido. E quando percebeu que Michael, primo de Helen, também havia notado, a tensão cresceu no ambiente. Eles nunca se deram bem. Michael sempre soube de Miranda e chegou a brigar com o tio contra esse casamento. Os dois trocaram um aperto de mão firme, cheio de mensagens silenciosas, mas antes que qualquer faísca se espalhasse, a tempestade Zoe desceu as escadas.
— CUNHADINHA LINDA DO MEU CORAÇÃO!
Helen mal teve tempo de respirar antes de ser esmagada por um abraço apertado.
— Usou a camisola? — Zoe sussurrou, divertida.
Helen engasgou. Olhou para Ethan de relance, ele estava distraído conversando com seu sogro e seu pai. — Graças a Deus. — pensou.
— Zoe! — Helen sibilou, corando violentamente.
Melissa, irmã de Zoe, arqueou a sobrancelha, interessada.
— Camisola?
Helen sentiu a alma sair do corpo.
— Pelo amor de Deus, Zoe! — resmungou, escondendo o rosto com as mãos.
— Por quê?
— Assim você aproveita para conhecê-lo, não é, querida esposa?
Helen revirou os olhos, mas sorriu, aceitando a mão dele. Subiram as escadas juntos, sob o olhar atento de todos.
— Você está fugindo da conversa e me usando como desculpa, querido marido. Que feio!
— Nada disso, sua chatinha. Agora vamos subir logo.
— Chata, eu? Eu não conhecia esse seu lado mandão, prepotente e arrogante.
— Mentirosa.
Os que ficaram na sala observaram a cena, intrigados.
Melissa sorriu.
— Ethan realmente parece ter mudado.
Michael, no entanto, não se convenceu.
— Não dou um mês para ele correr atrás da Miranda de novo. Sempre foi assim e não vai mudar de uma hora para outra.
O clima na sala ficou tenso.
— Michael, pare com isso. Não seja tão pessimista. — Donald o repreendeu.
— Não é pessimismo tio, sou realista. Esse casamento foi um erro, e vocês sabem disso. Ethan nunca vai mudar.
Amélia suspirou pesadamente, tentando dissipar a tensão. Mas enquanto via o filho e Helen sumirem escada acima, ainda de mãos dadas, seu coração se encheu de esperança. Porque algo estava mudando, e talvez… Ethan finalmente estivesse começando a perceber.
Afinal, se era apenas um casamento de conveniência… Por que ele ainda segurava a mão de Helen?

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