O silêncio pairou no ar por um instante, até que Ethan resolveu quebrá-lo da maneira mais irritante possível.
— Mas, se quer mesmo saber… — ele começou, esticando os braços preguiçosamente. — As pernas da dona Amélia são bem melhores que as suas.
Helen arregalou os olhos, e o encarou como se estivesse magoada com a ofensa.
— Ah, é?
— Uhum. — Ethan assentiu, sorrindo travesso. — Mesmo quando ela me dá uns cascudos e me empurra para sair do colo dela.
Helen colocou uma mão no peito, fingindo indignação e disse:
— Aah… Me sinto ofendida e desvalorizada! — fez um biquinho, encarando-o com um olhar fingidamente magoado fazendo Ethan gargalhar alto e dizer:
— Helen, você é demais.
Antes que ela pudesse responder, ele apertou de leve o biquinho que ela fazia nos lábios entre os dedos e saiu, rindo enquanto caminhava até uma das salas anexas. Helen seguiu seu caminho com o olhar. Mas, quando percebeu que estava admirando seu marido, desviou o olhar imediatamente. Ela mordeu o lábio, frustrada consigo mesma.
Pelo amor de Deus, Helen! Se controle! — pensou.
Mas como, se Ethan fazia questão de dificultar isso?
A maneira despojada que ele caminhava, as costas largas que tanto ela desejava tocar, os cabelos assanhados que lhes dava um ar despojado e lindo e o bumbum… o bumbum dele naquela calça social não ajudava em nada. Ela suspirou, passando a mão no rosto tentando controlar as sensações que ele causava dentro dela.
Segundos depois, ele voltou, agora segurando um copo d’água.
— Estou te atrapalhando? — perguntou, parando à sua frente. Helen balançou a cabeça, tentando disfarçar o rubor no rosto.
— Não de fato. Pedi a Tânia que me trouxesse algumas coisas para eu trabalhar aqui.
Ethan sorriu satisfeito.
— Ótimo. Então não tem problema eu dormir mais um pouquinho, né, chatinha?
Helen franziu a testa.
— Ethan, você não vai…
Mas ele ignorou completamente. Largou o copo sobre a mesa e se jogou novamente no sofá, dessa vez virando o rosto para a barriga dela.
E, antes que Helen pudesse reagir, um de seus braços envolveu sua cintura, fazendo ela paralisar.
— Eu ainda continuo com muita vontade de dormir… — Ethan murmurou, de olhos fechados.
Helen sorriu e sem perceber, seus dedos voltaram a acariciar os cabelos dele.
— Hum… manhoso.
— Olha quem fala. Tsc, nunca fui manhoso, sua chatinha.
— Imagina… — debochou, rolando os olhos.
Ethan levantou o olhar, ainda com o queixo apoiado na perna dela. Seus olhos brilhavam com um desafio silencioso.
— Qual é, Helen? Vai dizer que não gosta de receber carinho também?
Helen cruzou os braços, se fazendo de difícil.
— Não, eu não!
Ethan arqueou as sobrancelhas.
— Aaah, duvido!
O tom de voz dele indicava que um desafio havia sido lançado.
— Quer saber? — ele continuou. — Nós temos a vida toda para eu descobrir a verdade. E você tem a vida toda para se dar mal quando vier me pedir carinho porque está carente.
Helen bufou.
— Duvido. Você vai me abandonar antes disso acontecer. Ou então vai ser um daqueles velhos ranzinzas que só dão valor ao trabalho e esquecem do resto.
— Nada disso, senhora Carter. Seu esposo tem uma reunião importante agora mesmo.
Ethan bufou irritado, se sentando no sofá, passando as mãos pelos cabelos.
— Porra, Liam! Você e o James são uns merdas como amigos.
James deu um sorriso debochado dizendo:
— Você está exausto… e está dormindo no colo dela?
Ethan corou na hora e disse:
— Vocês são uns chatos mesmo.
Zoe cruzou os braços, fingindo irritação e disse:
— O meu irmão e minha cunhada não estavam fazendo nada demais… se bem que… se eles estivessem se pegando…
Helen arregalou os olhos e gritou:
— ZOE!
Ethan levantou num pulo, ajeitando a gravata, tentando parecer sério, virou para os amigos e disse gaguejando:
— Va-Vamos logo para essa droga de reunião. — Então, se virou para Helen. A expressão dele estava estranhamente hesitante. — Quando terminarmos, passo na sua sala. Podemos ir para casa juntos?
Helen, que ainda estava em choque com toda a situação, demorou um segundo para reagir.
— Cla-Claro, Ethan.
Ele assentiu e quando viu ela caminhando para a saída de sua sala, uma pergunta martelava em sua cabeça.
Por que diabos aquele momento com Helen parecia ter mudado tudo? E por que ele sentia que, se continuasse assim, não haveria mais volta?

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