A noite caiu sobre a cidade, mas a mente de Helen estava longe dali. Ela tentou se concentrar no trabalho, tentou ignorar as provocações de Zoe, tentou até não pensar no que uma viagem a sós com Ethan poderia significar.
Mas foi inútil.
Porque, por mais que tentasse fugir, seu coração insistia em levá-la de volta para a mesma questão.
Ethan. Moscou. Um quarto de hotel.
Ela se mexeu inquieta na cadeira, jogando a cabeça para trás e soltando um longo suspiro.
— Ótimo, Helen. Agora você virou uma adolescente ansiosa por uma viagem com o cara que gosta.
Falando assim, parece até simples, mas não era. Porque Ethan não era qualquer homem, ele era seu marido, mesmo que fosse apenas no papel. E o que aconteceria se essa linha invisível entre os dois começasse a desaparecer? Se o jogo virasse de vez?
Helen sacudiu a cabeça rapidamente e disse a si mesma:
— Não!
Ela não podia se iludir. Mas quando seu celular vibrou sobre a mesa, seu coração pulou de imediato, ao ver o nome dele no display. Ela hesitou por um instante antes de atender, mordendo o lábio.
— Vamos Helen, não seja covarde! — pegou o aparelho levando ao ouvido e disse: — Oi?
— Helen, estou descendo.
— O quê? — ela arregalou os olhos.
— Vou passar na sua sala antes de irmos para casa.
Ela engoliu em seco, seu peito acelerando num ritmo insuportável.
— Certo. Estou te esperando.
Assim que desligou, Helen se levantou às pressas, ajeitando a saia e tentando ignorar o súbito nervosismo que tomou conta de si. Foi até banheiro de sua sala, passou as mãos pelos cabelos, checou o hálito e praguejou:
— Se controla Helen, você não é mais uma garotinha!
Minutos depois, a porta se abriu sem cerimônia, e lá estava ele.
Ethan Carter.
A camisa social ainda estava impecável, a gravata frouxa ao redor do pescoço, e os cabelos levemente bagunçados, provavelmente de tanto passar a mão neles. Por Deus, ele era perfeito. — pensou. Ethan entrou na sala com sua presença dominante de sempre, mas seus olhos se fixaram nela de um jeito diferente, com um sorriso nos lábios disse:
— Vamos? — perguntou, com aquele tom casual que sempre a desarmava.
Mas antes que Helen pudesse responder, Ethan franziu o cenho, observando-a melhor.
— O que foi? Parece nervosa.
— Não estou! — Helen se apressou em responder, talvez rápido demais, fazendo ele arquear a sobrancelha, claramente desconfiado.
— Eu… Eu preciso ir?
Ele arqueou a sobrancelha, se divertindo com a hesitação dela.
— Por que a pergunta? Não quer passar uns dias em Moscou comigo, querida esposa?
O jeito que ele disse “esposa” fez seu corpo inteiro arrepiar.
— Claro que não é isso… — ela desviou o olhar, tentando se recompor. — Só… achei que talvez fosse algo que você resolveria sozinho.
Ethan se inclinou ligeiramente para frente.
— Não. Eu quero você lá.
Helen sentiu o estômago revirar. O elevador parou no térreo, mas suas pernas pareciam incapazes de se mover.
— Helen? — ele chamou, divertido. — Vai sair ou pretende dormir aqui?
Ela acordou do transe e saiu rapidamente. No caminho até o carro, Helen tentou manter a mente focada em outra coisa, mas não conseguiu. Porque a verdade era simples e assustadora ao mesmo tempo. Ela queria ir para Moscou e queria ir com Ethan. Mas até que ponto conseguiria se manter no controle?
Ela não sabia, mas logo, muito em breve, teria sua resposta. E talvez… não houvesse mais volta.
Porque Moscou pode ser só um destino no mapa. Ou o lugar onde tudo entre eles mudará para sempre.

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