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Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu romance Capítulo 48

Helen chegou à empresa com um sorriso que não conseguia disfarçar. Seu corpo ainda lembrava o calor de Ethan, a intensidade do olhar dele na noite anterior. O quase-beijo queimava como um segredo doce e proibido, e ela não conseguia parar de reviver o momento.

Entrou sorrindo, cumprimentou os colegas com um aceno animado e seguiu para sua sala. Assim que a porta se fechou atrás de si, encostou-se na madeira, respirando fundo, os olhos brilhando.

— O que foi aquilo ontem? — murmurou para si mesma, sorrindo. — Você quase… Helen, você quase…

Sacudiu a cabeça, divertida, e caminhou até a mesa. Colocou a bolsa sobre o tampo de vidro, ligou o computador e desbloqueou o celular.

Uma notificação.

Uma mensagem desconhecida.

“Se quer saber quem de fato é o seu marido, compareça a esse endereço.”

A imagem de Ethan veio imediatamente à sua mente. O sorriso dele, o toque em seu rosto. O olhar carregado de desejo e confusão. Franziu a testa.

— O que é isso?

Apertou o ícone da mensagem. Havia um endereço, nenhuma assinatura, nenhuma explicação.

O coração de Helen disparou. As mãos começaram a suar. Uma raiva surda cresceu em seu peito, alimentada por dúvidas e sombras.

— Isso só pode ser uma brincadeira de mau gosto — disse, mas sua voz soou insegura.

E se não fosse? E se alguém estivesse tentando abrir os olhos dela? E se… Ethan estivesse mentindo?

A lembrança da noite anterior se embaralhou com as memórias da desconfiança que tantas vezes tentou silenciar.

Miranda.

O passado mal resolvido, o silêncio dela. O olhar estranho que Ethan às vezes tinha quando acreditava que ninguém o observava. Fechou os olhos, lutando contra a pontada no estômago. Algo dentro dela gritava para não ir. Mas a parte ferida, a parte que ainda sangrava com os enganos do passado, queria respostas.

— Que seja. Vamos ver o que é isso.

Pegou a bolsa de volta, desligou o computador com brutalidade e saiu da sala sem dizer uma palavra.

O táxi seguia em silêncio pelas ruas da cidade. Helen mantinha os olhos fixos no visor do celular, com o endereço anotado. O carro parou em frente a um apartamento luxuoso, em um bairro chique. Por um momento engoliu seco, não precisava ser inteligente para saber onde estava.

Sentiu o corpo estremecer e o coração bater acelerado. Não queria acreditar que seu marido estava ali, com Miranda. Não depois de tudo o que tinha acontecido entre os dois, não depois de todos os meses de convivência…

— Tem certeza de que quer descer aqui, senhora? — perguntou o motorista.

Helen apenas assentiu.

Desceu do carro com os músculos tensos. O ar parecia fugir e suas pernas estavam pesando uma tonelada. Olhou novamente para a mensagem do celular onde estava o número do apartamento. Passou pela recepção sem se identificar, e entrou no elevador.

Quando as portas metálicas se fecharam, Helen soltou o ar que prendia e levou a mão até o peito. Precisava se preparar para o pior, mas no fundo, ela ainda tinha esperanças de que tudo não passasse de uma brincadeira de mau gosto.

As portas do elevador abriram e Helen ainda hesitou em sair, mas precisava ser forte. Caminhou em direção a porta semi-aberta e viu.

Ethan beijava Miranda.

Helen sentiu o mundo vacilar. O peito apertou e o seu coração bateu furioso. Ela não sabia o que doía mais, vê-los juntos ou perceber que, de alguma forma, ela sabia que aquilo ia acontecer. Segurou as lágrimas e apertou os punhos. E com passos firmes, seguiu e abriu a porta, pronta para encarar a verdade ou destruí-la.

✲ ✲ ✲

Ethan estacionou diante do prédio de Miranda com o estômago revirado e o peito em combustão. A chuva fina que começava a cair parecia zombar dele, como se o céu soubesse que ele estava prestes a cometer um erro que não poderia desfazer.

Cada passo em direção à porta parecia enterrar um pouco mais de si mesmo. Ele não queria estar ali. Não mais. Mas precisava pôr um ponto final. Encerrar aquilo que há muito já devia estar morto.

A campainha soou, e lá estava.

Miranda.

Surgiu na porta envolta em uma camisola de cetim preto que abraçava seu corpo como um convite envenenado. O tecido escorria como óleo por sua pele, reluzindo sob a luz do corredor. Os olhos dela, outrora porto seguro, agora ardiam feito lâminas afiadas escondidas num sorriso doce.

— Ethan... — disse ela, num sussurro sedutor — que bom que veio.

Ele manteve o olhar firme, o maxilar travado.

— Estou aqui, Miranda. Diz o que você quer.

Ela deu um passo à frente, os quadris balançando com a familiaridade de quem já o teve e queria de volta. Inclinou a cabeça, fingindo ingenuidade.

E então a viu.

Helen.

Parada à porta entreaberta, os olhos em choque, o rosto inundado de lágrimas que ela nem tentava conter. O corpo dela tremia, e a alma sangrava à mostra.

— Helen... — sussurrou ele, tentando dar um passo. — Não é o que parece, eu...

— Não se atreva! — ela gritou, a voz embargada. — Eu vi tudo, Ethan. Eu ouvi! Você precisa ficar comigo por causa do maldito contrato, não é isso?

Ele ficou em silêncio. As palavras pesavam demais.

— Vocês dois se merecem. — ela cuspiu, com a voz carregada de desprezo e dor.

E então, virou-se, os passos cambaleantes como os de quem carrega o peso do mundo nos ombros.

— Helen, por favor! — Ethan implorou, indo atrás. Mas ela já desaparecia no fim do corredor.

Miranda, atrás dele, ajeitou a alça da camisola com satisfação.

— Pelo menos agora ela sabe a verdade.

Ethan a olhou com uma fúria contida, um nojo silencioso.

— Você armou isso.

— Claro que não meu amor. Eu te amo.

Ele a deixou ali, sozinha na porta, e correu até o elevador. Mas era tarde demais. As portas se fecharam bem diante dos seus olhos, levando consigo a mulher que ele talvez tenha começado a amar… de verdade.

E Ethan ficou ali.

Com o gosto do erro nos lábios.

E o peso de uma escolha que não teve coragem de fazer… até ser tarde demais.

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