Ethan Carter
A voz de Helen soava embolada, arrastada, como se estivesse em outro mundo.
— Helen? — minha voz saiu mais dura do que eu pretendia.
Do outro lado, ela riu baixinho.
— Não interessa!
— Helen…
— Ah meu caro marido, tem certeza que quer saber onde estou?
Um silêncio surgiu do outro lado da linha e sinto todo o meu corpo se arrepiar. Onde ela estava e porque estava completamente embriagada.
— Agora nesse exato momento estou em busca de um homem gostoso e irresistível para passar a noite cavalgando em cima dele.
— VOCÊ O QUE?
— Bye Bye maridinho…
Me levanto encarando Liam furioso. Percebo a tensão em Liam, mas antes que ele consiga dizer alguma coisa, pego novamente meu celular e telefono para Zoe.
— Oi traidor.
Escuto minha irmã me chamando de traidor e por um momento hesito. Claro que Helen deve ter contado o que aconteceu, mas não vou perder tempo tentando explicar para minha irmã alguma coisa.
— Zoe onde vocês estão?
— Nós? Como assim nós?
— Helen está com você?
— Bem….
— ZOE!
— Isso ai cunhadinha o bombeiro é uma delícia!
— ZOE!
— O que é Ethan? Porque não vai para os braços daquela vagabunda de quinta categoria?
— Você não sabe de nada.
— Não sei? A única coisa que eu sei querido irmão é que minha cunhada vai ter uma noite que ela merece! Ei… O POLICIAL É MEU!
Desligou.
Minha mandíbula travou: Zoe acabou de dizer que a minha mulher estava dançando com a porra de um dancarino de boate e que ia ter uma noite que jamais teve antes?
Apertei o telefone com mais força, fechei os olhos e levei a mão a têmpora tentando controlar a dor de cabeça que começava a me atingir. Depois de uns segundos relativamente mais calmo, suspirei e virei para Liam dizendo:
— BUSCAR A MINHA MULHER!
— Ethan… cara, calma você …
Ele já levantava da cadeira, pegando suas chaves. Jogou alguns dólares sobre a mesa sem sequer olhar e disse:
— Vai comigo ou vai deixar minha irmã se engraçar com um dançarino vestido de policial?
Liam ficou calado, mas a expressão dele dizia tudo. Ele estava tão incomodado quanto Ethan, porque Zoe também estava lá e se ele tinha Helen para arrancar da boate… Ele tinha sua irmã.
Respirou fundo, segurando a raiva crescente. Helen não fazia ideia do que estava prestes a acontecer, mas ela iria descobrir.
Helen Bennett Cárter
O álcool queimava minhas veias. A pista de dança vibrava sob meus pés, as luzes piscando como batimentos cardíacos acelerados. Zoe gritava ao meu lado, empolgada, erguendo mais uma dose que eu aceitei sem pensar. Não sabia quantos drinks já tinha tomado, e sinceramente, não me importava.
Tudo o que eu queria era esquecer. Do casamento, da dor, das mentiras. Esquecer de Ethan Carter e da vagabunda da amante dele. Mas, como se o destino fosse um sádico de marca maior, o universo me respondeu com um soco no estômago.
Ele entrou na boate.
Alto, imponente, másculo. Com aqueles malditos olhos azuis que mais pareciam uma tempestade prestes a explodir. Ao lado dele, Liam, que parecia desconfortável com tudo aquilo.
Meu sangue ferveu. O coração, bêbado como eu, começou a bater de forma irregular. Meus lábios se curvaram num sorriso ladino, provocador.
Quer jogar, Ethan Carter? Então vamos jogar.
Sem pensar, agarrei o braço do primeiro homem que passou por mim. Um ruivo bonito, com um sorriso malandro e olhar faminto.
— Dança comigo — sussurrei.
Ele nem hesitou. Me puxou com firmeza pela cintura, colando os nossos corpos. A música pulsava ao nosso redor, mas o único som que importava era o da minha respiração acelerada e a do ruivo se aproximando do meu rosto com um olhar cheio de intenções.
— Você é um perigo, gata — murmurou.
— Sou? Então o que acha de um desafio, gatinho?
E antes que eu pudesse rir, seus lábios tomaram os meus com ferocidade.
Foi um beijo quente, ousado, sem aviso ou permissão e, por um segundo, eu deixei acontecer. Queria que Ethan visse. Queria que doesse nele, que queimasse lá no fundo.
E funcionou.
Porque quando abri os olhos… ele já vinha em minha direção.
Rápido, perigoso e furioso.
Ethan atravessou a pista de dança com o rosto tomado pelo ódio, os olhos fixos em nós dois como se o resto do mundo tivesse desaparecido. Liam tentou segurá-lo, mas não teve chance. Ele agarrou o ruivo pelos ombros e o arrancou de mim com um puxão brutal.
— Você se superou hoje — murmurei, encostando a cabeça no encosto do banco e virando o rosto na direção dele.
Silêncio.
Ele não me olhava, mas eu via o músculo do maxilar dele saltando, as mãos apertando o volante como se tentassem espremer a raiva que não conseguia mais conter.
— Podia ter deixado que o cara terminasse o serviço — continuei, debochada. — A gente ia subir pra um quarto, eu ia gemer no ouvido dele e, por um segundo, esquecer que sou casada com um homem que prefere aquecer os lençóis da amante a ter que se deitar com a própria mulher. Será que é porque… tem medo de não dar conta?
Nada.
Ele continuava quieto. Isso só me dava mais vontade de provocá-lo.
Abaixei a alça do vestido devagar, deixando um dos ombros à mostra.
— O que foi, Ethan? Vai me ignorar agora? — puxei outra alça expondo parte dos meus seios — Vai fingir que não vê?
Ele engoliu em seco. Eu ouvi e aquilo me deu ainda mais coragem.
— Tá tudo bem. Posso continuar sozinha.
Comecei a arrastar o vestido pelas coxas de maneira lenta e sensual. O tecido deslizou pela minha pele quente, quando cheguei na altura das coxas, minhas mãos foram bruscamente interrompidas.
— Helen, chega! — rosnou ele, puxando minha mão com força.
— O que foi? — sussurrei, me aproximando do rosto dele. — Não é como se você se importasse, não é?
— Você está bêbada. E surtando. — A voz dele tremia de raiva… e de algo mais.
— Eu tô viva. E você tá me matando aos poucos.
Tentei puxar o vestido de novo, mas ele segurou meu pulso com firmeza. O toque dele queimava minha pele. Os olhos estavam escuros, intensos. E foi aí que percebi: ele não queria me impedir, queria me devorar.
— Tá com medo de quê, Ethan? — perguntei, com a respiração ofegante. — De ver o que perdeu?
— Eu não perdi nada. — rosnou. — O que é meu, é meu.
— Então prova. — sussurrei.
Ele fechou os olhos por um segundo, tentando controlar a fera dentro dele. Mas era inútil.
— Você quer brincar com fogo? — murmurou, com a voz baixa, rouca, perigosa.
O carro parou bruscamente diante do prédio. Ele desceu sem dizer uma palavra, abriu minha porta com violência e me puxou pelo braço.
— Me solta, seu maluco!
Ele se virou para mim, devagar com os olhos azuis cravados nos meus , fez um por dois segundos que pareciam eternos… e então caminhou até mim com a mesma força de uma avalanche.
E naquele momento eu tive certeza de uma coisa. Por mais puta e magoada que estivesse, tinha certeza que não conseguiria resistir a Ethan Carter.

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