Ethan Carter
O silêncio da minha sala era uma benção e uma maldição. A cidade pulsava do lado de fora, mas aqui dentro tudo parecia contido, retesado, sufocado exatamente como me sinto agora.
Sentei-me na cadeira de couro, encostei minha cabeça no encosto e fechei os olhos por um minuto.
Helen…
A imagem dela ainda estava cravada na minha retina, o corpo esbelto dela nu nos meus lençois, os cabelos bagunçados, os lábios entreabertos, a perna esticada inconscientemente, provocante como o inferno. Os seios a mostra e a porra da lembrança dela me provocando..
Será que ela tinha noção do que tinha feito comigo? Claro que não, Ethan, ela estava bêbada. Mas a provocação foi real, assim como o estrago que ela fez em mim.
Respirei fundo. Peguei uma caneta e comecei a girar entre os dedos, inquieto, como a porra de uma adolescente apos um sonho molhado.
Isso é patético Ethan, você já enfrentou conselhos de administração corruptos, CEOs manipuladores, sócios sanguinários e está desmoronando por causa de uma mulher de um metro e sessenta que fala dormindo e cheira a baunilha?
Sim… o pior que estou.
Meu celular vibra na mesa e recebo uma notificação de que Liam acabava de chegar, levantei antes que a razão pudesse pedir calma. Minutos depois, a porta é aberta e entra Liam. Ele entra com aquele andar preguiçoso e aquele olhar afiado como quem está prestes a soltar uma gracinha.
— Nossa você está péssimo! — disse sentando na cadeira à minha frente.
— Você não veio até aqui para falar da minha aparência, não é Owen?
— Não. Vim porque você me arrastou até aquela maldita boate, agiu como um lunático dando um soco em um garoto, quase foi preso e depois saiu com sua esposa bêbada em seus braços desaparecendo sem dar notícias.
Cruzei os braços e trinquei o maxilar.
— Eu levei a Helen para casa, dei um banho nela e depois fui dormir!
— E conseguiu?
Levantei as sobrancelhas não entendendo onde ele queria chegar.
— Dormir, porra.
— Não muito!
— Você precisa de ajuda cara. — o filho da puta disse sorrindo.
— Não, eu preciso de um cigarro, ou bater em alguém ou…
— Helen…
Levantei os olhos devagar, o nome dela em outra boca me incomodava.
— Ela é minha esposa!
— Por contrato.
— Por escolha.
Liam suspirou, descrente.
— Ethan, nós precisamos conversar como dois homens adultos, não como dois adolescentes. O que está acontecendo com você, de verdade.
Me acomodei melhor na cadeira. A pergunta pairou no ar, e pela primeira vez eu não sabia responder. Nunca senti um terço do que sinto pela Helen por mulher nenhuma, nem mesmo a Miranda causou toda essa confusão que ela provocava.
Me levantei caminhando até a janela, apoiei as minhas mãos no peitoril de vidro e observei a cidade abaixo. Os prédios altos, as ruas, tudo parecia tão pequeno daqui. Suspirei fundo e respondi:
— E se ela não levar isso adiante?
— Então vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para reconquistá-la. Nem que para isso eu tenha que engolir o meu orgulho e deitar no chão se ela mandar.
— Vai mesmo fazer isso?
— Eu levo um tiro por ela se for preciso.
— Isso meu amigo, se chama amor.
— Isso se chama desespero.
Liam sorri .
— O nome é o que menos importa, o que de fato importa agora é o que está disposto a conseguir a confiança dela novamente.
— Vou esperar… e se ela me der algum sinal, qualquer que seja, não deixarei passar.
Voltei para a mesa, olhei para o relógio de pulso que já se passava das dez horas. Será que ela já havia acordado? Será que ela lembraria de alguma coisa de ontem? Uma parte de mim gritava que sim, já a outra, uma bem pequena, diga-se de passagem, dizia que era o melhor.
Quero ter certeza do que realmente sinto por Helen, não posso deixar o meu desejo sobrepor a tudo, porque dessa maneira, irei machucá-la novamente e isso é a última coisa que quero no momento.
Peguei o celular e fiquei olhando… deveria ligar e saber se ela tomou os comprimidos? Será que ela estava assim tão confusa ou pensava no que tinha acontecido ontem a noite?
— Para Erhan você vai enlouquecer!
Por mais que tudo tenha começado apenas por um contrato, eu desejava algo a mais agora, eu a desejava e ela seria minha. Eu estava disposto a deixar claro para ela que agora, ela não era uma opção e sim uma escolha e que estaria disposto a fazer de tudo para que isso desse certo.

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