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Após o Divorcio Meu Marido Se Arrependeu romance Capítulo 76

O elevador abriu silenciosamente no andar da cobertura, revelando Ethan e Helen lado a lado. O dia tinha sido longo, arrastado e cheio de reuniões intermináveis na empresa, mas ali, fora dos olhares, contratos e formalidades, eles pareciam… quase leves, ou estavam tentando.

O problema era que a tensão sutil que vinha crescendo entre eles há dias, ou talvez, semanas, parecia só ganhar força quando estavam a sós.

Ethan lançou um olhar para ela enquanto jogava as chaves displicentemente no aparador e começava a abrir os botões da camisa.

— Eu tô morrendo de fome — declarou com um drama teatral, massageando o estômago como se estivesse à beira da morte.

Helen soltou uma gargalhada e pendurou a bolsa no encosto de uma cadeira.

— Vai tomar banho enquanto eu peço comida — mandou ela, já pegando o celular.

Ethan lançou-lhe um olhar ultrajado, o canto da boca puxando num sorriso travesso.

— Tá certo, mamãe — resmungou, caminhando de costas em direção ao quarto. — Mas pede sushi! — gritou antes de desaparecer no corredor.

Helen revirou os olhos, sorrindo de canto. “Mamãe”, aham. Se ela era a mãe, então ele era a criança de pijama que precisava ser vigiada para não fazer besteira.

Enquanto Ethan tomava banho, Helen aproveitou para se livrar da tensão do dia também. A água quente escorrendo pelos ombros parecia lavar, junto com o cansaço, os pensamentos tortuosos que se acumulavam desde que ele começara a agir diferente.

Mais presente.

Mais doce.

E ela… estava se acostumando rápido demais com isso. Rápido e perigosamente.

Ao sair do banheiro, abriu a gaveta e escolheu sem hesitar o pijama de pandas que ele tinha lhe dado de presente. A blusa larga mostrava um panda abraçando um bambu com uma carinha boba. A calça de flanela era repleta de pequenos pandas em posições absurdas. Nos pés, as pantufas felpudas completavam a tragédia fashion.

Ridículo. Fofo. Perfeito.

Organizaram a sala como um verdadeiro ninho. Helen puxou o sofá retrátil, espalhou almofadas coloridas, estendeu o cobertor de elefante rosa — aquele que Zoe jurava que era um crime contra a estética — e preparou tudo para uma noite de puro conforto.

Era quase patético o quanto aquele ritual a deixava feliz.

Separou duas bandejas para o sushi, dois copos altos de refrigerante e ajeitou tudo com esmero.

Foi quando ouviu passos. E então… Ethan apareceu na porta da sala.

Helen parou. A boca entreaberta. O coração… tropeçando.

Ele usava um short de panda idêntico ao dela. A blusa preta ajustada ao peito, os músculos visíveis, contrastando com a estampa absurdamente fofa.

E, como se não bastasse, ele girou sobre os calcanhares, como se estivesse desfilando.

— E aí, gostou da minha escolha de alta costura? — perguntou, fingindo voz de modelo.

Helen arregalou os olhos e começou a rir, o rosto corando até a alma.

— Está… lindo. Um modelo único. — zombou.

— Eu sei. — respondeu ele, convencido, piscando descaradamente. — Somos um casal tema agora. Time panda!

— Convencido! — ela retrucou, jogando uma almofada nele.

Ethan, claro, agarrou a almofada no ar com a habilidade de um ninja de pijama e revidou jogando-a de volta.

— Não resistiu a essa gostosura de panda, admite! — brincou.

Helen gargalhou alto, com as bochechas já doendo. Era tão bom rir assim… Era tão fácil esquecer o mundo ao lado dele.

Ethan correu até o sofá e mergulhou entre as almofadas com a graça de uma criança hiperativa.

— Nossa, chatinha… você nasceu pra isso! — disse, admirando o cenário montado. — Conforto, comida e pijamas temáticos. Me pergunto por que ainda não renovamos nossos votos!

— Porque com esse seu senso de moda, eu deveria pedir o divórcio. — Helen rebateu, com sarcasmo e um brilho nos olhos.

— Que ingratidão. Vou cobrar por esses momentos de puro entretenimento.

Ela riu, e ele piscou novamente, como se aquele fosse o golpe final.

Eles comeram entre piadas, risadas e discussões calorosas sobre quem sabia usar melhor o hashi. Ethan, claro, fazia questão de competir — mesmo derrubando pedaços de sushi no prato de Helen de propósito.

— Você é um desastrado! — ela reclamou, limpando o molho da manga do pijama.

— Eu chamo de ataque estratégico para enfraquecer o inimigo. — respondeu ele, piscando.

A chuva fina começou a tamborilar contra os vidros, criando um fundo musical acolhedor.

Depois de muito rirem e se empanturrarem, Ethan estendeu os braços num longo bocejo.

Ethan segurava Helen tentando não rir, mas era impossível. O desespero dela, misturado à pose de panda, era a coisa mais hilária que já tinha visto.

— Calma, eu te protejo! — prometeu, ainda rindo.

— Jura?! — ela ergueu a cabeça, os olhos arregalados de terror.

— Juro. — disse ele com firmeza. — Só me promete que não vai desmaiar se ela resolver encarar você de volta.

— NÃO É HORA PRA PIADA, ETHAN!

— Ok, ok. Operação “Salvar a Chatinha” ativada.

Ethan se levantou ainda com Helen grudada nele, colocou-a no sofá em segurança e, em um movimento digno de filmes de ação, pegou a pantufa de panda.

— É agora, maldita! Aqui quem manda é o time panda! — gritou, correndo em direção à barata.

Helen, encolhida sob o cobertor de elefante, assistia tudo com os olhos arregalados e a mão tapando a boca para não explodir em riso.

Depois de uma batalha épica que envolveu golpes de pantufa e gritos masculinos nada dignos de um herói de ação, Ethan voltou vitorioso.

— Missão cumprida. — anunciou, triunfante.

Helen soltou o cobertor e correu para ele, abraçando-o.

— Você salvou minha vida!

— Salvador oficial de damas indefesas e fofo no currículo. — disse ele, piscando.

Ela sorriu.

E, naquele abraço apertado, com a chuva caindo do lado de fora, os dois se esqueceram de todas as defesas.

Não havia espaço para dúvidas.

Nem para medo.

Só para aquela certeza silenciosa que ambos sentiam… mas ainda não tinham coragem de confessar em voz alta. Pelo menos não ainda.

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