A sessão de filmes seguiu entre risadas, comentários debochados e olhares cada vez mais demorados. Helen, ainda aninhada no peito de Ethan, havia trocado as pantufas pelo cobertor de elefante e agora estava encolhida entre as almofadas, com os olhos pesando de sono.
— Se eu dormir aqui… você me j**a no corredor? — ela murmurou, já meio sonolenta.
— Claro que não, chatinha. Só se você roncar.
— Eu não ronco.
— Veremos.
Ela deu um tapa leve no ombro dele e riu. Ethan passou a mão por seus cabelos mais uma vez, e foi o último movimento antes do silêncio vencer.
Minutos depois, os dois dormiam abraçados no sofá, cobertos até o pescoço, com as pernas entrelaçadas, o cobertor escorregando preguiçosamente pelo chão. A chuva continuava lá fora, como trilha sonora do que estava se tornando um tipo de intimidade que não precisava de palavras.
Manhã seguinte…
A luz dourada da manhã filtrava-se pelas frestas da cortina. A sala estava em silêncio, exceto pelo som suave da respiração de dois corpos ainda adormecidos.
Ethan abriu os olhos primeiro. Acordou devagar, sentindo a cabeça um pouco pesada, mas o corpo surpreendentemente confortável. Foi então que notou que Helen estava jogada por cima dele.
Literalmente.
Uma perna sobre suas coxas, uma mão sobre seu abdômen. E… a palma espalmada direto sobre seu short de panda. E bem ali… onde a ereção matinal era absolutamente impossível de esconder.
Ele travou a respiração.
— Merda. — murmurou baixinho, arregalando os olhos.
Tentou mover o quadril com cuidado. Só um pouco. Só o suficiente para afastar a pressão.
Mas… A mão dela se moveu também, apertando…
Ethan cerrou os olhos, praguejou entre os dentes e mordeu o lábio para conter o gemido baixo que escapou. O corpo todo reagiu, um arrepio subiu em espiral.
— Ah, droga… — sussurrou, com a voz rouca e tensa.
Nesse exato momento, Helen acordou.
Ela piscou algumas vezes, sentindo o toque do sol, a textura macia do pijama, o calor do corpo sob o seu… e então… Percebeu.
Os olhos desceram lentamente até a própria mão. E lá estava ela, bem em cima do short de Ethan. Exatamente sobre… aquilo.
— MEU DEUS! — gritou, sentando-se num pulo, o rosto inteiramente vermelho. — Ethan! Desculpa, eu… eu juro que eu estava dormindo!
Ethan, ainda deitado, começou a rir. Um riso verdadeiro, gostoso, meio rouco pela manhã, mas cheio de encanto e diversão.
— Relaxa, chatinha — disse ele, puxando uma almofada e cobrindo a própria virilha com um drama divertido. — Mas acho que vou precisar de uns minutinhos aqui… antes de levantar.
— Ethan! — ela escondeu o rosto nas mãos, rindo e morrendo de vergonha. — Você é impossível!
— E você tem mãos perigosas. — ele provocou, ainda rindo.
Helen tentou recuperar o controle, mas só conseguia rir com ele, sentindo o rosto quente e o coração… disparado.
Helen ainda escondia o rosto entre as mãos, o riso abafado misturado à vergonha que queimava suas bochechas.
— Eu… eu não acredito que fiz isso. — disse entre risos nervosos.
Ethan, ainda largado no sofá, segurava a almofada sobre o colo com uma das mãos e esfregava os olhos com a outra.
— Acordar com a mão de uma mulher em mim não era bem como eu imaginei essa manhã… mas olha, confesso que poderia ser pior.
Helen atirou uma almofada nele.
— Seu idiota!
— Sua chatinha! — ele respondeu no mesmo tom, rindo.
Ela se levantou finalmente, tropeçando nas pantufas de panda e recolhendo o cobertor rosa do chão. O clima entre os dois era de leveza… mas por baixo, a corrente elétrica entre eles não tinha ido embora. Só estava ali, esperando a próxima faísca.
— Eu vou… tomar banho. — Helen avisou, com a voz trêmula, desviando o olhar. — E depois faço o café.
— Ótimo. Me dá tempo de convencer meu corpo a voltar ao modo civilizado. — disse ele com um sorriso sacana, girando a almofada na mão. — E talvez, se você parar de me atacar dormindo, eu até deixo você escolher a playlist do café da manhã.
Helen lançou um olhar afiado por cima do ombro.
Helen ergueu os olhos devagar. E o encontrou.
O olhar dele não era brincalhão. Era intenso, caloroso, real.
— Eu sei que a gente vive se provocando, rindo… — Ethan continuou. — Mas eu não estou brincando quando digo que gosto de ter você aqui. Gosto de acordar com você perto, de saber que você vai rir de novo, mesmo quando eu sou um idiota.
Ela sorriu, pequena.
— Você é um idiota… mas às vezes é o meu idiota favorito.
Ethan deu uma risada baixa.
— Eu estou tentando, Helen. De verdade. Não sou bom nisso, mas com você… eu quero ser.
Ela se levantou devagar, deu a volta na mesa e parou diante dele.
— Eu sei. — sussurrou.
Ele levantou-se sem pressa, o corpo próximo ao dela, as respirações entrelaçadas. E sem mais hesitar, encostou os lábios nos dela. Não foi um beijo urgente, mas foi intenso, sincero. Cheio de tudo o que eles estavam segurando até agora.
As mãos dele encontraram sua cintura. As dela, os ombros largos dele.
Foi doce e ao mesmo tempo arrebatador. Quando se afastaram, com os olhos ainda fechados e as testas coladas, Helen sussurrou:
— Que bom que você não fugiu depois do que aconteceu hoje cedo.
Ethan sorriu contra os lábios dela.
— Você me agarrou dormindo. Era o mínimo que eu podia fazer: retribuir acordado.
Os dois riram, e o beijo seguinte veio ainda mais natural.
Naquela manhã, entre torradas, café e pandas, eles finalmente deixaram de negar o que vinha crescendo há muito tempo.
E nenhum acidente inusitado era capaz de deter o que já estava escrito.

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