O último dia da viagem amanheceu cinzento e silencioso em Moscou, como se a cidade também estivesse de ressaca emocional. Helen observava a neve derretendo lentamente na beirada da janela da suíte enquanto o café exalava seu aroma quente sobre a bandeja. Ela estava enrolada em um roupão macio, os cabelos ainda úmidos do banho, e os olhos voltados para o nada, até que ouviu o som seco da porta se abrindo atrás dela.
Ethan entrou no quarto, tirando os botões do terno com um gesto rápido e irritado.
— Alguém claramente não teve uma boa manhã. — disse Helen, virando-se com um sorriso provocador.
Ethan jogou o paletó sobre a poltrona e soltou um suspiro pesado. Estava visivelmente tenso, o maxilar travado, as mãos grandes cerradas como se quisesse socar alguma coisa, ou alguém.
— Como foi a reunião com os russos? — ela perguntou, pegando uma xícara e oferecendo a ele.
Ele aceitou o café, mas os olhos estavam escuros.
— Longa, entediante e insuportável. — respondeu com a voz firme.
— Uau. Isso é um combo perigoso.
— E pra completar, aquele idiota do Volkov passou a reunião inteira olhando pra você como se quisesse te comer com os olhos.
Helen arqueou uma sobrancelha, surpresa.
— Eu? Eu nem estava na sala.
— Você entrou por cinco minutos pra me entregar a pasta. Foi o suficiente pra ele tirar os olhos dos gráficos e colar em você como um predador russo num safári de luxo.
Ela mordeu o lábio, tentando esconder o riso.
— Ethan, você está com ciúmes?
— Não estou com ciúmes. — retrucou rápido demais. — Estou com raiva. Raiva daquele canalha encarar a minha esposa como se ela fosse um bônus do acordo.
— Bom, tecnicamente, ser casado com você é o bônus que ninguém entende como eu ganhei. — ela piscou, se aproximando com a xícara na mão. — Mas confesso que adorei te ver bravo. Você fica ainda mais sexy com essa cara fechada.
Ethan encarou ela por um instante, sem sorrir. Depois colocou a xícara de lado e caminhou até ela com passos firmes.
— Você acha isso engraçado?
— Um pouco. — ela respondeu, com um brilho nos olhos. — Eu gosto quando você fica possessivo. Me faz lembrar que ainda sou desejada.
— Você não é apenas desejada, Helen. — ele parou bem na frente dela, as mãos em sua cintura. — Você é minha. Cada curva, cada centímetro dessa pele, cada gemido que escapa da sua boca… tudo meu.
O tom da voz dele mudou. Estava rouca, carregada de tensão. O desejo preso desde aquela maldita reunião finalmente encontrava caminho para sair e a forma como ele a encarava fazia Helen sentir o corpo inteiro formigar.
— Ethan… — ela murmurou, tentando manter o controle.
Mas ele não deixou que ela dissesse mais nada.
Em um só movimento, a pegou pela cintura e a empurrou contra a parede de vidro da suíte, fazendo com que seu corpo encontrasse o frio do vidro e o calor das mãos dele ao mesmo tempo. A cidade estava lá fora, mas nada mais importava.
— Vou te lembrar agora, Helen… — ele sussurrou contra o pescoço dela, enquanto desatava o cinto do roupão. — Quem você pertence.
Ela ofegou quando ele abriu o roupão, expondo a camisola fina de cetim cor creme. Ethan passou as mãos pelas coxas dela com firmeza, subindo devagar até alcançar o tecido que separava seus dedos da pele nua. Ele estava faminto. E ela? Já completamente entregue.
— Você sabe que ninguém mais me olha como você, né?
— Eu sei. — ele murmurou. — Mas isso não impede o idiota do Volkov de querer perder os dentes.
— Você está maluco. — ela provocou, com um sorriso satisfeito.
— Estou louco. — ele corrigiu. — Louco por você. A ponto de marcar território em um país inteiro.
Ela riu, se aninhando mais perto.
— Sabe o que é melhor do que a Rússia?
— O quê?
— O nosso lar. Nossa cama. E você me pegando de surpresa na lavanderia.
— Mulher, se você repetir isso, eu cancelo o voo e te deixo de pernas bambas até amanhã.
Ela mordeu o lábio.
— Tentador.
E Ethan, com um olhar malicioso, sussurrou:
— Eu sempre cumpro o que prometo, senhora Carter.

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