Resumo do capítulo Quem é você? de Aquela que o Don não pôde deixar partir
Neste capítulo de destaque do romance Máfia Aquela que o Don não pôde deixar partir, GoodNovel apresenta novos desafios, emoções intensas e avanços na história que prendem o leitor do início ao fim.
Capítulo 1
Mariana Bazzi
— Nem acredito que é real... ainda hoje estarei livre desse lugar — sussurrei para mim mesma, com os olhos marejados ao encarar os papéis impressos e assinados sobre a mesa do escritório.
Agarrei os documentos contra o peito como se minha vida dependesse disso — e, de certa forma, dependia.
Saí quase saltitando entre as mulheres do cassino, com um sorriso no rosto, levando a pequena sacola com minhas poucas coisas. Guardei os papéis lá dentro com o cuidado de quem carrega um tesouro.
Lágrimas escorriam, mas dessa vez eram de alívio. O presente de aniversário de vinte anos mais precioso que eu poderia receber: a minha liberdade.
Hoje faz exatamente dez anos que fui vendida para esse cassino. Um acordo nojento de covardia, por quem deveria me proteger: meu pai. Mas não... hoje eu não queria pensar nisso. Hoje, eu voltaria pra casa. Veria o rosto da minha mãezinha de novo. Sentiria o abraço das minhas irmãs mais velhas.
Subi as escadas desse inferno quase correndo, sentindo o coração bater descompassado. Mas meu sorriso morreu no instante em que o vi.
— O que está fazendo aqui? — perguntei, alarmada, olhando para os lados. — Você não tem mais direito de se dirigir a mim depois de tudo o que fez.
Ele mascava um de seus malditos chicletes com desdém, como se minhas palavras fossem piada.
— Não queria ver sua mãe? Suas irmãs? — abriu os braços com falsa simpatia. — Então entra logo no carro. Ou eu vou embora... e você nunca mais vai vê-las.
Engoli seco. Alguma coisa estava errada. Muito errada. Mas... e se ele estivesse dizendo a verdade? E se realmente fosse a única chance de vê-las?
Entrei.
O silêncio no carro era sufocante. Não o encarei uma única vez. A paisagem passava como um borrão e meu coração se apertava à medida que nos aproximamos de casa.
Quando ele parou o carro, desci imediatamente. Vi que estava no telefone, parado no gramado. Ignorei-o. Saí correndo, atravessando o jardim como uma criança faminta por colo.
— Mamãe? Mãezinha? — minha voz ecoou pelo vazio.
Nada.
Chamei, andei por todos os cômodos, o desespero crescendo a cada segundo. Bebidas e mais bebidas caras espalhadas. E então... sobre a mesa da sala, pastas transparentes. Papéis estavam dentro. Tremendo, abri a primeira.
O nome da minha irmã.
"Ela foi vendida?"
Abri outra. Outro nome. Outra venda.
— Não, não pode ser... — sussurrei, em pânico, puxando a próxima, sentindo o ar sumindo.
Data de hoje? Uma venda recente?
Quando comecei a procurar o nome, senti a presença dele atrás de mim e um calafrio me fez estremecer.
— Larga isso agora! — berrou.
— Como pôde fazer isso?! Você mentiu! — atirei a pasta sobre a mesa. — Você vendeu minhas irmãs! Elas não estão aqui! E a mamãe? Cadê ela?!
— Bom, são bonitas, me renderam um bom dinheiro — meu corpo todo tremia.
— Onde elas estão? Cadê a minha mãe? — dei um passo pra trás.
— Não interessa — olhei para os lados vendo a quantidade absurda de caixas para entrega. A minha mãe costurava pra fora, e pelo visto andou trabalhando dia e noite para ter tanta coisa pronta.
— Você está mentindo! Cadê minha mãe? — falei mais alto.
— Morreu — disse, seco. — Não aguentou o ritmo. A fraca resolveu costurar uns extras e...
Meus punhos fechavam, o sangue ferveu. Já passou dois anos desde a última vez que a vi, o dia em que fugi e ela foi me buscar numa fundação que me acolheu. Me lembro como se fosse hoje...E eu só queria ficar com ela, e esse monstro a obrigou a me levar, depois me fez assinar esse maldito documento que dizia me libertar na data de hoje.
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