As duas faces do meu chefe romance Capítulo 38

-Tudo aconteceu dia 13 de dezembro. -Sussurra me soltando de seus braços.

-Tudo bem se não quiser contar agora. Eu sei que te pressionei a isso, mas tem certas coisas que levam tempo. -Afirmo o deixando a vontade para parar.

Ele me observar pensativo e um suave sorriso banca em seus lábios continua.

-Eu quero te contar tudo. Quero te contar quem foi Agatha ou quem deveria ser.

-Então eu ouvirei tudo. -Sorrio o confortando e deixo ele a vontade para caminhar e expressar toda sua dor e desespero, pois sabia que reviver o passado que lhe causava tanta dor não seria fácil.

-Eu tinha vinte e cinco anos na época, estava com Valéria a quase quatro anos. Nessa época nosso relacionamento não estava tão bom, ela acabou se viciando nas drogas e eu queria lhe pagar um tratamento, mas ela jamais aceitou que eu fizesse isso. -Suspira chateado. -Valéria não queria sair daquela vida, ela gostava do que ela era e era feliz daquela forma. -Seu corpo estremece.

-Ela não queria sua ajuda, não se culpe por isso.

-Eu não me culpo por isso, mas ela estava grávida. -As palavras saem como um fio de voz de seus lábios me fazendo arregalar os olhos e imaginar o pior.

Novamente ele para em frente as grandes janelas de vidro do quarto observando a paisagem com as mãos dentro dos bolsos da calça social. Seus olhos perdidos e imerso em dor partem meu coração, mas me mantenho em silêncio deixando que ele continuar.

-Seis meses. -Faz uma pausa. -Era uma menina ou melhor dizendo Agatha.

Mesmo observando suas costas vejo as lágrimas rolaram por sua face através do reflexo nos vidros.

-Acompanhei Valéria em todas as consultas e aproveitei cada segundo ao ouvir seu pequeno coração bater. As imagens no ultrassom faziam meu coração se encher de alegria, com toda certeza eu seria o pai mais sortudo desse mundo.

Um leve sorriso brinca com seus lábios, mas seus olhos perdidos não condizem nem um pouco com aquele ato, muito pelo contrário a aflição fica explícita em seu semblante.

-Naquela noite nós brigamos, estávamos em uma festa e ela se drogou. Se drogou com injetáveis. -Diz com indignação. -Nós íamos ter uma filha. -Ele nega com a cabeça. -Como ela podia se drogar daquela maneira? Eu jamais aceitaria aquilo, ela podia fazer o que quisesse com seu corpo, mas não enquanto minha filha estivesse em seu ventre. -Diz com raiva.

Com o cenho franzido ele observa as delicadas ondas do mar se quebrarem na areia.

-A noite estava chuvosa e fria é nós estávamos de moto.

O silêncio toma conta do ambiente e sei que ele estava revivendo aquele doloroso momento em sua mente.

Sua postura rígida faz meu coração sangrar, não consigo conter as lágrimas ao ver tanta dor expressa em seu rosto e como um apoio para ao seu lado segurando sua mão com força.

Sei que aquele ato não diminuiria a dor que ele carregava em seu peito, mas daria a força que ele precisava para colocar toda aquela dor para fora.

-Eu estava nervoso. Nós discutimos feio aquela noite. Sai da festa irritado e ela veio atrás de mim. Eu não queria que ela viesse, mas ela insistiu e ela sempre consegui tudo de mim com apenas algumas palavras. Acabamos vindo embora, mas a chuva fina atrapalhava minha visão e seus gritos em minha orelha não colaborava. Eu sei, sou um completo irresponsável. Como um homem de moto leva a mulher grávida de seis meses em sua garupa? Ironia ou destino, não, somente irresponsabilidade e imprudência essa é a verdade.

Faz uma pausa enquanto seus olhos opacos caminham pela paisagem a sua frente organizando seus pensamentos.

-A moto deslizou, a pista estava molhada e a moto simplesmente deslizou. Nada entrou na minha frente, mas eu estava acima do limite de velocidade para um dia chuvoso como aqueles. Eu realmente estava cego e muito irritado e assim eu matei minha filha. -Ele apoia as mãos nos olhos os apertando com força sem conseguir terminar de contar.

-Matei minha filha. -Se encolhe como se estivesse acabado de levar uma punhalada em seu coração.

Não aguento vê-lo daquela forma, envolvo meus abraços ao redor de seu corpo puxando sua cabeça para meu peito o amparando.

-Por Deus, Layonel, a culpa não foi sua. -Tento acalma-lo, mas era impossível.

-Eu não me machuquei, mas nossa filha não resistiu, pois além do acidente Valéria teve uma overdose. -Chora copiosamente.

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