As duas faces do meu chefe romance Capítulo 55

Hana

-Layonel você vai comer doce de novo? Vai acabar passando mal. -Afirmo vendo ele fuçar dentro da geladeira em busca das guloseimas que Maria costuma fazer.

-A minha filha, nem adianta, esse daí não aprende, já até desisti dele. -Maria diz enquanto preparava o jantar.

- Estou ansioso, não adianta brigarem comigo, só me acalmo quando a taxa de glicose aumenta e isso exige uma quantidade de doce extra. -Resmunga com a cabeça dentro da geladeira e logo sai com uma fatia mais do que generosa de bolo de chocolate com três tipos de recheio, pois as camadas grossas de cor diferentes chegam a dar água na boca.

- Você já fez um exame de diabetes Layonel? -Questiono preocupada.

- Sim, costumo fazer uma bateria de exames a cada seis meses. Ordens médicas, irritantes no meu ponto de vista, mas necessárias. -Balança os ombros sentando em minha frente na bancada.

-Menos mal. -Suspiro. -Ellen está demorando no banho de Daisy. -Olho o relógio e percebo que faz mais de meia hora que as duas foram para o banheiro.

- Ela deve estar brincando de Elsa enquanto encharca Ellen da cabeça aos pés. - Ele ri concentrado em seu bolo e sou obrigada a rir também.

-Ainda precisamos conversar com Ellen sobre o emprego.

- Vamos aproveitar hoje enquanto jantamos.

- Minha ajudante nem chegou e já vou perde-la? -Maria ri balançando a cabeça em negação.

-Você sempre disse que não queria ninguém na sua cozinha Maria. -Layonel retruca e leva um tapa bem dado no braço.

-Cala boca menino. Não queria nenhuma sirigaita, rabo de saia se empertigando nessa casa para dar em cima de você. Ellen não é dessas e graças a Deus, Hana domou seu coração, já estava começando a achar que tinha trocado de lado.

Não contenho a gargalhada ao ouvir o que Maria diz e Layonel chega a afogar com o pedaço do bolo que estava comendo.

Maria pega um copo de água e coloca na frente dele enquanto ele bate no peito e seus olhos ficam vermelhos e lacrimejados. Ele toma a água e respira tentando se acalmar, mas a tosse é mais forte.

-Porra Maria, você acabou de dizer que achou que eu fosse gay? - Diz entre as tosses que persistem.

- Não fala palavrão na minha cozinha. -Layonel recebe uma panada e se encolhe na defensiva.

-E ainda apanho. -Bebe mais um pouco de água fazendo uma careta. - Você não diz nada? Somente ri? -Questiona indignado e eu balanço os ombros apoiando a mão no abdômen.

- Eu sabia que você não era gay menino, mas você nunca trazia ninguém para casa. Hana salvou minhas esperanças. -Maria me abraça.

- Eu também te amo Maria. -Apoio as mãos nas dela sentindo meu abdômen doer de tanto rir.

- Eu sou muito homem viu Maria. Fala para ela Hana. - Diz indignado.

-A você quer que eu diga o que? -Faço-me de desentendida e recebo um olhar ameaçador.

- Ele ficou bravo. -Maria ri dando um beijo em minha testa.

-Vocês duas me pagam. -Serra os olhos e volta a comer o bolo com irritação.

-Vai se afogar de novo. -Faço uma careta.

-No momento não estou conversando com vocês duas. Cadê a Daisy? Ela está demorando muito, somente ela me entende. - Diz chateado.

- Acho bom você amansar a fera, vou até o banheiro ver o que aconteceu com aquelas duas e não mexam nas minhas panelas. -Maria que tacou lenha na fogueira foge me deixando com o mal humor em pessoa.

-Layonel. -O chamo mais ele me ignora. -Ei, pare de fazer birra. -Vejo um pequeno sorriso surgir em seus lábios. - Eu sei que você quer rir.

Seus lindos olhos verdes divertidos se voltam para mim.

- Vou provar que não sou gay. - Ele se levanta como um verdadeiro leão e ataca sem um pingo de piedade ou pudor.

Seus lábios se encontram com os meus em um gosto de chocolate e suas mãos puxam minha cintura pegando-me no colo e colocando-me sentada sobre a bancada da cozinha, ele se enfia entre minhas pernas encaixando seu quadril no meu enquanto cruzo as pernas em sua cintura retribuindo o beijo com volúpia e desejo.

-Layonel... -Gemo baixinho.

- Eu te amo tanto Hana. - Diminui a intensidade do beijo e esfrega a bochecha na minha descendo os beijos para o meu pescoço.

Abraço seu corpo largo e apoio minha cabeça em seu ombro respirando profundamente seu perfume. Deslizo os dedos por algumas tatuagens de seus ombros e confesso que amo quando ele usa shorts e camisetas cavadas deixando a mostra seu corpo bem trabalhado e tatuado.

-Maria vai voltar a qualquer momento. -Afirmo, mas ele aperta ainda mais os braços envolta do meu corpo.

- Eu sei droga, estou me segurando fortemente para não despi-la aqui mesmo.

-Realmente não é uma boa ideia. -Afasto-me um pouco acariciando sua bochecha e seus olhos se fixam nos meus um tanto quanto perdidos e tristes.

-Valéria te faz mal não é? -Questiono contornando sua sobrancelha com o polegar e vejo a tristeza dominar seu semblante.

- Ela me lembra Agatha. -Sussurra abaixando o olhar e apoia a cabeça em meu ombro.

Passo meus dedos por seus cabelos gentilmente e Maria aparece na porta parando assim que nos vê agarrados. Balanço a mão dizendo que não era para ela entrar e ela maneia a cabeça em concordância com um sorriso compreensível no olhar. Em silêncio ela sai encostando a porta sem fazer qualquer barulho.

Olho as panelas e vejo que estão desligadas e somente agora compreendo que ela falou aquelas coisas para anima-lo ou distrai-lo um pouco.

Maria conhece Layonel a muito mais tempo que eu, mas não é somente ela que percebe que ele se afoga em doces quando algo o preocupa ou o deixam inquieto.

Chega a ser engraçado, afinal, alguns se afogam em álcool, outros em drogas, mas ele prefere o açúcar.

-Está tudo bem meu amor. -Acaricio seus cabelos. - Não errado sentir. -Beijo a lateral da sua cabeça com carinho.

-Desculpa. -Sussurra apertando ainda mais os braços envolta do meu corpo.

-Não há necessidade de se desculpar. -Envolvo meus dedos em seus cabelos fazendo pequenos círculos sentindo a maciez dos fios grossos e avermelhados.

-Às vezes pergunto se realmente não sou tudo o que Valéria diz...

Seguro seu rosto com as mãos fazendo ele olhar em meus olhos antes de terminar aquela frase.

-Não meu amor, você não é. Não tem como diminuir a dor que você sente pela tragédia que aconteceu no passado, mas você não pode se deixar levar por esse lado. A culpa não foi sua, foi um acidente, poderia ter acontecido de várias outras formas ou com várias outras pessoas. Talvez Agatha fosse sofrer nesse mundo, a tantas possibilidades, mas se culpar não está entre elas. Você não um monstro, você é maravilhoso Layonel. Eu queria tanto que você entendesse, que você por um momento visse o homem incrível e gentil que você é. Eu te amo tanto, mas tanto, que nem tenho palavras para expressar.

-Eu também te amo minha rainha, mas dói tanto. -Vejo seus olhos lacrimejarem e quero de todas formas arrancar toda aquela dor de dentro do seu peito, mas isso seria impossível.

-Se chorar vai aliviar a dor que você guarda aqui. -Apoio a mão sobre seu peito. -Então chora meu amor, não há vergonha em expressar aquilo que sentimos.

Ele maneia a cabeça e vejo algumas lágrimas escorrer por seu rosto enquanto ele apoia a cabeça em meu ombro e o embalo em meus braços da maneira que posso. Sinto algumas lágrimas molhar minha pele e meu peito se comprime vendo-o tão desolado e angustiado, mas a única coisa que poderia fazer nesse momento de fragilidade era estar ali por ele, junto dele e para ele.

-Você não está sozinho. -Sussurro beijando seu rosto e seus braços se envolvem em minha cintura com mais força, seu rosto se enfia na curva do meu pescoço enquanto deixa as lágrimas lhe tomar e pequenos soluços escapam por seus lábios.

Não falo nada, apenas deixo que toda a dor que ele guardou por anos se liberte em lágrimas pesadas e dolorosas, pois era isso que ele precisa. Liberar toda a dor que preenchia seu peito, que dominava seus pensamentos e o angustiava.

-Será que um dia Agatha vai me perdoar? -Sussurro e um pequeno soluço escapa de seus lábios.

-O meu amor, ela sabe que a culpa não é sua. -Afago suas costas com carinho e ele concorda em silêncio. - Ela olha por você meu amor, ela sabe que você não queria isso. Ela te entende meu anjo, ela te compreende. -Aperto ainda mais meus braços em volta do seu corpo.

-Eu já disse que te amo? -Ouço uma pequena risada seguida de um fungar.

-Sim, mas pode dizer novo que jamais vou cansar de ouvir. -Confesso.

-Casa comigo? -Ele ri mais alto e se afasta para me observar.

-Sim. -Passo o polegar em suas bochechas enxugando suas lágrimas e sabia que a mudança de assunto era dispersar os seus pensamentos da dor que somente ele guardava e sentia, mas expressa-la e expô-la desta maneira já foi um grande passo dado por ele, então na minha opinião a cura de sua dor estava um pouquinho mais próxima.

Não que ele fosse esquecer a filha que perdeu e nem mesmo teve a oportunidade de conhecer, mas que conseguiria olhar para trás sem desabar e se culpar pela morte dela.

-Desta vez você não hesitou. -Um grande sorriso se estende por seus lábios. -Vou continuar pedindo até mesmo depois de nos casarmos. -Afirma e acabo rindo.

-Vou continuar aceitando. -Beijo seus lábios suavemente.

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