Bela Flor - Romance gay romance Capítulo 26

Resumo de Capítulo vinte e quatro: Bela Flor - Romance gay

Resumo do capítulo Capítulo vinte e quatro de Bela Flor - Romance gay

Neste capítulo de destaque do romance Erótico Bela Flor - Romance gay, Evy Maze apresenta novos desafios, emoções intensas e avanços na história que prendem o leitor do início ao fim.

"Hyun-Suk"

Nunca passou pela minha mente que poderia tanto me importar com alguém, como hoje, me importo com JaeHwa.

Ver outra vez o modo em como ele treme e geme baixo, encolhido enquanto chora, faz meu coração se desesperar e quebrar em muitos pedaços.

Mas eu ainda não consigo entender o que acontece.

Não sei se ele novamente está tendo uma crise pelo que possivelmente aquela mulher lhe disse por ligação, ou se tudo o que ele faz agora é sentir, porque ele grita como se quisesse aliviar uma dor muito forte, e isso chega a doer até mesmo em mim.

Meus olhos começam a marejar quando eu o vejo se auto beliscar e tento de toda forma o impedir, impondo forçar sobre suas mãos, as controlando.

ㅡ Por favor, não faz isso. ㅡ peço em meio ao desespero, olhando-o ainda dentro dos meus braços.

Eu peço mais uma dentre as milhares de vezes, mas ele apenas se encolhe mais e cobre o rosto entre os joelhos, tremendo como um ser completamente indefeso.

ㅡ Por favor, me diz o que aconteceu, eu não sei o que fazer, Jae-ah.

JaeHwa demora, mas ergue o rosto vermelho e lavado por lágrimas, e apenas fecha os punhos, como se estivesse com muita raiva de algo.

ㅡ Fala comigo. ㅡ peço mais uma vez. A noite é silenciosa demais, e o frio é absurdo por estarmos no chão do banheiro, mas não me importo com nada além dele agora. Só quero que JaeHwa fale.

ㅡ Ei... ㅡ ergo seu rosto e deixo um beijo em sua testa. ㅡ o que aconteceu?

ㅡ Foi ela, Hyun. ㅡ ele enfim diz, soluçando.

ㅡ Ela quem?

ㅡ Aquela mulher... eu a odeio. ㅡ falou baixo, fungando, mas voltando a chorar em seguida.

ㅡ Quem, JaeHwa?

ㅡ Su-ji, ela me odeia. E agora ela matou a vovó.

Olho-o de modo que não entendo. Alguém matou sua avó?

ㅡ JaeHwa-ah, você está tremendo, fica calmo e me explica. ㅡ peço, tentando erguê-lo junto a mim. ㅡ vamos para o quarto, uh? O chão está frio, você ficará doente.

ㅡ Ela quer meu mal. ㅡ ele sequer me ouvia. O ergui ainda assim, sentindo como meu garoto estava leve e fraco. O busquei em meu colo, sentindo-o deitar a cabeça em meu peito, soluçando um pouco mais.

ㅡ Não vou deixar que ninguém te faça mal, minha flor. Nunca. Confia em mim? Por favor.

ㅡ A minha avó... ㅡ ele me olhou, tremendo o bico que fazia. ㅡ a minha vozinha...

Eu sinto seus músculos tensos e a forma em como vibram ainda mais agora, então não penso antes de sentar sobre a cama com ele ainda em meu colo.

ㅡ Eu preciso ir. ㅡ diz fraco.

ㅡ Para onde quer ir?

ㅡ Preciso ver minha avó, ela disse que... que a vovó irá morrer. Eu preciso ver minha vozinha antes que se vá para sempre.

ㅡ Tudo bem, eu te levo, mas durma um pouco por hoje. Amanhã iremos, tudo bem?

ㅡ Eu não posso esperar. Eu preciso ir. Preciso ir a Busan.

JaeHwa se agita, olhando ao redor, à procura de algo.

ㅡ Ei, ei, tudo bem, se acalma.

ㅡ Não. ㅡ Ele nega rápido. ㅡ Ela me odeia. Ela deveria ter ligado antes, mas porque? Porque, Hyun?

Não sei o que responder. Ele parece magoado demais. Seu choro retorna e é alto.

Eu preciso ser forte, preciso ajudá-lo, mas o seu desespero também me desespera.

JaeHwa respira com muita força, buscando por ar, mas parece que a cada vez que tenta respirar ele não consegue. Então suas mãos começam a tremerem mais, seu corpo entra em uma completa bagunça e seus olhos voltam a procurar ao redor.

Ele parece estar em pânico.

ㅡ Jae-ah. ㅡ chamo com medo. Nunca o vi assim. ㅡ JaeHwa olha pra mim.

ㅡ A fumaça, Hyun, foi a fumaça. ㅡ JaeHwa desce do meu colo e se encolhe ao lado, puxando as pernas para abraçá-las assustado. ㅡ eu a levei lá.

ㅡ Ei, tenta respirar devagar.

JaeHwa nega, seu peito sobe e desce de forma muito rápida, suas mãos ainda estão trêmulas.

ㅡ Eu não consigo respirar. ㅡ ele diz, me olhando. ㅡ Eu não consigo.

ㅡ JaeHwa-ah! ㅡ falo mais alto, tentando trazer sua atenção para mim. ㅡ você precisa respirar devagar, por favor.

ㅡ Porque a mamãe fez aquilo? ㅡ ele chora mais. ㅡ eu não sabia que a fumaça iria machucar a vovó. Eu estava com medo, eu... eu não queria morrer.

Não entendo o que suas frases desconexas querem dizer, mas sinto o meu próprio peito doer, e até meus olhos arderem. Eu nunca passei por algo assim, ainda mais com alguém que gosto. Ver JaeHwa chorar cada vez mais, perdendo o pouco ar que consegue encher seus pulmões, tremendo mais e mais me deixa em pânico também. Não consigo pensar em como ajudá-lo, então a única coisa que faço é me erguer e sair do quarto às pressas, correndo pelos corredores em busca de ajuda.

Meu medo martela minha mente a cada vez que me pede para voltar e não deixá-lo sozinho, mas não sou capaz, então meus pés me guiam até a porta do quarto da pessoa na qual eu também confio e que sei que irá me ajudar.

Meus punhos batem com toda a minha força na porta de Sunhee, e não demora para que ela apareça completamente assustada, me olhando de modo desnorteado.

ㅡ O Jun-JaeHwa. ㅡ eu sequer notei que já chorava. Limpo meu rosto e respiro fundo. ㅡ Me ajuda, por favor.

Sunhee não questiona, apenas segue em minha frente em direção à porta de meu quarto que está aberta e nos proporciona ouvir o choro incessante de JaeHwa.

ㅡ O que aconteceu, Hyun-Suk? ㅡ ela pergunta adentrando o cômodo.

ㅡ Eu não sei, não consigo entender o que ele diz. ㅡ digo negando, novamente me sentindo desesperado ao vê-lo tremendo de tão doloroso que é seu choro. ㅡ ele recebeu uma ligação e ficou assim em seguida.

Sunhee então caminha devagar e se abaixa a frente dele.

ㅡ JaeHwa. ㅡ ela chama em um tom ameno. Ele se encolhe, cobrindo ainda mais o rosto em seus joelhos. ㅡ Está tudo bem. Pode olhar para mim?

Sunhee demonstra seu medo no modo em como respira, mas seu olhar é calmo, e diferente de mim, ela parece saber enfrentar o que está acontecendo.

Suas mãos tocam calmamente as de JaeHwa, acariciando-as.

ㅡ Respira comigo.

Ela respira fundo, soltando o ar devagar. Faz isso por diversas vezes sem ele sequer lhe olhar, mas eu percebo quando o primeiro respirar fundo vem e seus olhos se erguem um pouco.

Sunhee continua, não desistindo dele. Suas mãos se fecham nas dele um pouco mais, dando-lhe apoio.

JaeHwa então, depois de minutos, ergue devagar o rosto, soluçando muito, mas tentando seguir a respiração de Sunhee.

ㅡ Muito bom. ㅡ ela sorri para ele, continuando. ㅡ você está indo bem.

Eu o vejo tentar.

Lentamente, JaeHwa vai se entregando, se acalmando e prestando ainda mais atenção em Sunhee.

ㅡ Consegue me entender? ㅡ ela pergunta.

JaeHwa assente devagar.

ㅡ Você saberia me dizer qual a cor do céu de outubro? ㅡ Sunhee pergunta, sentando-se devagar a frente dele, mas sem soltar suas mãos.

ㅡ R-Rosa. ㅡ ele responde baixo.

ㅡ Sim. ㅡ Sunhee assente feliz. ㅡ É lindo, não é? O céu de outono é o meu favorito, sempre com nuvens caramelos.

ㅡ E árvores c-cor de... fogo.

ㅡ Eu sempre amei como elas ficam, são as mais lindas da estação. ㅡ Diz pensativa. ㅡ E você me lembra delas, sabia?

ㅡ Por causa do cabelo? ㅡ JaeHwa pergunta baixo, fungando sem ainda a encarar.

Eu quero me aproximar, lhe abraçar e não soltar nunca mais. Mas tenho medo. Medo que JaeHwa volte a chorar e não tenha controle comigo. Sunhee parece entendê-lo melhor do que eu.

ㅡ Sim. Seu cabelo é muito bonito...

Ela sorri fraco, muito fraco, mas JaeHwa não o faz, apenas abaixa o rosto, ainda soluçando e respirando fundo.

Me aproximo um pouco e sento na beira da cama.

ㅡ Como somos amigos agora... ㅡ Sunhee continua. ㅡ podemos fazer uma caminhada por essas árvores algum dia?

ㅡ Mas é só no outono, noona.

ㅡ Eu sei, mas eu espero. Você ainda estará aqui, tenho certeza.

ㅡ Ele estará. ㅡ digo. Ambos me olham, mas é o olhar de JaeHwa que me quebra. Decido me erguer e parar ao seu lado, abaixando-me enquanto afago seu braço. ㅡ não estará, amor?

JaeHwa ergue o olhar para mim, e demora até sorrir fraco. Sunhee deixa um pequeno beijo em suas mãos unidas e se ergue, me olhando quando diz:

ㅡ Vou deixá-los a sós.

ㅡ Obrigado por tudo. ㅡ digo quando me ergo também.

Sunhee apenas sorri e caminha para fora do quarto, fechando a porta em seguida.

Eu sento onde antes ela estava e agora ouço o silêncio de JaeHwa. Não sei qual parte é a mais dolorosa, se ouvi-lo em desespero ou como está agora, completamente quieto e pensativo.

Seus olhos perdidos e sem cor me matam um pouco.

ㅡ Sente-se melhor? ㅡ pergunto, erguendo a mão para afagar seu rosto molhado

Ele não assente ou nega, apenas me olha e diz:

ㅡ Me desculpa por isso, Hyun...

ㅡ Não se desculpe por nada.

ㅡ Ela sempre me deixa ruim... ㅡ ele volta a fazer bico quando uma nova lágrima desce, mas ele a limpa, respirando fundo.

ㅡ É sua mãe? ㅡ pergunto ainda incerto, mas curioso.

ㅡ Eu adoraria dizer que é, mas... não. Ela não é. É minha tia que me criou. Su-ji. Ela me odeia e só quer me fazer mal.

ㅡ Eu te disse, JaeHwa, ninguém vai te fazer mal algum, eu não vou deixar.

ㅡ Você não entende... ela me faz mal desde criança. Ela me culpa, me machuca...

ㅡ Você não tem culpa de nada, seja lá do que ela te acusa.

ㅡ Estou cansado. ㅡ diz suspirando.

ㅡ Tudo bem, você quer dormir um pouco?

ㅡ Eu preciso ir à Busan, Hyun.

ㅡ Agora? ㅡ JaeHwa assente, fungando. ㅡ Tudo bem, eu te levo.

ㅡ Obrigado. Eu... eu preciso avisar ao chefe Jung que não vou trabalhar amanhã. Vou ficar com a minha vozinha até ela partir.

ㅡ Não se preocupe com Hajun, eu falo com ele, tudo bem?

JaeHwa assente. Eu me aproximo dele e o abraço forte, dando-lhe a segurança que estou com ele independente do que for.

E ele parece entender, apertando-me de volta, o mais forte que consegue, apenas tentando afastar tudo o que lhe assombra.

[...]

ㅡ Por deus, Hyun-Suk, isso são horas de ligar?

Ouço a reclamação de Hajun assim que atende minha ligação. Estou sentado sobre a cama enquanto JaeHwa tenta relaxar a mente com um banho quente.

ㅡ Você sempre atende assim?

ㅡ Diga logo o que quer.

ㅡ Preciso da sua ajuda. JaeHwa não poderá ir trabalhar hoje. ㅡ digo, olhando que já passa da meia noite. ㅡ e provavelmente pelos próximos dias também. E preciso que você me acompanhe até Busan.

ㅡ Como assim? ㅡ Hajun parece confuso, mas não o julgo. ㅡ O que aconteceu com JaeHwa? Está doente? E o que você fará em Busan?!

ㅡ Eu preciso da sua ajuda como advogado, Hajun.

Ele fica em silêncio por alguns segundos, até que pergunta:

ㅡ É a avó dele?

Franzo meu cenho ao perceber que Hajun sabe bem mais que eu.

Por que JaeHwa não falou comigo antes?

ㅡ Algo assim. ㅡ digo sem certeza. ㅡ Tem uma tia no meio da história, e preciso que resolva o que tiver de resolver para mim. Acho que ela faz algo a JaeHwa, e seja o que for, eu quero que ela pare.

ㅡ O que você quer fazer, Hyun-Suk?

ㅡ Ainda não sei, mas farei o impossível por JaeHwa. Você é meu amigo, por favor, me ajude nessa.

ㅡ Park Hyun-Suk pedindo por favor?

ㅡ Hajun... ㅡ intervenho.

ㅡ Ok, é claro que eu te ajudo, eu nunca te deixaria na mão. cara. E sobre JaeHwa e o trabalho, darei quinze dias a ele sem descontos, eu resolvo com a senhorita Kim.

ㅡ Obrigado, de verdade.

ㅡ Eu te encontro onde?

ㅡ No heliporto da minha empresa em duas horas. Iremos de helicóptero.

ㅡ Tudo bem, até lá.

Encerro a ligação, vendo JaeHwa parado de frente com a janela do meu quarto. A lua ilumina bem a noite, mas seu semblante ainda entrega como ele está inquieto. Me aproximo de si e o abraço por trás.

ㅡ Como você está, amor? ㅡ pergunto baixo, vendo como ele sorri sem jeito pelo "amor" na frase.

Mas foi ele quem usou primeiro.

ㅡ Estou melhor, Hyun, não se preocupe. ㅡ ele diz com a voz um pouco rouca.

Eu sorrio e beijo seu ombro.

ㅡ Sente fome? ㅡ pergunto. Ele assente virando-se para mim. ㅡ Pedirei para que faça algo para comermos antes de ir. O que gosta de comer?

ㅡ Panquecas. ㅡ diz tímido. ㅡ com bananas...

ㅡ Pedirei para fazerem. Pedirei também que sirvam iogurte, ou prefere café?

ㅡ Acho que café, Hyun. Eu... não quero mais dormir.

ㅡ Tudo bem. ㅡ sorrio e me inclino para deixar um beijo casto em seu nariz.

ㅡ Acho que só estarei melhor quando enfim chegar lá. ㅡ ele diz, me olhando nos olhos. ㅡ precisamos ir, Hyun.

ㅡ Não se preocupe, estaremos em Busan antes das cinco. Já avisei ao meu piloto, mas demora um pouco até que o helicóptero esteja pronto.

ㅡ Tudo bem. Obrigado, Hyun.

ㅡ Não me agradeça por nada. Quer tomar banho comigo? Posso te fazer companhia.

JaeHwa assente e me observa interfonar para a cozinha para pedir que preparem o que ele quer. O puxei para caminhar comigo, e o senti suspirar pesadamente quando adentramos outra vez o banheiro.

ㅡ Você conseguiu falar com o Hajun?

ㅡ Sim. Ele te deu quinze dias. Você poderá descansar um pouco, ele não vai descontar do seu salário.

ㅡ Mas eu não posso tirar tantos dias assim. ㅡ ele me olha atento enquanto eu retiro o pijama no qual lhe emprestei. ㅡ e se ele me demitir depois?

ㅡ Ele não irá, e ele também irá conosco até Busan.

ㅡ Ele irá?

ㅡ Irá a trabalho, não se preocupe.

JaeHwa assente. Eu sorrio com conforto por tê-lo ao menos trinta por cento melhor e retiro minhas roupas. Eu tento fazê-lo descansar um pouco no chuveiro, e talvez até consiga, pois proponho lavar seus cabelos e ele me permite fazer, suspirando a cada vez que as pontas dos meus dedos acariciam levemente seu couro cabeludo e deslizam pelos fios. JaeHwa ainda me abraçou, ficando quieto por mais de quinze minutos enquanto a água caia em suas costas e sua cabeça estava apoiada em meu ombro.

Quando saímos, pedi para que ele fosse até a cama que eu mesmo escolheria algo bom para ele usar. Fui até meu closet e me vesti primeiro, separando roupas para JaeHwa em seguida.

ㅡ Posso cuidar do meu bem? ㅡ Pergunto, retornando.

Ele pisca sem entender, mas quando deixo as roupas perto de seu corpo e lhe chamo com a mão para que se erga, JaeHwa sorrir sem jeito, assentindo tímido.

Eu então busco primeiro sua cueca. Sento-me sobre a cama e o tenho de pé à minha frente, completamente encolhido. Visto-o sem sentir nada mais que carinho por tê-lo bem, e busco a calça moletom com cadarço, amarrando-o na cintura menor que a minha. Fico de pé, olhando-o na altura dos olhos.

ㅡ Me sinto como uma criança. ㅡ JaeHwa diz sorrindo quando busco a camisa. Visto-a nele e deixo um beijo em seu pescoço quando volto a ser abraçado com força. Outra vez ele deita a cabeça em meu ombro e fica quieto.

ㅡ Você é o meu bem. ㅡ falo baixo, passeando minhas mãos por suas costas em um carinho terno.

JaeHwa deixa um beijo em meu ombro também, mas volta a ficar quieto e pensativo.

ㅡ Vamos descer?

Ele assente, tomando a liberdade de juntar nossas mãos, me guiando. E quando descemos, encontramos a mesa já posta, com Sunhee sentada à nossa espera.

Ela sorri para nós dois.

ㅡ Pensei que já estivesse dormindo. ㅡ falo.

ㅡ Claro que não. ㅡ ela se ergue e olha para JaeHwa, se aproximando devagar antes de tomá-lo em um abraço. ㅡ estava preocupada.

ㅡ Desculpa te preocupar assim, noona. ㅡ ele diz.

ㅡ Não se desculpe, está tudo bem agora, não é?

JaeHwa assente fraco e Sunhee sorri outra vez. Ela me olha brevemente, mas o leva consigo até sentarem na mesa.

ㅡ De quem foi à deliciosa ideia de escolher panquecas? ㅡ Sunhee pergunta já cortando a sua. ㅡ não costumo comer durante a madrugada, mas não deu para resistir.

ㅡ Foi JaeHwa quem escolheu. ㅡ digo olhando-o. Estou ao seu lado e consigo sentir seu pé acariciar o meu quando seus olhos me olham.

ㅡ Tem um bom paladar. ㅡ Sun diz, comendo mais um pedaço. ㅡ Jae. Posso te chamar de Jae, certo? É como seus amigos chamam, certo?

ㅡ Claro que não. ㅡ brinco fazendo-a uma careta. ㅡ somente eu o chamo assim.

ㅡ Na verdade ㅡ JaeHwa fala ㅡ todos os meus amigos me chamam assim.

ㅡ Me sinto traído. ㅡ digo fingindo uma falsa indignação, fazendo ambos rirem baixo. ㅡ Amarílis eu sou o único, não é?

ㅡ Para sempre o único, Hyun. ㅡ ele diz sorrindo pequeno, não me dando alternativas a não ser beijá-lo brevemente sobre o ombro.

ㅡ Que fofinho. ㅡ Sunhee diz, fazendo as bochechas de JaeHwa corarem imediatamente. ㅡ Jae, será que podemos conversar? Só nós dois?

ㅡ Outro dia, Sun, teremos que sair em breve.

ㅡ Onde irão?

ㅡ Iremos à Busan. ㅡ JaeHwa a responde. ㅡ Hyun-Suk irá me levar lá.

ㅡ Irei te acompanhar. ㅡ corrijo. ㅡ não pense que ficará lá sozinho.

JaeHwa não é capaz de falar algo a mais, mas sorri contido, começando a comer suas panquecas.

Eu prefiro não comer algo pesado, e peço algumas torradas. Não gosto muito de doces, principalmente fora do horário habitual das refeições.

Então continuamos a comer, e fico feliz em ver como JaeHwa se abre aos poucos e conversa com Sunhee.

Quando o horário de irmos chega, nos despedimos de Sunhee. Observei que, durante o caminho em que eu dirigia, ao meu lado, JaeHwa não demonstrava mais a tranquilidade que voltava a sentir. Seus dedos batucam sobre a coxa e seus pés batem de forma descompensada.

ㅡ Tudo bem? ㅡ pergunto olhando a estrada.

ㅡ Mais ou menos.

ㅡ O que houve?

ㅡ Eu não quero que você encontre com Su-ji, Hyun.

ㅡ Chegamos. ㅡ digo quando enfim pousamos.

JaeHwa não esboça sorrisos, ele parecia ainda mais tenso quando caminhamos até o carro.

Eu observo o modo em como ele fica em silêncio durante todo o trajeto chega a ser angustiante. Há algumas semanas atrás não estaria me importando com nada disso. Mas é JaeHwa, o meu JaeHwa, e eu o quero apenas sorrindo, então lhe dou espaço para que não se sinta desconfortável ainda mais e apenas seguro sua mão para que perceba que eu realmente não irei sair de seu lado.

Quando chegamos ao endereço que ele informou, observo a casinha ainda dentro do carro. Consigo notar como somente por estar ali, JaeHwa volta a tremer as mãos.

Às seguro, fazendo-o olhar para mim, bem em meus olhos.

Ele respira fundo e em seguida solta o ar devagar.

ㅡ Está tudo bem. ㅡ ele diz, como se quisesse contar aquilo para si mesmo.

ㅡ Está sim. ㅡ sorrio e beijo o dorso de sua mão. ㅡ Eu posso ir com você?

JaeHwa olha o portãozinho de madeira e assente quando respira fundo outra vez.

ㅡ Por que Hajun está aqui? ㅡ ele pergunta baixo, visto que meu melhor amigo está no banco da frente.

Porém, ele se vira e responde:

ㅡ Porque eu disse que iria te ajudar. Estou fazendo isto agora.

ㅡ Mas, Hyun... ela...

ㅡ Eu não vou fazer nada por enquanto, te garanto. ㅡ Hajun assegura.

JaeHwa respira fundo três vezes antes de virar e abrir a porta.

Faço o mesmo, caminhando com ambos até casa humilde, e adentro após JaeHwa abrir o portão baixo. Após abrir, vejo como de modo inconsciente, ele aperta os dedos na palma da própria mão e segue até a porta.

JaeHwa bate três vezes na madeira, morde o lábio inferior o deixando vermelho enquanto aguarda.

ㅡ Qual o nome completo dela? ㅡ Hajun pergunta ajeitando sua gravata.

ㅡ Lee Su-ji.

ㅡ Lee? ㅡ franzo o cenho.

ㅡ É. ㅡ JaeHwa assente. ㅡ Ela foi adotada pela vovó assim como eu fui por ela. Mas o sobrenome dela nunca mudou. A vovó pensava que talvez a família pudesse procurá-la para um dia se desculpar. Su-Ji foi encontrada na beira de um lago quase morrendo de fome ainda recém-nascida.

Eu tento entender o pouco que ele me conta, mas não quero fazer perguntas novas agora. JaeHwa já parece atormentado demais, e quando a porta é aberta de súbito, eu apenas o vejo dar três passos para trás, vindo ao meu encontro, parando ao meu lado.

ㅡ Vim ver a vovó. ㅡ é o que ele diz, piscando mais vezes do que o normal, segurando a manga de minha blusa.

A mulher intercala o olhar de JaeHwa a mim e Hajun, parecendo um tanto surpresa.

ㅡ Nem um bom dia antes? ㅡ pergunta, deixando transparecer seu sorriso amarelo e sarcástico.

ㅡ Eu quero ver a vovó. ㅡ Ele diz novamente.

ㅡ Quem são esses?

ㅡ Sou Jung Hajun. ㅡ Hajun diz tomando a frente, erguendo a mão para cumprimentá-la. ㅡ sou advogado do senhor Jeon.

ㅡ Advogado? ㅡ ela recusa o cumprimento, olhando-o com medo.

ㅡ Exatamente. ㅡ respondo, tomando a frente. ㅡ Onde está à senhora Jeon?

ㅡ Quem é você?

ㅡ Diga logo onde ela está! ㅡ JaeHwa explode em um grito, dando passos à frente, mas minha mão o impede de ir muito além, entrelaçando-se a dele.

A mulher olha para JaeHwa, seu semblante é de completa repulsa. Seus olhos vagam por ele inteiro, mas seu nojo não muda.

ㅡ Que tipo de cabelo é esse? E essas roupas?

ㅡ Pare de enrolar, pelo amor de Deus!

A mulher sorri ao vê-lo tão fora de si, mas seu jeito de olhá-lo é tão hostil que me dá ódio e ânsia ao mesmo tempo.

ㅡ Diga onde ela está. ㅡ falo.

Os olhos da mulher descem por mim, mas seu riso seco é claro quando ela vê nossas mãos unidas.

ㅡ Entendi... Então foi assim que conseguiu enviar o dinheiro tão rápido? Arrumou alguém para te bancar? ㅡ ela debocha, se aproximando de JaeHwa. ㅡ Sabe... dizem que mãe sempre sabe, não é? Mas mesmo não sendo, eu sempre soube que você era assim...

ㅡ O que quer dizer com isso? ㅡ me aproximo, cobrindo o corpo de Jeon com o meu.

ㅡ Que ele é do tipo puta barata. ㅡ cospe as palavras na minha cara sem se importar. ㅡ E você com certeza está bancando para usá-lo. Eu sempre cuidei desse órfão, ensinei e mostrei o certo, mas ele sempre foi assim, desde os doze anos, não é, JaeHwa? Desde aquele seu amigo, não é?

ㅡ Você não sabe o que diz. ㅡ JaeHwa fala baixo. ㅡ Você não sabe.

ㅡ É claro que eu sei. Você é como sua mãe, como aquela vadia.

ㅡ Não fale da minha mãe! ㅡ ele fala alto outra vez, mas ela somente rir mais.

ㅡ É claro que eu falo. Sua mãe roubou o homem que eu amava e o matou. Ela não passava de uma puta egoísta e ainda me deixou com você como encosto ou praga! Sua bicha de merda, eu te criei para ser diferente!

Sinto meu sangue ferver. Eu juro pelo universo que preciso respirar fundo para não ensinar essa mulher como realmente deve-se falar com alguém doce como JaeHwa.

ㅡ Você não pode falar com ele assim. ㅡ Hajun diz, e conhecendo meu amigo, ele é um bom profissional, mas já está perdendo sua paciência. ㅡ você quer responder por tudo isso legalmente? Eu posso te processar.

ㅡ É uma ameaça?

ㅡ É claro que é. ㅡ ele diz, trincando a mandíbula.

ㅡ Diga de uma vez onde a vovó está!

ㅡ Ela está morrendo naquela pocilga de hospital que a In-Hwan também morreu.

JaeHwa arregala os olhos.

ㅡ Por que você a levou para lá? Eu te mandei dinheiro, eu disse pra não levar a vovó para lá, ela não gosta dali!

ㅡ Por quê? Por que ela lembra da querida filha traidora? Eu não me importo, JaeHwa! A merda do dinheiro que você manda mal dá para os remédios.

ㅡ Eu te enviei setecentos mil won!

ㅡ Que não deram para nada. Já que agora você está com... ㅡ ela olha para mim e desce o olhar até nossas mãos outra vez ㅡ esse senhor, por que não mandou mais?

ㅡ Isso é errado. ㅡ Hajun falou outra vez ㅡ se JaeHwa envia todos os meses dinheiro para a compra dos remédios e o pagamento do hospital, você deveria utilizá-los assim.

ㅡ E quem te disse que eu não uso?

ㅡ onde estão as notas?

ㅡ Não há nota nenhuma.

ㅡ Claro que há. ㅡ Hajun fala calmo. ㅡ ou você está fazendo uso de maneira incorreta dessa quantia?

ㅡ O que está insinuando?

ㅡ Que você é podre. ㅡ JaeHwa diz. ㅡ podre! Não se importa com a saúde da vovó, da saúde da mulher que te criou! Da sua própria mãe!

ㅡ Ela não é minha mãe. Assim como eu também não sou a sua.

ㅡ Felizmente. Eu sou filho de Jeon In-Hwan, minha única mãe. A única que já amei, a verdadeira!

ㅡ Você é filho de uma traidora. ㅡ ela diz raivosa. ㅡ O único homem que eu amei, ela me roubou e ainda teve o prazer de deitar-se com ele e te trazer a merda desse mundo. E só para quê? Para me ver no fundo do poço!

ㅡ Os meus pais se amavam. ㅡ JaeHwa novamente esboça com raiva, e mais uma vez eu o seguro. ㅡ Você é uma invejosa!

ㅡ Sua mãe não passava de uma cachorra ladra de homens, garoto. Por que acha que ela quis tanto de ter? Foi para me mostrar o quão suja ela era. Mas foi você quem os levou para lama. Foi você quem os matou!

JaeHwa deixa suas lágrimas descerem, mas ele tenta avançar contra a mulher em um lapso de raiva. Mas eu ainda o seguro, e com isso o afasto.

ㅡ Você é uma pessoa desprezível. ㅡ falo enojado. ㅡ como pode falar algo assim?

ㅡ Você não me conhece, não pense que falará o que quer estando na minha porta.

ㅡ Você sabe onde fica o hospital, JaeHwa? ㅡ Hajun pergunta. JaeHwa assente. ㅡ Certo, então vamos lá. Tentarei conseguir uma transferência para sua avó ainda hoje.

ㅡ Transferência? Para onde pensam que irão levá-la?

JaeHwa a olhou, erguendo o queixo antes de responder:

ㅡ Para longe de você.

Vejo JaeHwa se afastar a passos pesados, caminhando de volta até meu carro, e antes que eu também possa ir, olho aquela mulher com desprezo e aviso-a:

ㅡ Você irá pagar caro pelo que fez.

Viro-me e deixo-a para trás, sequer me importando para o que ela ainda ousa falar. Quando enfim estamos dentro do veículo, vejo JaeHwa voltar a chorar, mas seguimos até o hospital.

Sua perna balança de modo descontrolado outra vez, e seus olhos estão vermelhos, entregando o quão magoado está, mas ele respira fundo como Sunhee o pediu para fazer.

Me aproximo de seu corpo, acolhendo-o em meu abraço e vejo-o deitar a cabeça em meu peito, sentindo o modo firme como segura o tecido de minha camisa, fungando alto ao liberar mais de seu choro.

Eu o acaricio nos cabelos, tranquilizando-o enquanto por dentro estou louco de ódio.

Não tenho dúvidas, aquela mulher não presta e estava se aproveitando da boa e inocente pessoa que JaeHwa é.

ㅡ Contatei o hospital central de Seul. ㅡ Hajun fala ainda do banco da frente. Ele nos olha e sorri. ㅡ pediram apenas para que consigamos todo o histórico médico da senhora Jeon. Assim podemos transferi-la.

ㅡ Ela disse que a vovó está morrendo, Hyun, não sei se ela pode ser levada para Seul. ㅡ JaeHwa lamenta.

ㅡ Não se preocupe com isso, anjo. Se depender de mim, sua avó receberá o melhor tratamento e terá muitos dias. Ainda pode haver esperanças, não acredite naquela mulher.

ㅡ Eu não quero perdê-la agora.

ㅡ Não irá, meu bem. ㅡ digo depositando um beijo em seus cabelos.

JaeHwa me aperta ainda mais.

Ele está completamente assustado.

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