"Hyun-Suk"
Enquanto estava sentado no sofá do quarto hospitalar quieto, observava Jaejun conversando baixinho com sua avó.
Ele deixava-a tocar em seu rosto, fazendo uma carícia calma enquanto seus olhos sorriam de forma que bolsinhas formassem logo abaixo.
ㅡ A senhora se sente mesmo bem? ㅡ ele a perguntou. A mulher assentiu, ainda encantada com o próprio neto.
ㅡ Quanto tempo, meu neto...
Meu coração queimava em alívio. Nunca havia visto Jaejun sorrir do modo em como sorria com ela.
ㅡ Eu senti tanto a sua falta, vovó.
ㅡ Pensei que não iria mais te ver. Su-ji disse que você não queria mais voltar.
ㅡ A titia mentiu vovó, mas o que importa é que estou aqui agora. ㅡ Jaejun tocou sobre a bochecha dela, afagando do mesmo modo em como a mulher fazia. ㅡ estou mesmo feliz em te ver.
ㅡ Eu me sinto um pouco melhor. Mas o médico falou que ainda estou fraca, e sei que meu estado é bem ruim.
ㅡ Não pense assim, tudo bem? Aqui te tratarão da melhor forma. E a senhora está na fila para o transplante
ㅡ E quem é aquele? ㅡ a mulher pergunta.
Jaejun me olha, ainda sorrindo calmo, e me chama com a mão. Eu me sinto estranho, pois o olhar da mulher não desvia de mim, mas vou até o meu Jaejun, sentindo-o tocar minha mão.
ㅡ Esse é Hyun-Suk, vovó. Ele quem me ajudou a te trazer para cá. E ele está cuidando de mim também.
ㅡ É um prazer conhecê-la senhora. ㅡ falo reverenciando-a. ㅡ fico feliz que esteja melhor.
ㅡ O prazer é meu. ㅡ ela diz baixo, sorrindo. ㅡ obrigada por cuidar do meu neto.
ㅡ Não me agradeça por nada, senhora. Faço tudo por que gosto muito dele. E foi Jaejun quem te trouxe, eu só ajudei. ㅡ sorrio.
A mulher parece tranquila quanto a nós dois, mas seus olhos vagam de mim para ele e em seguida a sua pergunta ecoa:
ㅡ Vocês são amigos?
Percebo como Jaejun respira fundo e então me olha. Eu não sei o que fazer, mas Jaejun sorri e então a responde:
ㅡ Hyun-Suk é mais que um amigo para mim. Ele é como um anjo da guarda. ㅡ ele responde, e meu coração vibra.
Jamais pensei sentir-me tão louco por um alguém como sou por Jaejun.
ㅡ Se você é amigo e anjo da guarda do meu neto, eu te considero um neto também.
ㅡ Isso significa que você pode chamá-la de vovó.
ㅡ Irei considerar como.
A mulher sorri com calma outra vez, parecendo se divertir com a risada que Jaejun deixa escapar quando me olha outra vez, mas o médico retorna, e então somos obrigados a nos conter.
Alguns exames são feitos na mulher, e o doutor é claro quando em particular, nos explica que seu quadro ainda é grave.
O riso de Jaejun não retornou depois da notícia, mas eu tento fazer com que ele não se sinta ainda mais desconfortável, então encerro a noite com o meu garoto se empanturrando de pizza de brigadeiro e queijo, suas favoritas.
ㅡ Você acha que a vovó ficará bem logo? ㅡ ele pergunta quando enfim deitamos.
ㅡ Ela ficará bem, amor. ㅡ digo, deixando um beijo em sua testa. ㅡ ela está no melhor hospital. Ela te viu, falou com você e sorriu para você. Então ela irá melhorar em breve.
ㅡ Ainda me dói lembrar de tudo o que a titia fez. Ela não ligou mais?
ㅡ Não. Hajun fez questão de deixar nossos números de celular quando retornou lá para buscar os documentos da sua avó, mas ela não fez contato nenhum. Entraremos com o pedido dos comprovantes de todos os pagamentos que você efetuou e que ela prometeu estar usando com a sua avó, caso isso não aconteça, ela precisará devolver tudo. Então talvez ela tente falar com você depois disso.
ㅡ Eu pensei sobre tudo isso, Hyun... Eu realmente não quero que façam com que ela pague os valores. Su-ji foi muito ruim, mas... ㅡ ele suspira e nega. ㅡ ela foi quem me ajudou a crescer...
ㅡ Eu já conversei e expliquei tudo a você, isso não era uma troca, ele deixou a sua avó adoecer ainda mais, e poderia até mesmo ser presa. Mas estamos fazendo o mínimo, ela precisa entender o quanto errou.
Ele parece entender mais uma vez, mesmo eu sabendo que Jaejun está com medo de ir contra a tia e medo do que ela achará de si no final, mas ele é mais forte que ela e não está agindo errado, então eu não pretendo desistir disso.
ㅡ Obrigado por me ajuda. ㅡ ele diz erguendo o rosto, beijando meu queixo. ㅡ obrigado por se importar comigo, Hyun.
ㅡ Você melhorou a minha vida, Jaejun. Vou me importar com você até meu último dia de vida. ㅡ falo olhando nos olhos, vendo como brilham como uma imensa constelação. ㅡ Você está me ensinando muita coisa.
ㅡ Então estamos aprendendo juntos. Você me ensina e eu te ensino.
ㅡ Quer aprender algo agora? ㅡ pergunto, vendo-o sorrir sacana. ㅡ não é nada do que está pensando.
ㅡ Não?
ㅡ Não.
ㅡ Então o que é?
Eu sorrio para Jaejun, aproveitando que seu corpo está inclinado sobre o meu para lhe puxar.
Seu corpo cai totalmente sobre o meu, então sou rápido em abraçá-lo com as pernas e os braços.
ㅡ Você quer fazer sexo? ㅡ pergunta risonho.
Nego também sorrindo, vendo seu rosto bonito ser coberto pelos fios avermelhados.
ㅡ Quero apenas te sentir.
ㅡ Como?
ㅡ Assim.
E com calma, eu o trago para mais perto e o beijo na boca. Jaejun ainda sorri, mas se entrega por completo ao beijo, girando sobre a cama, fazendo-me ficar sobre si.
ㅡ Só quero ficar assim. ㅡ digo.
ㅡ De chamego?
ㅡ Uhum, de chamego com o meu Jaejun.
Ele sorriu outra vez, juntando sua boca à minha num selar longo. O som sai estalado, fazendo-o gargalhar em seguida, me matando com o som que parece o mais bonito do mundo.
Acaricio seu rosto, deitando ao seu lado, vendo como seus olhos fecham com a calma que lhe preenche, fazendo-me viajar em sua beleza.
ㅡ Você acreditaria em algo se eu falasse agora? ㅡ falo.
Jaejun abre novamente os olhos, adentrando minha alma com a sua quando nossos olhos se conectam, e sorrindo de modo tranquilo quando toca meu rosto, ele suspira.
ㅡ Não fale agora, tudo bem?
ㅡ Por que não?
ㅡ Por que ainda pode ser um engano. Eu quero que fale quando estiver pronto.
Eu o encaro sem ter o que dizer, mas assinto, vendo-o se aproximar para voltar à mesma posição que antes estava.
ㅡ Boa noite, Hyun.
Meus olhos vagam pelo teto, sentindo a agonia que me vem junto ao meu coração que se esmaga por si só, em um completo e nulo desespero.
ㅡ Boa noite.
[...]
Os dias em repouso fizeram bem a Jaejun.
Sabia que o sorriso dele sempre me fazia bem, só não sabia que era tanto. Jaejun estava indo ao hospital visitar sua avó diariamente, e quando soube que o quadro da mulher havia melhorado de forma considerável, ele chorou em alívio.
Também recebemos a ligação que talvez estivéssemos mais ansiosos para receber.
Foi durante a madrugada de um sábado. Estava havendo um festival numa cidade vizinha e jovens sempre iam e dirigiam bêbados pelas estradas perigosas. Infelizmente, um grave acidente aconteceu com dois carros e um deles bateu contra uma densa mureta. Um dos jovens naquele carro foi dado com morte cerebral e ele era doador. Jaejun chorou ao receber a ligação do hospital para avisar que sua avó receberia o par de pulmões que precisava, e logo após chorou mais, vendo a notícia dos jovens mortos na TV.
ㅡ Eu sinto tanto, Hyun. ㅡ ele falou, fungando enquanto estava abraçado a mim na sala de espera. ㅡ a morte de uma pessoa está significando a vida de outra.
ㅡ Infelizmente é assim que a vida age, Jaejun. Mas devemos ser gratos, pela decisão de uma boa pessoa em ser doador, sua avó e outras inúmeras pessoas estão tendo uma segunda chance hoje. Não vamos ficar abatidos.
Ele assentiu, mesmo que minutos depois voltou a chorar baixo outra vez.
Mas a cirurgia ocorreu bem, pudemos visitá-la após o tempo permitido e eu vi Jaejun chorar ainda mais, mas desta vez tocando a mão da pequena mulher, a agradecendo por ser forte o suficiente para conseguir passar por aquilo também.
Os médicos aconselharam que após a recuperação, ela ficasse em uma clínica especializada em cuidados aos idosos já que Jaejun e eu trabalhávamos e Hyelim precisava uma pessoa consigo durante todo o dia.
Não foi fácil convencer Jaejun, ele queria que a avó ficasse consigo em casa, mas após os médicos mostrarem a importância da idosa estar em um lugar onde pudesse conversar com outras tantas pessoas, estar em contato com a natureza e participar de exercícios e festividades que fossem revigorar seu espírito, Jaejun e eu passamos a maior parte dos nossos dias pesquisando e visitando clínicas de cuidados, e após uma longa pesquisa, enfim decidimos onde Hyelim ficaria e fizemos o possível para que fosse o melhor.
Hoje então é o dia em que a mulher foi transferida para a clínica.
ㅡ Eu queria tanto levá-la para o apartamento.
Jaejun resmungava sentado ao meu lado no carro, completamente emburrado, com seus braços cruzados e um bico nos lábios.
ㅡ Anjo, nós já conversamos, não foi?
ㅡ Eu sei que já, mas é difícil...
ㅡ Você sabe, isso é o melhor para ela. Ela terá pessoas para cuidar de si a todo o momento, pessoas capacitadas.
ㅡ Eu poderia cuidar da vovó.
ㅡ Eu sei que sim, mas você trabalha Jaejun, e eu também.
ㅡ Mas o que você tem a ver com isso? Quer dizer, além de estar me ajudando muito... A gente não mora junto.
ㅡ Não? ㅡ pergunto o olhando. ㅡ poxa, eu pensei que morássemos, eu até levei meu gato para ficar esse fim de semana com você, não foi?
ㅡ Bobo. ㅡ Jaejun ri, o que me tranquiliza um pouco.
Assim que chegamos a casa onde sua avó ficará, percebo que não somos os únicos a ir.
Todos os amigos de Jaejun já estão parados na calçada em frente, e sorriem quando olham em nossa direção a nós, mesmo que os vidros do meu carro sejam completamente escuros.
ㅡ Eles sabem que somos nós? ㅡ pergunto a Jaejun.
ㅡ Sim. Jackson tem até a sua placa anotada.
ㅡ Minha placa? ㅡ franzo o cenho e vejo-o assentir.
ㅡ Sim, ele disse que é só por precaução mesmo.
Assim que estaciono o carro, vejo Jaejun saltar para fora, abraçando o garoto e sendo apertado do mesmo jeito.
Mas o que ainda passa por minha mente é: Para quê ele anotou minha placa?
ㅡ Oi, loirão.
Eu sorrio não me importando com o apelido e vejo todos os outros se aproximarem, um em específico, parecendo bem acompanhado.
ㅡ Vocês voltaram? ㅡ ouço Jaejun perguntar baixo ao seu amigo Taeshin, mas meus olhos não saem do homem que sei que esteve com Hajun no dia anterior.
E como eu sei disso? Bom, mesmo com Jaejun em casa e querendo muito cuidar dele, eu ainda tenho meus deveres e a Scandal é um deles. Precisei ir até o lugar para resolver alguns problemas de última hora, e Hajun estava bem acompanhado de seu submisso.
ㅡ Não, estávamos conversando na faculdade e ele se ofereceu para me trazer. ㅡ O garoto responde.
Sorrio para JiHo, aproximando-me de si, vendo o modo tedioso em como ele me olha.
ㅡ Qual foi?
ㅡ Nada. ㅡ respondo. ㅡ dia bonito, não acha?
ㅡ Corta essa, Hyun-Suk. ㅡ Rabugento, do mesmo modo em como o conheci há anos.
ㅡ Ele sabe? ㅡ pergunto virando-me de frente, analisando Jaejun com seu amigo.
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