A segunda-feira havia finalmente chegado e antes de ir até à delegacia com Hajun, Jaejun o chamou para conversar sobre o trabalho, e eu os dei privacidade, indo até à sala de jantar, no qual Sunhee tomava café da manhã sozinha.
A cumprimentei com um bom dia e um beijo no centro de sua testa. Busquei um pouco de café, e enquanto despejava sobre minha xícara, sorri, notando-a me encarando em silêncio.
ㅡ O quê que foi?
A olhei, vendo Sunhee sorrir.
ㅡ Posso perguntar uma coisa a você?
ㅡ Se eu te empresto a minha Ferrari? Não.
ㅡ Tsc, não é isso, seu besta. Eu tenho meu próprio carro.
ㅡ Então o que é?
ㅡ O que você achou do JooRi?
Bebi um pouco do café, sentindo-a queimar minha pele com sua ansiedade.
ㅡ Bom, não deu para ter uma noção ampla sobre quem ele é. Só o conheci superficialmente.
Os ombros de Sunhee abaixaram.
ㅡ Me conte você sobre ele.
ㅡ O que mais quer saber? JooRi tem trinta e sete anos, nunca casou ou teve filhos. Ele é dono de uma renomada linha de roupas masculinas e tem inúmeras lojas no país. Seu nome está entre os trinta homens mais ricos do país.
ㅡ O meu está entre os cinco. ㅡ brinquei, vendo-a girar os olhos. ㅡ eu não desaprovo, já te disse.
ㅡ Mas eu quero saber o que você achou... ㅡ ela fez bico.
Suspirei, assim como Jaejun, Sunhee conseguia me tirar muita coisa quando fazia "a" carinha.
Talvez tenha sido por isso que chegamos até mesmo a noivar.
ㅡ Achei ele velho. ㅡ brinquei novamente, sentindo o tapa que ela deixou em meu ombro. ㅡ ué, não é pra ser verdadeiro?
ㅡ Fala sério.
ㅡ Tô rindo? ㅡ prendi o riso, mas senti outro tapa e não aguentei, gargalhei de sua cara. ㅡ ok, ok. Eu falo. ㅡ me rendi. ㅡ eu achei ele normal. Ele é bonito, tem pinta e exala que é rico, o que mais você quer?
ㅡ Você acha ele fofo?
ㅡ Como seria possível achar um marmanjo fofo?
ㅡ Você acha o Jaejun fofo!
ㅡ Porque, um: Jaejun não é um marmanjo, e dois: ele é mesmo fofo, não existe nada tão fofo quanto o meu namorado no mundo.
Sunhee riu, sequer ela negava aquilo.
ㅡ Mas eu achei JooRi gente boa se quer saber. Ele parece te fazer feliz.
ㅡ Ele faz. E é por isso que eu tô te perguntando essas coisas.
ㅡ Por isso? ㅡ franzi o cenho.
Sunhee buscou a bolsa na cadeira ao lado e a abriu. De lá ela buscou uma pequena caixinha que, como um bom entendedor daquelas coisas, arregalei meus olhos, negando.
ㅡ Nem fodendo, Sunhee!
ㅡ Porque não? ㅡ ela abriu a caixinha e mostrou o anel com um diamante do tamanho de uma moeda. ㅡ ele me pediu em casamento e... eu aceitei.
ㅡ Você tá doida? Vai casar com um cara que você conheceu a dois meses?!
ㅡ A gente se conhece a seis meses. ㅡ ela me informou. ㅡ eu só não te contei.
ㅡ Sunhee...
ㅡ Poxa, Hyun-Suk, eu tenho quase trinta anos. Ainda moro na casa do meu ex-noivo, e...
ㅡ Você mora aqui porque é minha melhor amiga, e não porque precisa se casar. Você tem um apartamento só seu, então não use essa desculpa.
ㅡ Eu sei... Só quero dizer que preciso de um homem. Quer dizer, eu não preciso, preciso. Mas eu quero um pra mim... E eu quero me mudar, não vou mais atrapalhar você e o Jaejun. Vocês precisam de espaço.
ㅡ Espaço? Nessa casa? Dá pra morar um bairro inteiro bem aqui, Sunhee, pelo amor de Deus! Não casa com quem você ainda não conhece bem.
ㅡ Você deveria ficar feliz por mim, Hyun-Suk. ㅡ ela fez o bico outra vez.
Dessa vez não vou ceder.
ㅡ Eu ficaria se você ao menos estivesse pensando com a cabeça e não com o coração. E se você quebrar a cara? Sunhee, você sabe que eu não admito que homem nenhum te machuque, você vai querer ver a cara dele toda machucada?
ㅡ Vou, se ele me machucar, é claro que eu vou. ㅡ ela sorriu. ㅡ mas ele não vai, Hyun-Suk. Confia em mim. Eu conheço JooRi muito bem. Ele vai me fazer feliz.
Suspirei, não conseguia acreditar que ela estava mesmo convicta daquilo com tão pouco tempo.
ㅡ Por favor... me apoia nisso. ㅡ ela tocou minha mão.
Olhei em seus olhos que brilhavam. Meus ombros caíram e eu me deixei ceder.
ㅡ Se você acha mesmo que vai ser feliz... quem sou eu pra impedir?
ㅡ Então você aprova cem por cento? ㅡ ela sorriu abertamente.
ㅡ Cem por cento não, talvez sessenta por cento.
ㅡ Só isso?
ㅡ É, ué. Ele vai ter que me provar ser capaz de te fazer feliz pra valer. E não vou deixar ele me convencer a cem por cento porque ainda estará de pé a ideia de quebrar a cara dele.
Sunhee manteve-se sorridente e me abraçou por cima da mesa, quase derramando meu café.
ㅡ Obrigada! Obrigada, obrigada!
Sorri incapaz de não ficar feliz com a felicidade dela.
Voltei a beber meu café e a observei encaixar o anel no dedo, mostrando a Jaejun no segundo em que ele chegou à mesa, surtando finalmente com alguém por estar noiva.
ㅡ Olha o tamanho dessa pedra. Meu Deus! ㅡ Jaejun falou.
Olhei para Hajun.
Será que eu deveria comprar um com uma pedra maior para ele?
ㅡ E então? ㅡ perguntei quando ele sentou ao meu lado, buscando uma torrada para comer.
ㅡ Demitidíssimo.
Sunhee arregalou os olhos quando ouviu aquilo, mas Jaejun a tranquilizou dizendo:
ㅡ Fui eu quem pedi demissão. Agora Hyun-Suk vai me dar o que eu pedir. ㅡ ele piscou divertido.
Sunhee riu, fazendo um high-five com ele.
ㅡ Pede uma Porsche pra ele. ㅡ ela sussurrou.
Jaejun se aproximou dela e respondeu tão baixo quanto:
ㅡ Ele já me deu uma.
Sunhee mostrou-se surpresa outra vez e Jaejun cobriu o rosto, divertindo a mim e a Hajun com seu jeito fofo de ser.
ㅡ E então, vamos? ㅡ meu melhor amigo chamou.
Suspirei, assentindo.
Jaejun me olhou, ficando de pé com pressa.
Ele não iria conosco, talvez pudessem nos fotografar e privar ele de sites e canais de fofocas era tudo o que eu queria.
Mas ele seguiu comigo para o lado de fora. Iríamos no carro de Hajun por não ser tão chamativo quanto aos que eu tinha, mas, enquanto Hajun foi até o veículo, eu fui abraçado e senti o beijo de preocupação que Jaejun deixou em minha boca.
ㅡ Não vai preso, tá bem? ㅡ Ri baixo, assentindo, mas ele apertou minhas bochechas, me fazendo parar de rir. ㅡ tô falando sério. Por favor, não vai ser preso.
ㅡ Eu prometo que não vou. Hajun é o melhor, ele já me instruiu o que falar. Só vou fazer com que parem de citar meu nome como outras vezes já fiz.
ㅡ Tudo bem. ㅡ ele me beija novamente, desta vez mais calmo, suspirando no fim quando seus olhos se conectam aos meus. ㅡ eu amo você.
ㅡ Também te amo. ㅡ digo sorrindo. ㅡ vê se come algo e não pensa muito sobre esse assunto. Se sentir algum sintoma que antecede uma crise, seu remédio está na mesa de cabeceira, tudo bem?
ㅡ Obrigado por cuidar de mim, namorado. ㅡ Jaejun pediu outra vez, desta vez sorrindo antes de me abraçar e me beijar novamente. ㅡ agora vai embora, Hajun vai ficar bravo e eu tenho uma consulta online com a psicóloga em trinta minutos, preciso tomar banho.
ㅡ Tá bem.
ㅡ Se cuida. ㅡ Jaejun pediu quando me afastei para entrar no carro de Hajun.
Quando enfim sentei no banco de passageiro e coloquei o cinto de segurança, ouvi:
ㅡ Vocês são muito gays.
Ri com Hajun, mas seguimos juntos pela estrada até o portão que limitava a entrada da minha propriedade.
Antes mesmo que pudéssemos sair do condomínio, franzi o cenho quando vi o carro de JooRi seguido por outro passar por nós.
ㅡ É o tal namorado da Sunhee?
ㅡ Noivo agora. ㅡ busquei o celular e disquei rapidamente para ela.
ㅡ Você acabou de sair, Hyun-Suk. ㅡ o tom de voz de Sunhee era brincalhão.
ㅡ Seu tal noivo está indo aí hoje?
ㅡ Está. Ele me ligou pela manhã, vamos passear pelos jardins.
ㅡ O seu cunhado também?
ㅡ MinHo? Ele estava com JooRi em uma das lojas, então veio junto.
ㅡ Tem certeza, Sunhee?
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