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Caminho traçado: Resgatada pelo inimigo romance Capítulo 4

Parada na porta, está Doris, empregada designada para cuidar de Ava.

— Não, claro que não. Você chegou no momento perfeito, Doris. Minha noiva acabou de acordar e precisa de ajuda para tomar banho.

Ao ouvir a palavra “noiva”, vindo da boca de Hector, Doris franze a testa, mas permanece em silêncio. Ela o conhecia muito bem e sabia que o confrontar naquele momento traria complicações para ela mesma.

— Claro, senhor, farei tudo que precisar — diz Doris, lançando um olhar furtivo para Ava na cama, que parece ligeiramente confusa e desorientada. — Olá, senhora. Me chamo Doris e estou cuidando de você desde que chegou — revela, se direcionando à Ava.

Ava somente assente, sem responder nada.

Sentindo que já havia feito um pouco do seu trabalho ali, Hector decide sair, mas antes, olha para sua empregada e comenta:

— Podemos conversar um pouco a sós? — propõe, lançando um olhar mais sério para a empregada, que entende rapidamente.

— Claro, senhor.

Antes de sair do quarto, Hector se vira para Ava e comenta:

— Voltarei mais tarde, querida. Por agora, somente descanse — diz, deixando um beijo casto em sua testa.

Enquanto observa Hector sair do quarto, Ava tenta procurar por respostas, mas a sua mente está cansada demais para se lembrar de alguma coisa.

Do lado de fora do quarto, próximo à porta, Doris se vira para Hector com o olhar cheio de questionamentos.

— O que você está aprontando, Hector? — murmura, com medo de que Ava ouça do outro lado.

— Nada de mais — ele responde, abrindo um sorriso cínico nos lábios.

— Hector, eu te conheço desde quando você nasceu. Por que não levou essa moça para o hospital, ao invés de mantê-la aqui?

— Porque, se ela for para o hospital, a família a encontrará — revela.

— E isso não é o certo? A família dela está desesperada com o desaparecimento dela. Até nos jornais estão falando disso. As buscas estão acontecendo em todas as direções e até já começaram a considerar a possibilidade de que ela tenha sido levada pela correnteza ou os peixes tenham devorado-a após o veículo onde ela estava ter caído no mar.

— Que todos pensem! — ele exclama com desdém. — Eu não me importo com nenhum deles. Por mim, que eles sofram pensando que ela está morta.

Ao notar a expressão sombria no rosto de Hector, Doris fica assustada. Ela nunca o viu daquele jeito.

— Você devia ser mais humano, Hector. Aquela moça já está sofrendo demais por não se lembrar de nada.

— Mais humano? — ele questiona intrigado. — Fui eu quem a salvei. Não tenho culpa do que aconteceu com ela, está bem? Foi o desgraçado do noivo que tentou matá-la, se não fosse por mim, ele teria conseguido.

— Sim, eu sei disso, mas o que você ganha a mantendo aqui?

— Tenho meus próprios planos — revela.

— Hector… — a voz de Doris sai como uma repreensão.

— Ela perdeu a memória, Doris. Não se lembra de nada! Não foi culpa minha. — Interfere.

Mesmo acostumada com aquele tom nas respostas diretas de Hector, Doris insiste:

— Sei que não é da minha conta, mas eu me preocupo — rebate. — Não pude deixar de notar o quanto você estava próximo dela, quando entrei no quarto.

— Aquilo não foi nada, só estávamos conversando — ele explica.

— Precisavam estar tão próximos?

Uma bufada irônica escapa pelas narinas de Hector, que respira fundo para não perder o controle.

Pelo fato de Doris tê-lo criado desde a infância, ele sempre deu a ela liberdade para expressar abertamente suas opiniões como quisesse. Porém, naquele momento, sentia que ela estava ultrapassando os limites.

— Desde quando você se tornou tão enxerida assim? — indaga, cruzando os braços.

— Não estou sendo enxerida, só me preocupo com você e com o que possa fazer.

— Não se preocupe com nada. Sei bem os meus limites.

— Sei que sabe, mas ela é uma moça jovem e bonita, por isso me preocupo — insiste Doris. — Não acha que ela já sofreu o suficiente? — questiona. — Além de ter perdido a memória no acidente, também acabou perdendo o bebê que esperava.

Ao proferir essas palavras, a porta do quarto onde Ava se encontrava é aberta de maneira brusca, revelando-a em pé, com uma expressão visivelmente angustiada.

— O que acabou de dizer? — Ava pergunta. — Eu perdi um bebê? — questiona, com os olhos banhados pela dúvida.

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