Casada com a Fera romance Capítulo 21

Eu estava ali observando Sophie dormir pacificamente ao meu lado, já não sabia quanto tempo tinha se passado, mas eu continuava observando ela dormir.

Estar dentro dela foi melhor do que imaginei e eu queria mais, só estava me contendo por imaginar o quão dolorida ela estava.

Desci meus olhos pela curvatura da coluna, desenhando cada pedacinho dela, até que meus olhos pararam no bumbum perfeito, arredondado e empinado. Se eu começasse com isso ia ter uma ereção em segundos!

Me curvei sobre ela para cobri-la com o lençol e uma cicatriz do lado direito do quadril me chamou a atenção. Era pequena e pálida, não se via ao longe, mas ali de perto ficava bem nítida.

Deslizei meu dedo sobre ela, me perguntando como ela teria se machucado, com quantos anos e quem cuidou dela. Pensar nisso me fez lembrar que eu não a conhecia direito, nem tinha me dado o trabalho disso, mas estava na hora disso mudar.

Plantei um beijo sobre a pequena cicatriz e me levantei da cama, sendo cuidadoso para não acordá-la. Ler aquele relatório tinha ficado na minha mente desde ontem e foi por isso que eu o enfiei dentro da mala, agora era a hora perfeita para isso.

Coloquei uma cueca e peguei o envelope tirando as folhas de dentro antes de ir para a varanda. A primeira página tinha nome, idade, parentes vivos, o nomes dos pais dela e data da morte. Já na segunda estava o histórico escolar dela, que surpreendentemente ia só até o ensino médio, então vinha o histórico médico, que não tinha muito, apenas de quando ela era criança e uma vez na adolescência.

Aquilo ficava mais estranho a cada página que eu lia, era como se depois da morte dos pais Sophie tivesse vivido reclusa, sem nada além de notas ótimas na escola.

Mas quando cheguei a parte que descrevia os bens dela algo começou a fazer sentido. A empresa dos pais de Sophie foi acusada de uma grande fraude alguns meses depois da morte dos pais dela, eles perderam muitos investidores e foram a falência com a quantidade de processos.

Quem estava no comando do lugar quando tudo aconteceu era o tio dela, ele era responsável pela herança dela até que completasse vinte e um anos. O que será daqui a um ano, mas tudo o que ela herdará será uma empresa falida, com processos gigantescos.

Qualquer bem que ela tivesse quando assumisse a empresa seria confiscado para pagamento dos processos.

O que me levou a procurar pelo extrato bancário dela. Mas não havia essa informação em lugar nenhum e eu tinha certeza absoluta de ter pedido a John isso.

Voltei ao quarto a passos largos em busca do meu celular. Mas meus olhos se perderam na figura na cama, Sophie tinha se virado de lado e estava tentadora mente exibindo os seios na minha direção.

Respirei fundo e peguei meu celular saindo de lá o mais rápido possível antes que fizesse uma besteira.

O telefone chamou duas vezes antes que John atendesse a ligação.

— Onde estão os dados bancários dela? — questionei sem nem lhe dar tempo de dizer nada.

— Eu estava esperando que lesse tudo e viesse me perguntar, finalmente, já não era sem tempo. — ele debochou, mas eu não estava com tempo pra isso, queria descobrir a verdade de uma vez. — Sophie não tem uma conta bancária, nunca teve. Até mesmo a conta milionária dos pais dela e que deveria ser passada a ela, foi limpa antes que a empresa caísse em colapso.

— Como isso John? Como pode ela não ter uma conta, quem gastou o dinheiro se ela tinha dez anos quando tudo aconteceu? — questionei inconformado, não tinha como eu me contentar com apenas aquelas informações, eu precisava de mais!

— Estamos rastreando o dinheiro, Cris está me ajudando pois o cara que fez isso foi muito bom tentando não deixar rastros. Mas vamos conseguir, logo logo vamos ter essa resposta pra você.

— É bom mesmo! Quero saber quem destruiu o patrimônio e a herança da minha mulher! — rosnei no celular amassando os papéis na minha mão. — E o dinheiro do acordo? Onde ela colocou se não tem uma conta? Como meus pais fizeram a transação?

— Posso enviar para o seu e-mail se quiser, mas tudo foi para uma conta em um paraíso fiscal, no nome do primo dela. Seus pais fizeram o pagamento direto nessa conta.

Que porra é essa? Porque meus pais fariam algo assim? Não tinha o menor sentido.

— Tem algo por trás disso, descubra o que é! Meus pais jamais dariam o dinheiro dela a outra pessoa, eles gostam da Sophie de verdade, não iriam enganá-la assim!

Desliguei o celular sentindo meu sangue ferver. Não suporto a idéia de pessoas enganando por dinheiro, gente gananciosa é a pior escória da humanidade e o tipo que eu mais detestava.

Imaginar que todo esse tempo eu venho tratando Sophie assim, quando possivelmente ela é apenas uma vítima de uma família mesquinha, me fazia ter ainda mais raiva.

Senti mãos tocando meu peito me assustando e tirando daqueles pensamentos. As mãos delicadas dela deslizaram por meu corpo até que ela estivesse me abraçando, senti quando os seios redondos se apertaram contra minhas costas me fazendo lembrar do gosto dela, o cheiro e em como era estar dentro dela.

Segurei sua mão e a puxei para a minha frente, dei apenas uma olhada em seu corpo antes de agarrá-la beijando sua boca de forma sedenta. Sophie arfou contra meus lábios e esfregou o corpo pequeno contra o meu, fazendo minha ereção crescer dura e necessitada.

Puxei ela pela bunda a erguendo e a coloquei sentada no parapeito da varanda. O gemido dolorido dela ao sentar ali me lembrou o porque eu não tinha feito isso minutos atrás, ela estava dolorida de mais para uma segunda rodada assim.

— Me fale mais sobre sua vida. — pedi desviando meus lábios do dela.

Um vinco confuso se formou entre as sobrancelhas, com certeza aquela era a última coisa que ela esperava, era a última coisa que eu esperava fazer também, mas ia nos ajudar a manter a cabeça em outro lugar.

— Humm o que quer saber? Eu perdi meus pais aos dez, fui morar com meu tio, mas não fiz muito da vida, não tenho o que te contar. — ela disse mesmo parecendo incerta sobre o que falar exatamente.

— Como era a vida com seu tio? Ele te tratava bem? Cuidava de você como uma filha ou não? E seu primo, como ele era com você? — despejei as perguntas que estavam se formando na minha mente.

Sophie não pareceu apenas confusa, mas incomodada também. Ela chegou a cruzar os braços sobre o corpo tentando se cobrir, então desceu do parapeito sem a minha ajuda e voltou para dentro do quarto.

Aquilo mexia mesmo com ela e pela forma como ela reagiu eu não ia gostar nenhum pouco. Respirei fundo, sabendo que também tinha meus demônios escondidos, mas independente de como me sentia eu queria ouvi-la.

Quando entrei no quarto ela terminava de colocar uma camisola sobre o corpo. Sophie se sentou no canto da cama, apoiando as costas na cabeceira e levando as pernas contra o peito, como uma menininha assustada.

Vê-la desse jeito mexeu com uma parte em mim que já tinha esquecido que existia. Não parecia em nada com a mulher sensual e determinada de segundos atrás.

— Porque me perguntou aquilo? — a voz dela saiu fraca e triste.

— Porque quero saber mais sobre você. — me sentei na cama, chegando perto, mas sem invadir o espaço pessoal dela. — Nós nos casamos e eu não sei nada de você, apenas o básico. Não quero que seja assim pra sempre, quero que você saiba que pode confiar em mim Sophie.

— Eu confio! — ela exclamou sem pestanejar me surpreendendo com a firmeza na voz, mas isso foi embora no segundo seguinte. — Quando meus pais morreram fazia um bom tempo que eu não via o Charles, lembro que ele e meus pais tinham brigado feio e por isso não nos víamos mais. Ele não era uma má pessoa, ao menos não por um tempo até mandar embora minha babá, porque dizia que eu já era grandinha para ter uma. Foi quando tudo começou, ele me fazia ficar trancada no quarto sem comer por qualquer coisinha, se eu ou Louis tivéssemos uma discussão era eu quem levava a pior. — eu engoli em seco quando ela desviou o olhar par ao colchão e um sorriso triste surgiu em seus lábios. — O problema é que eu nunca fui uma garota de engolir desaforos, então quando ele começou a chamar meus pais de ladrões, dizer que eles tinham me abandonado, eu batia de frente, não aguenta ouvir aquelas mentiras porque sabia que meus pais me amavam. Foi quando as surras começaram, surras seguidas de longos períodos trancada no quarto sem comer.

— Eu sinto muito. Sinto muito que tenha passado por isso. — foi tudo o que consegui dizer por cima do bolo que tinha se formado em minha garganta.

— Mas sabe, Rosa sempre me levava um prato escondido. — ela falou erguendo os olhos para mim novamente. — Ela era empregada lá e eu sempre dizia que acabaria sendo demitida por minha causa, mas ela só abanava a mão e me fazia devorar a comida. — Sophie começou a desenhar padrões na palma da mão, como se tivesse contornando um desenho que estava lá, e então eu vi a cicatriz. — A última vez que ela fiz isso foi no dia que soube do nosso casamento.

Meu sangue ferveu e choque me varreu em imaginar que isso continuou mesmo ela sendo adulta.

— Como assim quando soube do casamento? — meus pais deveriam ter dito a ela sobre o casamento, deveriam ter tratado e acordado diretamente com Sophie!

— Meu tio me deu a notícia simplesmente dizendo que eu não tinha opção, ia me casar e ponto. Então eu gritei e rebati, quando soube que não teria casamento me irritei mais ainda. — ela falou com os olhos longe e o sorriso morreu em seus lábios. — Ele quase me bateu, mas a mulher dele o parou para não me marcar um dia antes, então Charles me mandou para o quarto, ficaria lá até a hora de assinar o acordo. Horas depois Rosa se esgueirou em meu quarto com uma bandeja e me ajudou a fazer as malas.

Eu ia quebrar a cara do desgraçado! Não podia acreditar que aquilo tinha acontecido com ela e mesmo assim quando chegou a minha casa, depois de ser forçada com um desconhecido, ela soube me tratar de forma amorosa, sendo recebida por minha grosseria.

— Você nunca saiu de casa, nunca fez faculdade, nem mesmo tem uma conta no seu nome. Foi maltratada por anos dentro da casa onde deveria ser amada. — não era uma perguntas, eu estava apenas constatando os fatos. - O que é isso aqui? — perguntei segurando a mão dela e deslizando o dedo pela marca na palma da mão.

— Essa é a única cicatriz que me dá uma lembrança feliz. Eu tinha uns oito anos e estava brincando no parquinho perto de casa, minha mãe estava lá e a babá e eu lembro de querer impressionar ela pulando de uma barra para a outra, "minha macaquinha" era como ela me chamava. Mas uma das barras desceu e um parafuso rasgou minha mão, eu caí no chão na mesma hora e ganhei um galo enorme. Ela correu comigo pro hospital, nem precisei de pontos, só um curativo pequeno. — os olhos de Sophie encontraram os meus e eu vi refletida ali uma felicidade que não tinha segundos antes. — Mas eu consegui o que queria, ganhei mais atenção do que qualquer criança deveria ter especialmente depois que meu pai chegou, naquela noite jantamos hambúrguer e tomamos sorvete.

— É uma linda memória. E essa aqui? — deslizei minha mão pelo quadril dela, onde tinha visto a outra cicatriz, queria que ela sorrisse e me contasse mais sobre os pais. - Vi que tem uma aí também.

Mas o sorriso dela sumiu, os olhos perderam aquele brilho inocente e se tornaram tristeza e pesados de novo.

— Louis jogava bola dentro de casa e eu estava atrás dele, querendo brincar, ele acabou quebrando um vaso e me empurrou me culpando, eu caí em cima dos cacos e me cortei. Quando tentei falar com meu tio acabei de castigo o resto do dia sem comer, foi Rosa quem cuidou do corte pra mim. — ela contou de uma vez e meu estômago embrulhou. Droga eu tinha que fazer a pergunta errada! — Essa aqui veio junto com um olho roxo, eu respondi meu tio, dizendo que podia usar o dinheiro dos meus pais para ir a faculdade e ele me deu um soco, eu acabei rolando na escada e quebrando o braço feio, fratura exposta, foi a única vez que ele me levou ao hospital. E eu ainda tive de dizer que a culpa era minha.

— Porra! Mas como ele pode? Como ninguém... Nem mesmo os empregados denunciaram esse filho da puta? — esbravejei recebendo o olhar dela triste.

— As pessoas tem medo, mesmo pessoas como a Rosa, ela tinha quatro filhos para dar de comer e era ilegal no país, não podia arriscar perder os filhos quando fosse deportada. — Sophie suspirou, mostrando que estava conformada que ninguém poderia salvá-la. — Ela fazia tudo o que podia.

— Sinto muito querida. — a puxei para o meu colo e me sentei contra a cabeceira da cama, embalando a doce Sophie e querendo poder voltar no tempo e resgatar a versão criança dela.

Ela se aconchegou contra meu peito, esfregou o rosto de forma engraçada contra minha pele, como se buscasse mais carinho e calor. E eu lhe dei, apertei meus braços em volta dela e acariciei os longos cabelos.

Estava me sentindo um filho da puta, um tremendo pedaço de merda pela forma como vinha agindo com ela e mesmo me revidando ela sempre tentava apaziguar a situação entre nós.

Eu deveria ter escutado Holly e minha mãe, ela não era mesmo nada do que eu imaginei!

— Quando você entrou no quarto ontem e eu puxei a faca... — ela fez uma pausa e eu senti seu corpo se endurecer um pouco. — Eu guardo uma em baixo do travesseiro desde que Louis invadiu meu quarto.

Meu sangue gelou e eu podia jurar que tinha até mesmo parado de respirar.

— O que ele fez com você? — criei coragem para perguntar, mesmo que algo me dissesse para não fazer isso.

— Ele se esfregou em mim, me prendeu contra a cama tentando tirar minha roupa enquanto eu gritava e chamava por ajuda. Mas eu consegui liberar uma mão antes que ele fizesse o que queria e arranhei a cara dele, o grito do filhinho do papai foi o que atraiu meu tio até meu quarto. Ele chegou e eu estava batendo, chutando e xingando o desgraçado. — senti Sophie estremecer em meus braços e a apertei ainda mais. — Ele me deu uma surra de cinta, minhas costas chegaram a sangrar, dali em diante eu soube que se eu não me protegesse Louis iria abusar de mim e ninguém iria fazer nada, foi quando eu roubei a faca e passei a guardá-la em baixo do travesseiro a espera dele, mas ele nunca mais voltou, bater nele foi eficaz!

Eu fiquei congelado sem saber o que dizer ou pensar. Sophie foi privada de tudo, até do mínimo de segurança que um ser humano deve ter, ela não teve nada disso, ninguém para se impor ou lutar por ela. Mas agora ela tinha a mim e eu ia lutar por ela!

Eu ia encontrar esse filho da puta e ia rasgar a cara dele, ia torturar o desgraçado como ele fez com minha mulher. E ele não seria o único a sofrer com a minha ira, agora mais do que nunca eu queria ver o tio dela cair em desgraça. Ia fazer o animal de rastejar implorando ajuda dela.

— Você nunca mais vai passar por isso, querida. — murmurei beijando os cabelos dela e sentindo seu corpo relaxar contra o meu. Ergui seu rosto querendo jurar aquilo olhando nos olhos dela. — De agora em diante vai ser tratada como uma princesa, tudo o que quiser vai ser colocado aos seus pés, ninguém vai ficar no seu caminho!

Sophie parecia estar em choque, me olhando com os olhos arregalados e a boca aberta. Mas antes que eu fizesse algo ela me beijou mostrando o que queria agora.

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