Casada com a Fera romance Capítulo 25

Eu ainda encarava a escada por onde Sophie subiu correndo segundos atrás, não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Tudo na nossa viagem parecia um mar de rosas, cada dia que passamos juntos, casa momento, todas as vezes que ela se abriu para mim contando seus traumas e as vezes que a fiz rir por algo bobo, tudo tinha sido perfeito. Mas tinha que acabar dando merda colossal ou não seria minha vida.

Porra eu tinha vacilado feio em não contar a ela e por mais que eu lhe explicasse que foi antes de consumirmos o casamento, isso não era realmente uma justificativa, porque se ela tivesse sido tocada por qualquer outro depois de eu tê-la tocado, eu não encararia isso tão pacificamente.

Mas agora minha mente martelava que ela poderia ser tocada por qualquer um enquanto estivesse longe de mim e tudo graças a minha estupidez. Sophie tinha razão, eu deveria ter confessado tudo de uma vez e enquanto estivéssemos naquela ilha a foderia até que ela esquecesse o assunto.

— O que diabos você fez? — ouvi a voz do meu pai atrás de mim, mas nem estava com paciência para isso, minha mente estava trabalhando rápido em descobrir para onde ela ia, com quem estaria e como eu poderia protegê-la.

Sophie não tinha ninguém, não tinha amigos até onde eu sabia, a única pessoa que ela fala com intimidade é Rosa, então um estalo me ocorre, só pode ser para onde ela vai, pois sei que ela não voltaria para o tio, não correria o risco de ser machucada ou até mesmo que eles a enviasse de volta.

Dei um passo subindo no primeiro degrau, mas uma mão delicada e forte me impediu de seguir. Me virei apenas para dar de cara com a expressão determinada da minha mãe.

— Não vai a lugar nenhum antes de nos dizer o que aconteceu entre vocês. — revirei meus olhos com a ordem dela, eu não estava com tempo para isso, precisava ir falar com Cris e mandar um de seus homens segui-la.

— Mãe, não tenho que dar satisfação de tudo o que acontece na minha vida...

— Tem sim, tem toda a obrigação de nos dar satisfação porque eu me importo com a garota! — ela exclamou me surpreendendo. — Eu não vou deixar você machucá-la com suas grosserias. Te disse que Sophie é uma garota doce e delicada, que era para você ter cuidado, então me diga o que você fez?

Ela não ia desistir, não ia mesmo. E saber que ela se sentia apegada a garota em tão pouco tempo, só me dizia que eu não era o único afetado por aqueles grandes olhos castanhos.

— Não foi o que eu fiz, mas sim o que deixei de fazer. Sophie viu uma mensagem de outra mulher no meu celular e uma foto nua, ela me perguntou quando isso aconteceu e eu não pude mentir, já tinha guardado isso dela por tempo de mais. — Suspirei sabendo que não tinha como contornar a história. — Vocês ouviram o resto, ela disse que eu deveria ter contado antes quando tive a oportunidade, mas eu não pretendia contar isso a ela.

A verdade é que eu não queria machucar Sophie, eu quis evitar justamente essa situação que estávamos agora, queria evitar que ela se decepcionasse comigo, que se sentisse menos do que é e que quisesse ir embora.

— As vezes eu acho que te criei da forma errada. — meu pai falou sacudindo a cabeça negativamente, como se estivesse desapontado comigo. — Talvez se você não tivesse tido tudo sempre ao alcance da mão, saberia agora dar valor ao que tem de precioso.

Bufei sabendo que era a única coisa que eu podia fazer, estava errado e discutir só ia me tirar ainda mais da razão.

Me afastei dele pegando o celular e indo para a sala, fui rápido em enviar uma mensagem para Cris, precisava colocar alguém rápido atrás dela antes mesmo que ela saísse daqui, não me contentaria em tê-la longe e ficar sem notícias. O mero pensamento em não saber onde ela possa estar faz meu estômago dar um nó e um incomodo se alojar em meu peito.

Sophie não conhecia nada da vida, não tinha vivido no mundo real, e mesmo que soubesse o quanto as pessoas poderiam ser cruéis, ela ainda precisava ser cuidada, ser protegida e eu tinha dito que faria isso, não me importava se ela estava aqui ou não, eu ia mantê-la segura.

Ignorando os xingamentos de Cris, ele foi rápido em me dizer que homem estaria disponível e que eu deveria colocar John para levá-la. Isso era indispensável, John ia acompanhá-la e ficar a disposição caso ela precisasse.

O barulho de passos na escada e a voz baixa da minha mãe me chamam a atenção. Eu me volto para os degraus bem a tempo de ver as duas conversando baixinho.

Sophie carregava em uma das mãos a mesma mala com a qual chegou aqui, e apenas isso, não tem nenhuma outra mala ou pede para que alguém a ajude. Parte de mim se alegra em saber disso, porque se ela está deixando para trás suas outras coisas é sinal de que vai voltar.

Mas então um outro pensamento me toma, se ela estiver indo embora e deixando para trás as coisas porque não quer levar nada meu com ela? Não, eu não posso pensar assim, isso eu não aceitaria.

Sophie disse que ia pensar e quando se decidisse iríamos conversar. Era nisso que eu deveria focar, em ajudá-la a se decidir que seu lugar era aqui.

O olhar triste dela se encontrou e não tinha nem como esconder que ela andou chorando, os outros se aproximaram dela se despedindo e pedindo para que ela enviasse notícias, mas ela não tinha um celular, nem isso eu tinha tido tempo de fazer por ela e agora ela estava indo embora por minha estupidez.

Sophie se virou para a porta sem falar comigo ou fazer nenhuma menção disso.

— John vai levar você! — eu exclamei alto a parando na porta e fazendo com que ela se voltasse para mim.

— Não precisa, sua mãe chamou um carro pra mim. — ela disse com a voz firme apesar do olhar magoado que me lançava. — Adeus Patrick.

— Isso é um até logo Sophie, não esqueça! — gritei quando ela se virou para ir embora. Eu ia fazer questão de lembrá-la todos os dias que ela era minha.

Dessa vez ela não se virou nem falou nada, apenas continuou a andar para fora, seguida dos meus pais e de Holly. Me deixando sozinho naquela casa enorme, porra aquilo era muito errado depois de tudo o que vivemos juntos.

— Você já avisou a Cris, não é? — John perguntou ao meu lado, me surpreendendo que tivesse ficado ali e não ido atrás dos outros se despedir. — É a única explicação pra você estar aqui pensativo e não lá fora gritando com ela.

— Porque eu gritaria com ela? — perguntei indo em direção ao andar de cima, ia agilizar as coisas sobre o processo contra o tio de Sophie, isso iria facilitar para que ela ficasse perto de mim.

— Porque você tem essa coisa... de homem das cavernas sabe, que gosta de se impor. Eu pensei que você ia amarrá-la dentro de casa, ou trancar as portas pra ela não sair até que te perdoasse.

Semicerrei os olhos o encarando, podia até ser verdade e eu provavelmente teria feito isso há três semanas atrás. Mas agora parecia errado tratar Sophie com minha loucura, quando ela já estava lutando com os próprios demônios.

— Sophie já sofreu de mais e passou a vida toda presa, se ela me disse que quer esse tempo pra pensar longe de mim é o mínimo que posso dar. — respondi de forma sincera e vi os olhos dele se arregalarem como se eu tivesse dito a coisa mais maluca do mundo.

— Oh cara, ela te pegou de jeito, não foi? — ele murmurou e eu ouvi um carro dando partida sendo totalmente atraído para a janela.

Ela acenou para os meus pais e entrou no carro, vi um vislumbre dela olhando diretamente par aquela janela, onde ela sabia que era meu escritório. Uma sensação de reconhecimento encheu meu peito, foi quase como quando ela chegou e nossos olhares se encontraram ali.

Fui rápido em anotar a placa do carro e enviar para Cris, seu segurança estava pronto para segui-la até onde ela ficaria.

— É cara você está apaixonado. — John falou me fazendo virar, meu pai estava entrando no escritório no mesmo instante e concordou com ele.

— Está e se ele não pretender perder ela pra outro cara é melhor começar a agir de acordo.

— Não sei do que estão falando, Sophie é apenas minha esposa e estou cuidando para que permaneça assim. — respondi conciso voltando meus olhos para a tela.

— Se você acredita nisso mesmo então a deixe ir, tenho certeza que ela vai poder viajar, conhecer o mundo e encontrar alguém que a valorize, alguém que a trate como merece, alguém que a ame. — meu pai rosnou. — Agora se você gosta dela e não quer perdê-la é hora de começar a lutar.

— Eu a trato bem porra! — rosnei inconformado com a imagem dela com outro homem, o chamando de amor e sendo cuidada por ele. — O que acha que fiz essas três semanas?

— O que? Arrumar um advogado, levar ela a um lugar bonito e transar? Acha mesmo que isso é tudo o que ela merece? Que é o único homem no planeta que pode fazer isso? — ele jogou todas as perguntas sobre mim parecendo furioso como eu nunca o tinha visto antes. — A deixe sozinha por um mês que eu garanto que uma meia dúzia de homens vão se jogar aos pés dela fazendo o mesmo.

— Ahhh sim, definitivamente Sophie iria conseguir pretendentes como abelhas em volta da colmeia. — John falou concordando com meu pai.

Fechei minhas mãos em punho e rosnei sem conseguir controlar o gosto amargo que se formou em minha boca.

— Se a quer lute contra seus demônios, deixe de ser um garoto mimado e mostre que você é dela. Ou não e perca a garota, tenho certeza sua mãe já deve ter feito uma lista de pretendentes pra ela todos da alta sociedade. — ele saiu dando de ombros como se não tivesse dito nada de mais.

Mas minha mente já estava montando imagens dos riquinhos filhos da puta a cercando como se ela fosse um maldito prêmio a ser conquistado.

Eu não ia deixar isso acontecer, nem por cima do meu cadáver eu deixaria que outro homem chegasse perto da minha mulher. Se era isso o que ela queria eu ia dar, ia mostrar ao mundo que ela era minha!

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Casada com a Fera