“Enrico Mendonça”
Nos últimos dias eu tinha visto o Thierry todas as noites e eu estava esperando por ele esta noite também. Eu ainda achava estranho estar me sentindo atraído por um homem, na verdade eu estava mesmo gostando dele, como tinha acontecido eu não sabia, talvez fosse pelo fato de que ele foi o único que se aproximou de mim com gentileza e sem interesse em nada, ele apenas me queria e cuidou de mim quando eu pensei que estava mais morto do que vivo. Isso tinha me pegado de um jeito que eu nem sabia como explicar.
E a verdade é que desde a primeira vez que ele me tocou, quando passou aquela pomada no meu traseiro, eu gostei do toque dele, das mãos dele em mim. E o prazer que eu sentia com ele era diferente e mais intenso do que tudo o que eu tinha experimentado antes. E olha que eu já tinha feito sexo com muitas mulheres, mas eu achava tão chato. A única parte boa pra mim era gozar, mas as preliminares eram chatas, eu sentia que faltava alguma coisa e o meu camaradinha me mostrou o que faltava. E ele estava me mostrando muito mais.
A porta do quarto se abriu e eu me animei, mas quem entrou foi o Luiz. Até que ele não era de todo ruim, ele poderia ter me matado lá naquele buraco da Letícia, mas ele me deixou viver e não tinha me sacaneado, diferente daquelas duas putas da Rainha e da filha dela e daquele monstro do Ulisses.
- Cadê o meu fixo? – Eu perguntei.
- Calma, rapaz! Ele está vindo aí, mas ele conversou comigo, me disse que você quer acabar com o Senhor. – O Luiz falou e eu bufei.
- Aquele filho da puta, eu o odeio! – Eu respondi.
- Você não é o único! – O Luiz puxou a cadeira e se sentou. – Seu lance com o Thierry, é pra te manter vivo ou...
- Isso é importante? – Eu o encarei.
- Não, mas eu gostaria de saber. – Ele parecia estar apenas curioso.
- No início era só para me manter vivo, mas... você vai rir! – Eu passei a mão no rosto e desviei o meu olhar do dele.
- E por que eu iria rir? Olha onde nós estamos rapaz, vivendo no inferno, qualquer coisa boa, sincera e honesta que surja nesse lugar é sinal de esperança. – Ele me encarou e seus olhos pareciam sinceros.
- Não sei como, mas eu me apaixonei por ele. Eu nunca tinha ficado com outro homem sabe, mas ele... ele foi gentil comigo quando eu mais precisei e ele é atencioso e carinhoso. – Eu confessei.
- Você não está confundindo gratidão com amor? – O Luiz me perguntou e eu já tinha me feito a mesma perguntas milhares de vezes.
- Não, Luiz, eu não sou o tipo de pessoa que costuma sentir gratidão por outro ser humano. – Eu respondi com a verdade. – Eu me apaixonei mesmo e quero sair daqui e viver a minha vida com ele, seja lá no que isso for dar.
- Que diferença do rapaz egoísta que eu quase matei naquele buraco. – O Luiz comentou. – Você me lembra tanto alguém... mas eu não me lembro quem.
- Foi por isso que você não me matou? – Eu perguntei.
- Eu tive um filho, Enrico, e eu fui um péssimo pai. Ele deveria ter a sua idade agora. Foi por isso que eu não te matei. – Ele respirou fundo. – Mas isso não importa. O que eu quero saber é o que você está disposto a fazer.
- Eu quero matar aquele filho da puta! – Eu respondi com ódio.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
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