Contrato para o caos: amor à primeira briga romance Capítulo 348

“Abigail Zapata Monterrey”

Eu olhei para a Pilar sentada em sua mesa muito concentrada no trabalho e algemada ao Silas, que estava ao lado dela ajudando com alguns papéis. Eles pareciam uma dupla em sintonia e ela parecia tão focada no que fazia que era como se nem tivesse nos notado ali.

- Você ainda não falou com ela, coelhinha? – O Martim me perguntou e eu o encarei.

- Eu tentei, mas ela pediu para conversarmos mais tarde porque o trabalho está acumulado. Parece que no momento o único com quem ela conversa e pra quem ela sorri é o Silas. – Isso eu estava achando estranho, pois quando o Silas propôs implantar o seu programa de educação eu imaginei que a Pilar ficaria irritada e fosse reclamar o tempo inteiro, mas não, ela parecia até gostar de ter o Silas por perto.

- E você já falou com o Silas? – O Martim sugeriu, pois ele ainda não tinha se dado conta que o Silas era incorruptível e fosse o que fosse ele não entregaria a Pilar.

- Ele com certeza sabe como ela está, mas ele só vai falar o que ela quiser que ele fale. O Silas é fiel, ursinho, e pra complicar um pouco mais, os dois se deram muito bem. – Eu avisei e ele me olhou frustrado.

- Pois ela vai ter que falar comigo. – O Martim estava mesmo preocupado com a irmã.

- Não vai adiantar pressioná-la, Martim. – O Emiliano se juntou a nós. – Eu vou levá-la pra casa e me trancar com ela lá até ela falar.

- Isso é porque não vai adiantar pressioná-la. – Eu ri. – Fiquem calmos meninos, eu chamei a Nat.

- Ah, a minha irmã ainda faz alguma coisa fora da casa do namorado? – O Martim comentou e eu ri.

- É noivo, ursinho. Ela está vindo aí, acho bom você não perguntar isso a ela ou terá outra irmã chateada. – Eu avisei e fui para a minha sala, não ia adiantar ficar ali olhando a Pilar trabalhar.

Assim que a Natália entrou em minha sala com a Magda, eu chamei a Pilar e ela veio acompanhada do Silas.

- Silas, será que você pode deixar a Pilar com a gente um minutinho? – Eu pedi e o Silas soltou a algema da Pilar e saiu.

- Muito bem, Pipa, pode falar, põe pra fora. – A Natália foi logo falando.

- Por pra fora o quê, Nat? – A Pilar estava se fazendo de boba.

- Tudo isso que está dentro de você te chateando. – Eu emendei e ela sorriu.

- Não tem nada me chateando, Abi. Eu estou bem. – Ela garantiu com um sorriso e ela estava calma demais.

- Ela não vai falar nada. Recebeu conselhos do Silas e está seguindo à risca. – A Magda comentou. – Ele também já fez isso por mim, ele dá bons conselhos.

- Quer dizer que eu, sua irmã, que te aconselhei a vida inteira, te ensinei muitas coisas, agora fui colocada de lado e substituída por um segurança com cara de pai? – A Natália falou indignada e a Pilar riu.

- Não seja dramática, Nat! A Magda tem razão, o Silas dá bons conselhos. Como a mamãe vive dizendo, “mais sabe o diabo por ser velho do que por ser diabo”. – A Pilar comentou e depois nos encarou. – Eu estou bem, estou aceitando a minha “educação” com dignidade e cabeça erguida e estou me ocupando de coisas importantes, como o trabalho e a faculdade.

- Espera! Você vai pedir o biscoitinho em casamento? – A Natália encarou a irmã.

- Eu ia fazer isso no sábado, na casa de praia dele que está ficando pronta. Mas vamos adiar, Abi, por umas três semanas, talvez um mês? – A Pilar estava pedindo a minha concordância e eu não tinha como dizer que ela estava errada, mas ela precisava resolver o problema e não apenas deixar o tempo passar.

- Pipa, posso te dar um conselho? – A Magda segurou a mão dela, que fez que sim com a cabeça. – Você está certa em confiar, porque um relacionamento precisa de confiança ou vira um inferno, acredite eu vivi isso. Mas você precisa dizer a ele como você se sente, ainda que você confie que ele não fez nada, e eu acredito nisso também porque o Emiliano não é desse tipo leviano, mas você precisa deixá-lo saber como você se sente, as coisas que te ferem.

- Mas, Mag, você não acha que ele deveria tomar como pressuposto que o que o magoaria também pode me magoar? Ele teve muitas crises de ciúme exatamente pelo mesmo motivo. Lembra quando o Mário vinha me buscar para almoçar? E o Emiliano nem era meu namorado ainda. – Mais um ponto para a Pilar e o pior é que o Emiliano realmente sabia que isso a afetaria, tanto que fez de propósito.

- Resumindo, ela não vai falar com ele e vai lidar com isso sozinha. – A Natália jogou as mãos pra cima. – Só eu que acho que isso não vai dar certo?

- Não, Nat, você não é a única. – Eu concordei.

- Meninas, eu tenho certeza que ele sabe que me doeu e que ele vai ter cuidado para que isso não se repita. E eu espero que vocês não falem nada com ele, pode ser, Abigail? – Ela me encarou e o que eu ia dizer, eu disse o que ela queria.

- Pode ser, Pipa. Vou guardar todas as coisas lá em casa e quando você decidir, nós podemos organizar o seu pedido. – Eu declarei, mas eu não ia deixar as coisas ficarem assim não, para o bem dela eu ia me meter.

Ela se levantou e abriu a porta da minha sala, esperou o Silas colocar a algema nela e voltou ao trabalho. Ela estava cumprindo todas as regras de segurança que o Silas impôs. E ele parecia até desestimulado em aplicar o seu programa porque ela estava sendo bem comportada e aceitando tudo muito silenciosamente. E a Pilar sendo silenciosa era realmente enervante.