“Abigail Zapata Monterrey”
Eu estava bastante satisfeita pelo Emiliano ter pensado e ter tirado o dia de folga para se acertar com a Pilar, os dois eram tão fofos juntos, não deveriam mesmo ficar chateados um com o outro por causa de bobagens que eles mesmos criavam. E eu pensei que o Silas estaria feliz por ter um dia mais tranquilo também, mas eu estava enganada.
- Abi, você tem um minuto? – O Silas apareceu na porta da minha sala.
- Silas? Eu achei que você estaria na casa do Emiliano descansando. – Eu perguntei.
- É, eu estava, mas os pombinhos estão arrulhando muito felizinhos presos dentro do quarto e eu aproveitei para vir falar com você. – O Silas sorriu.
- O que foi, Silas? – Eu o encarei, ele parecia contrariado, apesar de sorrir.
- É a Pilarzinha, ela me pegou. – Ele respondeu chateado.
- Como assim, Silas? – Eu o encarei, dando a ele toda a minha atenção.
- Ah, Abi, fazer o meu programa educacional com ela não tem a menor graça! A Pilarzinha está mansa como um cordeirinho, seguindo todas as regras, eu não escutei nem uma reclamaçãozinha sequer. – O Silas lamentou.
- Não, ela não reclamou, mas você, pelo visto, está cheio de reclamações. – Eu ri da cara de tristeza dele.
- Puxa vida! Eu fiquei tão feliz quando ela quebrou as regras! – Ele falou e eu comecei a rir. – É sério, Abi! Eu pensei logo, um pouco de ação para esse velho, essa garota vai dar trabalho e eu vou poder testar todo o plano de segurança e me exercitar um pouco, aliás, quando eu conheci a Pilarzinha eu jurava que ela me faria suar de nervoso e que escaparia da segurança como se fosse Houdini. Mas ela se comportou e aí, quando eu descobri que ela estava escapando, como Houdini, eu fiquei secretamente feliz, era a minha vez de me divertir. Mas o que aconteceu? Ela ficou mansinha e está cooperando.
- Ai, Silas, eu já tinha até me esquecido que você é fã de Houdini! – Eu estava rindo quando o Martim entrou na minha sala. – Ursinho, o Silas está chateado porque a Pilar está se comportando e nem está reclamando do castigo.
- Acho que eu não entendi! – O Martim olhou de mim para o Silas.
- Eu queria que ela fosse mesmo rebelde e tentasse fugir ou que pelo menos reclamasse do castigo. Foi tão mais divertido quando eu fiz com a Abi. – O Silas sorriu ao relembrar. Eu tentei escapar muitas vezes, mas ele sempre me pegava e cada vez que me pegava instalava um novo “sensor de segurança”. Além do mais eu reclamava muito, o que permitia que ele sempre se divertisse me irritando mais e me respondendo com alguma gracinha.
- E você está desistindo, Silas? – Eu o encarei, surpresa com isso.
- Na verdade, eu vou tirar as algemas, mas eu quero continuar com a Pilarzinha por mais uns dias, vai que ela cai em tentação. Eu ainda não descobri como ela escapou e ela se nega a me contar. – O Silas explicou.
- E você não descobriu olhando as câmeras de segurança? – Eu achei estranho, o Silas era detalhista.
- Não, Abi, não descobri nadinha. Estou dizendo, essa garota é como Houdini. – Ele repetiu mais uma vez.
- E ela não te contou, Silas? – O Martim insistiu.
- Ainda não. Ela brincou comigo, disse para eu conferir o sistema de segurança e me disse que eu sou bom o suficiente para descobrir sem que ela precise me contar. – O Silas lamentou.
- Quer que eu fale com ela? – O Martim ofereceu.
- Ah, minha filha, acredite já foi uma surpresa maravilhosa! – A D. Yolanda me abraçou mais uma vez e me puxou para me sentar ao lado dela no sofá. – Eu vou ser vovó! – Ela tinha lágrimas nos olhos e a emoção dela era a coisa mais linda de se ver.
- Parabéns, meu filho! Vocês serão pais maravilhosos. – O Sr. Miguel abraçou o Martim.
- Por que vocês não nos contaram antes? Nós teríamos voltado imediatamente. – A D. Yolanda perguntou e eu ri.
- Foi exatamente por isso, D. Yolanda, nós não queríamos que vocês deixassem a viagem pela metade e voltassem correndo. – Eu falei e ela me olhou como se a viagem não significasse nada.
- Bobagem, filha, eu quero poder te mimar e cuidar de você, fazer tudo o que uma avó orgulhosa e coruja tem direito. – A D. Yolanda estava tão emocionada e não tirava o olho da minha barriga, então eu peguei a mão dela e coloquei em cima.
- Então pode começar, eu aceito todos os mimos e cuidados. – Eu queria muito que meus pais pudessem vivenciar esse momento comigo, mas eu tinha o privilégio de ter encontrado essa família amorosa que me recebeu como filha e eu estava feliz por receber todo aquele carinho.
- Oi, bebezinho lindo da vovó Landa! A vovó te ama muito. Sabia que ela já sonhou com você? Pois é! E olha ela vai fazer muitos casaquinhos, sapatinhos, touquinhas, tudo muito lindo para a sua chegada. – A D. Yolanda estava falando com a minha barriga e eu notei o olhar emocionado do Sr. Miguel e peguei a mão dele e coloquei sobre a minha barriga também.
- Sua vez, vovô, fala com o seu netinho! – Eu sugeri e o homem começou a chorar como criança.
- Pequenino! Você é aguardado com ansiedade aqui! O vovô vai começar a fazer muitos brinquedinhos de madeira pra você na oficina dele. – Ele falou e me deu um beijo no rosto, enquanto tocava gentilmente o alto da minha barriga. – Filha, que presente maravilhoso você está nos dando, a continuidade de nós um pouquinho nessa criança.
Eu me emocionei com eles, fui acolhida, acarinhada, senti o amor emanar deles por mim e pelo meu filho. Eu tinha certeza de que o meu bebê nasceria numa família muito especial, mas o afeto dos pais do Martim me tocava fundo, eles eram minha família, não só porque eu me casei com o filho deles, mas porque eles me abraçaram como família muito antes disso.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...