“Ignácio Monterrey”
Eu estava bastante irritado com o Maximilian e a Pilar, eles estavam tornando a minha vida difícil, porque eu tinha certeza de que tinha dedo da minha mãe nessa história da D. Helena estar exigindo a presença da Cassandra em casa todas as noites.
E como eu sabia? Fui eu quem ensinou a estratégia a ela, quando a Pilar começou a ficar excessivamente rebelde na adolescência eu disse a ela, “não precisa brigar, mãe, só tire dela a parte divertida”. Se a diversão da minha irmã era ir ao shopping no sábado à tarde, era só inventar uma desculpa como se tivesse se esquecido ou como se ainda fosse sobrar tempo e ocupá-la todo sábado à tarde sem que ela se desse conta do que minha mãe realmente queria. Claro, eu também ensinei a minha mãe umas táticas de psicologia reversa, ela estava tentando controlar a minha irmãzinha e eu achei que seria uma boa idéia, mas agora eu estava arrependido.
O problema foi que eu criei um monstro, que começou a usar a tática com todos os filhos. E agora eu tinha certeza de que ela estava ensinando para a D. Helena com algum objetivo. Por isso eu fui bem cedo para a casa da minha mãe.
- Filho, chegou cedo! Onde está a sua namorada? – Ela me perguntou sorridente, com aquele ar inocente que só as mães têm e nem as crianças conseguem imitar.
- A minha namorada... pois é, mãe, já tem uns dias que a minha namorada não dorme no meu apartamento. – Eu reclamei e ela me encarou como se não tivesse sequer entendido, tampouco estivesse sabendo de algo.
- Não me diga que vocês brigaram, filho? – Ela me perguntou na maior cara de pau, como se não tivesse me visto com a Cassandra na noite anterior.
- Mãe, por favor, não subestime a minha inteligência e o quanto eu te conheço. Você disse para a D. Helena fazer com a Cassandra o mesmo que você fez com a Nat e a Pipa, não foi? – Eu a encarei e ela ainda tentou disfarçar.
- Eu? Ignácio, meu filho, eu nem sei do que você está falando! – Ela saiu dando a volta na cozinha, mexendo nas coisas, como fazia sempre que queria nos distrair da sua mentira.
- Mãe, fui eu quem te ensinou a estratégia e eu sei que você anda fazendo escola. – Eu parei atrás dela e ela se virou e estalou a língua.
- Ah! Quer saber, ensinei mesmo! Você está com o mesmo problema da Pilar e da Nat, se apaixonou, mas está evitando o inevitável! – Ela me encarou e eu ri.
- Mãe, sua cabecinha está muito cheia de idéias. Vai, me diz o que você quer? – Eu perguntei e me encostei no balcão ao lado dela.
- Eu quero que meus filhos sejam todos felizes! Pronto, é isso! E eu quero a minha casa cheia de netos, correndo e brincando por aí. – Ela entregou o jogo fácil, ela só queria os netos mesmo.
- E nós precisamos nos casar para sermos felizes? – Eu estava rindo, afinal nem todo mundo achava necessário se casar.
- Não, não precisam, olha lá o Tomás, foi morar com a Mag e eles estão felicíssimos. O que não pode, meu filho é ficar enrolando, sejam claros, definam a situação e me dêem netos! – Ela me encarou cheia de razão e depois se virou para a pia lavando duas maçãs. – Mas ia ser lindo casar você e o seu irmão na mesma cerimônia!
- Ai, minha nossa, mãe! Nós não somos mais crianças que você coloca para fazer tudo igual.
- Ah, mas ficam tão lindos vestidos iguaizinhos! – Ela me olhou com seus grandes olhos verdes quase como se suplicasse.
- Tá bom, mãe. Suponhamos que eu queira me casar...
- Suponhamos nada, Ignácio, você quer! – Ela rebateu.
- Mas a Cassandra saiu de um casamento ruim há muito pouco tempo. – Eu achava muito difícil que a Cassandra quisesse voltar a se casar tão rápido depois daquela experiência traumática.
- Como você disse, saiu! E tempo é relativo, ela está apaixonada por você e é isso que conta. – Eu respirei fundo e a encarei com seriedade.
- Olha, eu queria pedir, pensei mesmo nisso, mas e se ela não quiser, mãe? E se eu pedir e ela disser não? – Eu olhava para a minha mãe um tanto inseguro.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...