“Abigail Zapata”
Antes do jantar eu já estava mais cansada do que nunca. A Pilar, a Natália e a D. Yolanda me levaram para um SPA e eu passei por um “dia da noiva” completo. Eu tentei protestar e dizer que aquilo era um exagero, mas sempre que eu tentava recusar algum mimo a D. Yolanda fazia aquela carinha de “me dê esse prazer, filha” e eu acabei fazendo tudo o que elas queriam.
Eu tinha que ser sincera, se esse casamento fosse de verdade eu estaria acertando a loteria dos casamentos com essa família, pois eles eram maravilhosos comigo, todos eles, até o Martim, a minha besta.
- Ei, Abi, acorda! – A Pilar me chamou e eu percebi que estava segurando a concha de macarrão e o recheio de queijo como se estivesse paralisada.
- Olha, Pipa, aposto que ela está sonhando com o nosso irmão. – A Natália se aproximou e falou com a irmã.
- E como ela não iria sonhar com ele, Nat? Nosso irmão é um gato e depois daquele beijo de hoje... ui, ui, ui... imagina quando estão sozinhos! – A Pilar me fez rir, eu estava mesmo pensando naquele beijo.
- Meninas! – Eu as repreendi, mas estava rindo.
- Conta pra gente, Abi, o Martim é do tipo romântico e delicado ou o tipo bruto e rústico? – A Natália se debruçou sobre o balcão e me encarou. Eu não sabia o que responder, mas eu tinha uma idéia.
- Meninas, deixem a Abi em paz! – A D. Yolanda entrou na cozinha a tempo de me salvar. – Não interessa que tipo ele é, mas se ela está esquecendo o que está fazendo de tanto pensar nele, é sinal de que ele está fazendo as coisas direito.
A D. Yolanda riu e me tomou a tigela com as conchas de macarrão e o recheio de queijo, passando a fazer o que eu deveria ter feito. Na hora do jantar, os rapazes chegaram e o último a entrar foi o Martim. Ele trazia nas mãos um vasinho de violetas cor de rosa que estava repleto de flores e enfeitado com um papel colorido e um grande laço branco. Depois de cumprimentar a família ele veio a mim.
- São pra você! – Ele me ofereceu o vasinho que, desta vez, não havia sido comprado em qualquer supermercado.
- Elas são lindas! Obrigada. – Ele estava diante de mim e havia expectativa em seus olhos.
- Eu achei que significariam mais que um buquê de rosas. – Ele falou baixo e eu ergui os meus olhos para ele.
- Muito mais! – Eu respondi e por um momento foi como se não houvesse mais ninguém ao nosso redor.
Ele colocou a mão na minha cintura e se aproximou devagar, me dando tempo de entender o que ele ia fazer. Quando os seus lábios cobriram os meus eu já sentia o coração acelerado e a ansiedade pelo beijo. Sua língua pediu passagem para a minha boca e quando ela tocou a minha eu senti o gosto da sua boca me invadir e era muito bom.
Aquele beijo não durou muito, mas foi o suficiente para eu saber que ele o queria tanto quanto eu. Ele me olhou, como se buscasse qualquer sinal de desconforto no meu rosto e antes de me soltar ele me deu um beijo na testa. Quando ele se virou, nós vimos toda a família ali nos observando como se estivessem assistindo a um show.
- Deixa eu entender, você trouxe um vasinho de violetas para a mulher que aceitou passar o resto da vida te aturando? – O Tomás provocou o Martim. – Abi, larga esse chato e casa comigo, eu vou te trazer rosas vermelhas.
- Desculpa, Tomás, mas as violetas se tornaram a minha flor favorita. – Eu respondi e olhei de canto de olho, vendo o enorme sorriso se espelhar no rosto do Martim.
- Sinto muito, irmão, mas ela é minha! – O Martim declarou satisfeito.
- Não, Martim, não é. – Eu não estava olhando pra ele, mas sabia que os olhos dele estavam sobre mim.
- Eu preciso te contar, porque pode ser que você queira desistir do casamento. – Ele respirou fundo. – O Emiliano está tendo problemas com a Camila. Ele disse que não gostou de algumas coisas e vai observá-la melhor. Você entende, Abi? Pode ser que eles terminem.
- Isso não muda nada, Martim! – Eu estava convicta.
- Por causa do contrato? Você sabe que eu não exigiria que você o cumprisse. – Eu sabia disso, o Martim era digno demais para me obrigar a cumprir um contrato.
Então eu me levantei e fiquei diante dele, bem perto, e segurei o seu rosto entre as minhas mãos. Eu olhei dentro daqueles olhos verdes, que tinham aquele círculo dourado brilhante. Eu não tive dúvidas, eu me casaria com ele e veríamos o que resultaria ao final daquele ano que passaríamos atados.
- Martim, não muda nada, porque eu gosto de como o nosso acordo está desenrolando. Porque você me disse para olhar o mundo a minha volta e eu estou olhando, pela primeira vez eu estou olhando o mundo e não o Emiliano e isso está me fascinando. – Eu expliquei segurando o seu rosto e vi seus olhos se encherem com algo que parecia ansiedade.
- Não me deixe amanhã, Abi. Não me deixe no altar! – Ele estava me suplicando que não o quebrasse como a outra havia feito, por mais combinado e de aparência que fosse aquele casamento, ele não podia passar pelo mesmo outra vez.
Eu nem pensei no que estava fazendo, eu me sentei em seu colo, de frente pra ele, um joelho de cada lado do seu corpo e olhando bem no fundo dos seus olhos eu fiz a minha promessa.
- Martim, eu jamais te deixaria no altar. Amanhã nós vamos nos casar. – Eu garanti a ele e eu o beijei, porque era isso que eu queria fazer, eu queria beijá-lo e garantir a ele que eu não o quebraria.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...