A viagem já estava no fim, mas Leonardo insistiu para que Helena o acompanhasse ao evento informal de encerramento com os representantes da empresa parceira. Um coquetel descontraído, com música ao vivo e trajes mais leves. Nada de reuniões. Nada de relatórios. Só sorrisos diplomáticos e taças de espumante.
Helena hesitou.
Mas depois de tudo o que aconteceu nos últimos dias, ela sabia que fugir não era mais uma opção. Precisava encarar Leonardo — e a si mesma.
Vestiu um macacão preto de cetim, decotado nas costas, elegante e provocante na medida certa. Prendeu o cabelo em um coque baixo, deixando a nuca à mostra. Delicada e poderosa. Quando desceu ao salão, sentiu todos os olhares se voltarem. Inclusive o que mais importava.
Leonardo, ao vê-la, pareceu perder o fôlego por um instante. Estava de blazer cinza claro, camisa branca aberta no colarinho. Um ar menos severo, mas ainda irresistivelmente controlado.
— Boa noite. — ele disse, oferecendo o braço.
— Boa noite. — respondeu, com um leve sorriso, aceitando o gesto.
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A noite transcorreu leve. Conversas educadas, brindes, piadas ocasionais. Mas a cada vez que Helena e Leonardo se aproximavam, o ar parecia mais denso.
Até que a banda começou a tocar uma versão suave de “The Look of Love”.
— Vamos dançar? — Leonardo perguntou.
Helena o encarou, surpresa.
— Você dança?
— Não muito bem. Mas com você... eu me arriscaria.
Ela hesitou. Depois estendeu a mão.
— Então vamos.
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No meio do salão, sob luzes âmbar, os dois começaram a se mover. Lentamente. Os corpos próximos, mas ainda sem total entrega. As mãos dele repousavam em sua cintura com firmeza respeitosa. As dela, nos ombros dele, sentindo a tensão nos músculos.
— Não achei que veria esse lado seu tão cedo. — Helena sussurrou, próxima ao ouvido dele.
— Qual lado?
— O que dança. O que se permite.
Leonardo a olhou nos olhos.
— E você… sempre teve esse olhar?
— Qual?
— O que desarma qualquer um que se atreva a te subestimar.
Ela sorriu, mas havia algo mais nos olhos dela. Algo profundo.
Um passo mais próximo. O toque das mãos mais firme. A música envolvente. Eles já não falavam. Só sentiam.
E então… um deslize proposital de Helena. Um tropeço delicado. Leonardo a segurou pela cintura. Os rostos a centímetros.
O silêncio entre eles dizia tudo.
Ela podia beijá-lo.
Ele podia beijá-la.
Mas o som da música cessou — e o momento se desfez como fumaça.
Ambos recuaram, com a respiração acelerada.
— Preciso de um pouco de ar. — Helena disse, saindo para o terraço.
Leonardo não a seguiu.
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