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Ela Casou com o Chefe romance Capítulo 15

A manhã chegou cedo demais.

Helena abriu os olhos antes mesmo do despertador tocar. Não dormira direito. Revirou-se a noite inteira, revivendo o beijo em cada detalhe. O toque. O calor. A forma como o mundo parou por alguns segundos… e depois voltou a girar com força demais.

Se olhou no espelho. Havia algo diferente ali. Um brilho no olhar que ela nem lembrava mais como era.

Mas também havia medo.

Vestiu-se com cautela, buscando parecer neutra. Maquiagem leve, cabelo preso. Como se pudesse controlar o que sentia apagando os rastros na aparência. Como se pudesse voltar a ser só “a funcionária”.

Na sala do café da manhã, Leonardo já estava lá. Camisa azul clara, mangas dobradas, expressão fechada — como sempre. Mas os olhos… os olhos a procuraram assim que ela entrou. E amoleceram.

— Bom dia. — ela disse, se sentando à frente dele.

— Bom dia.

Silêncio. Ele empurrou uma xícara na direção dela.

— Café?

Ela assentiu, aceitando.

Era estranho. Íntimo e desconfortável ao mesmo tempo.

Depois de alguns segundos, ela falou, sem encará-lo:

— Sobre ontem…

— Eu sei. — ele interrompeu.

— Não foi parte do plano.

— Eu também sei.

Ela finalmente levantou os olhos.

— Então o que fazemos agora?

Leonardo apoiou os cotovelos na mesa, cruzando os dedos diante da boca. Pensativo.

— Voltamos. E seguimos. Profissionalmente.

— Como se nada tivesse acontecido?

— Como se fôssemos adultos o suficiente para lidar com o que aconteceu sem destruir o que construímos.

Helena franziu o cenho.

— Você sempre consegue separar tudo com tanta frieza assim?

Ele demorou um segundo para responder.

— Não. — disse, com sinceridade. — Mas aprendi que às vezes é melhor fingir.

Ela o encarou por mais alguns segundos, como se tentasse decifrá-lo. Mas no fundo… ela sabia. Ele sentia. Só não sabia como mostrar.

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O voo de volta foi silencioso. Os dois lado a lado, mas distantes. O toque do braço dele no dela a deixava elétrica. Mas nenhum dos dois disse nada.

Quando o carro os deixou em frente ao prédio da empresa, Leonardo desceu primeiro e abriu a porta para ela.

— Segunda-feira, às nove. Sala de reuniões. Temos revisão de projetos. — ele disse, como se estivesse lembrando a si mesmo que tudo havia voltado ao normal.

— Estarei lá. — respondeu.

Antes de entrar, ele se virou.

— Helena.

Ela se virou também.

— O que aconteceu… não foi um erro.

Ela sentiu o coração parar por um segundo.

— Mas talvez tenha sido um risco. — ele completou, e foi embora.

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Naquela noite, em casa, Helena contou tudo para Júlia. E pela primeira vez, sentiu que estava vivendo algo que fugia do seu controle — mas pela razão certa.

— Ele te viu, amiga. Não só como mulher. Mas como você é. E isso assusta. — disse Júlia. — O que você vai fazer?

Helena respirou fundo.

— Não sei. Mas não vou fugir.

Ela olhou para o próprio reflexo no espelho da sala.

— Eu estou cansada de fugir.

Na segunda-feira, às 8h55, Helena entrou na empresa com a cabeça erguida e os ombros firmes. Os olhares que se voltaram não a intimidaram — não mais. Sabia que seu nome ainda circulava nos corredores como um sussurro escandaloso.

“A noiva traída que humilhou a irmã na frente de toda a elite da cidade.”

Mas agora… ela não era mais vítima.

Era outra mulher.

Vestia um blazer branco impecável, saia lápis preta e um salto alto que ecoava pelo piso de mármore com a autoridade de quem não devia explicações a ninguém.

Caminhou até o elevador. Quando as portas se abriram, Júlia estava lá dentro.

— Pronta pra enfrentar a alcateia? — a amiga perguntou com um sorrisinho cúmplice.

— Você está me evitando… ou se protegendo?

Ela o encarou, desafiadora.

— E você? Está me testando… ou se defendendo?

Leonardo deu um leve sorriso — raro, contido, mas sincero.

— Talvez um pouco dos dois.

Ela suspirou.

— Eu não quero ser mais um erro na sua vida, Leonardo. Nem você na minha.

Ele se aproximou ainda mais, agora a centímetros.

— Então vamos parar de fingir que foi só um beijo.

— E fazer o quê?

— Descobrir o que mais pode ser.

Por um momento, Helena quase cedeu. Mas então… a lembrança da irmã. Do ex-noivo. Da humilhação.

— Não agora. — ela disse, firme. — Ainda não.

Leonardo assentiu, respeitando.

— Eu espero.

Ela sorriu, levemente.

— Você não é de esperar.

— Por você… talvez eu aprenda.

E assim ela saiu, deixando para trás um homem que, pela primeira vez, parecia disposto a descer do próprio pedestal.

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Na recepção, enquanto ajeitava os papéis na bolsa, o celular vibrou.

Era uma mensagem de número desconhecido:

> “Você acha que ganhou, Helena. Mas o jogo está longe de acabar.”

Ela congelou por um segundo.

Depois digitou apenas:

> “Então prepare-se para perder.”

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